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As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...

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O <strong>caso</strong> de São Paulo é curioso, nesse sentido, porque o estado não possui área<br />

internacional forma<strong>da</strong>, podendo ser a causa para isso o fato de se sentirem contempla<strong>dos</strong> pela<br />

burocracia federal na política externa. Ou seja, uma <strong>da</strong>s hipóteses é de que o governo estadual<br />

tem influência direta na execução e elaboração de políticas junto ao Itamaraty e, portanto, não<br />

cria estruturas subnacionais próprias para tratar do tema (BARRETO, 2001). Essa visão<br />

corrobora a <strong>As</strong>simetria <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des federa<strong>da</strong>s como determinante local, já que há a<br />

percepção <strong>dos</strong> próprios atores privilegia<strong>dos</strong> de sua condição e, consequentemente, reforça a<br />

ideia de desvantagem nos restantes.<br />

Além do <strong>caso</strong> gaúcho, pode-se citar no Brasil a experiência do Ceará. Em análises<br />

específicas sobre a <strong>paradiplomacia</strong> do estado é reforça<strong>da</strong> a ideia de atraso do estado durante as<br />

déca<strong>da</strong>s de 1970 e 1980 como um <strong>dos</strong> incentivos para a reforma administrativa <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

seguinte, que, entre outras coisas, fomentou a <strong>paradiplomacia</strong> para aumentar os investimentos<br />

e o comércio exterior (MAIA, 2005).<br />

De forma mais ampla, os <strong>caso</strong>s nordestinos têm com frequência revelado a<br />

<strong>As</strong>simetria como determinante <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong>. Em estudo feito sobre a participação dessa<br />

região (especificamente os <strong>caso</strong>s <strong>da</strong> Bahia e de Pernambuco) no processo de integração<br />

regional, Medeiro (2005, p. 1) aponta que<br />

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<strong>As</strong> articulações entre atores políticos e agentes econômicos se dão, no mais <strong>da</strong>s vezes, em função de seus<br />

respectivos interesses, mas também em conseqüência de arranjos que se constituem em relação a<br />

hierarquias de poder. O lugar do Nordeste na Federação Brasileira repercute direta ou indiretamente em<br />

sua capaci<strong>da</strong>de de influenciar o processo integracionista do Mercado Comum do Sul (Mercosul). A<br />

definição <strong>da</strong> matriz de desenvolvimento nacional estando calca<strong>da</strong> precipuamente em função <strong>da</strong><br />

centrali<strong>da</strong>de político-econômica do eixo sudeste-sul marginaliza a ação <strong>dos</strong> entes federativos<br />

sententrionais.<br />

A diferenciação aponta<strong>da</strong> no âmbito <strong>da</strong>s regiões geográficas brasileiras para esse<br />

<strong>caso</strong> dá-se em grande medi<strong>da</strong> na esfera econômica. O discurso sobre a distinção <strong>da</strong> evolução<br />

econômica permeia a discussão <strong>da</strong> “<strong>paradiplomacia</strong> nordestina”. Exemplos disso são<br />

argumentações como:<br />

pode-se afirmar que houve no território brasileiro, com a estabilização <strong>da</strong> industrialização, a geração de<br />

pólos distintos: um deles calcado na transformação de bens com alto valor agregado – principalmente o<br />

estado de São Paulo e regiões adjacentes, configurando estas as regiões Sudeste e Sul – e outro, que<br />

permanece voltado para a produção de bens com baixo valor, as chama<strong>da</strong>s commodities – encontrando-se<br />

neste grupo, as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. (MEDEIROS, 2005, p. 6)<br />

No campo social há também uma série de argumentos que corrobora a ideia <strong>da</strong><br />

<strong>As</strong>simetria que extrapola a visão doméstica.

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