As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>da</strong> construção <strong>da</strong> nação. No próximo capítulo, será discutido melhor o <strong>caso</strong> do Rio Grande do<br />
Sul.<br />
A quarta determinante em nível federal apresenta<strong>da</strong> por Sol<strong>da</strong>tos refere-se aos Gaps<br />
institucionais. A falta de instituições federais centrais representando as uni<strong>da</strong>des federa<strong>da</strong>s,<br />
que possibilitem influências na política externa (mas também na política como um todo), pode<br />
incentivar a ativi<strong>da</strong>de paradiplomática. Voltando ao <strong>caso</strong> do Canadá, Sol<strong>da</strong>tos aponta para a<br />
inexistência de um Senado como o <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> ou <strong>da</strong> Bundesrat alemã, que possuem<br />
representação <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> e as prerrogativas na política externa, que é um fator no<br />
desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> provincial.<br />
Isso acontece especialmente no Canadá porque o parlamento tem papel menos<br />
relevante na política externa e os parti<strong>dos</strong> governantes nem sempre (dependendo <strong>da</strong> situação<br />
nacional do partido governante) são representativos de to<strong>da</strong>s as regiões do país.<br />
Para o <strong>caso</strong> brasileiro, há uma discussão já introduzi<strong>da</strong> sobre a participação do<br />
Legislativo na política externa. Somam-se a isso discussões mais profun<strong>da</strong>s sobre se o<br />
Congresso e as banca<strong>da</strong>s estaduais tendem a atuar em prol especificamente de suas regiões.<br />
Esse tema dá margem a longas discussões, que não terão lugar neste estudo, mas é importante<br />
ressaltar que do ponto de vista <strong>da</strong> atuação do Congresso nos assuntos internacionais do país<br />
compartilha-se <strong>da</strong>s conclusões de Castro Neves (2003). Em outras palavras, acredita-se que o<br />
Executivo possui hegemonia sobre a política externa, embora a participação do Legislativo<br />
não seja irrelevante como o senso comum pode induzir.<br />
Mesmo assim, Rodrigues (2008, p. 1022) afirma que<br />
o Senado Federal – onde os Esta<strong>dos</strong> federa<strong>dos</strong> estão representa<strong>dos</strong> de maneira homogênea e simétrica,<br />
ca<strong>da</strong> qual com três cadeiras – não funciona como espaço de relações intergovernamentais, à maneira, por<br />
exemplo, do Bundesrat alemão. Ou seja, o Senado não atua como uma Casa em que os Esta<strong>dos</strong> e os<br />
<strong>municípios</strong> dialogam e decidem sobre ações coordena<strong>da</strong>s e cooperativas em temas comuns. O Senado, no<br />
Brasil, é mais fiscalizador e autorizador de políticas públicas. No campo <strong>da</strong>s relações exteriores, a agen<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> Câmara Alta se concentra em aprovar trata<strong>dos</strong> internacionais, autorizar operações de paz <strong>da</strong><br />
Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s – ONU, avalizar as indicações de chefes de missão diplomática<br />
permanente – registre-se que tudo isso é feito sem nenhuma tradição de debate público sobre o impacto <strong>da</strong><br />
agen<strong>da</strong> internacional no cotidiano <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> federa<strong>dos</strong> e <strong>dos</strong> <strong>municípios</strong>, ou mesmo na vi<strong>da</strong> do país.<br />
É bem ver<strong>da</strong>de que o governo central vem tentando diminuir esses gaps.<br />
Demonstração disso é a criação de áreas dentro <strong>dos</strong> órgãos públicos federais responsáveis por<br />
tratar do tema. De forma específica, a criação <strong>da</strong> <strong>As</strong>sessoria para a Cooperação Internacional<br />
Federativa Subchefia de <strong>As</strong>suntos Federativos, dentro <strong>da</strong> Secretaria de Relações Institucionais<br />
<strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong> República (SAF/SRI). Essa teria sido a principal inovação institucional do<br />
governo Lula (SALOMÓN, 2011) e não tanto a criação <strong>da</strong> já referi<strong>da</strong> AFEPA no Ministério<br />
<strong>da</strong>s Relações Exteriores.<br />
92