As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
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O segundo teste calcula a relação entre as adoções de políticas <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> e as<br />
adoções prévias de seus vizinhos, assim, há uma comparação delas nos esta<strong>dos</strong> limítrofes com<br />
os mais distantes (CRAIN 1966, LUTZ, 1986). A fraqueza desse modelo pode ser a de<br />
assumir que o surgimento de políticas pareci<strong>da</strong>s em esta<strong>dos</strong> vizinhos num mesmo período são<br />
eventos necessariamente interliga<strong>dos</strong>, não tendo nenhuma relação, por exemplo, com<br />
características econômicas ou políticas internas que se manifestam em tempos semelhantes<br />
em dois esta<strong>dos</strong>.<br />
O terceiro teste envolve a aplicação de entrevistas a burocratas estaduais. A eles são<br />
pergunta<strong>dos</strong> quais esta<strong>dos</strong> são líderes em uma área de políticas particular ou quais burocratas<br />
em outros esta<strong>dos</strong> foram consulta<strong>dos</strong> para prestar um conselho. <strong>As</strong>sim, os padrões de difusão<br />
são inferi<strong>dos</strong> de suas respostas (FREEMAN, 1985, GRUPP e RICHARDS, 1975, LIGHT<br />
1978, MENZEL e FELLER, 1977). <strong>As</strong> desvantagens presentes nesse modelo surgem quando<br />
as adoções de políticas acontecem num espaço temporal muito grande e fica inviável<br />
entrevistar os gestores <strong>locais</strong> responsáveis pela adoção. Além disso, é difícil conseguir<br />
entrevistar to<strong>dos</strong> os burocratas no período em que os estu<strong>dos</strong> são feitos, assim como é<br />
bastante possível que os responsáveis pela política nos esta<strong>dos</strong> que foram copia<strong>dos</strong> muitas<br />
vezes já terem saído do governo ou estarem em outras áreas <strong>da</strong> burocracia, ou, ain<strong>da</strong>,<br />
possuírem uma memória pouco confiável.<br />
Existem estu<strong>dos</strong> que vão além <strong>da</strong> simples consideração <strong>da</strong> existência de efeitos de<br />
vizinhança. Shipan e Volden (2008) consideram que, sendo as toma<strong>da</strong>s de decisão no âmbito<br />
local um laboratório para a democracia numa federação (por causa do processo de inovação e<br />
aprendizado existente entre as uni<strong>da</strong>des subnacionais), os mecanismos de difusão de política<br />
deveriam ser mais aprofun<strong>da</strong><strong>dos</strong>. Em outras palavras, é necessário ultrapassar a simples<br />
análise <strong>da</strong> sua existência e entender como esses processos ocorrem. Eles apontam quatro<br />
instrumentos principais, que, apesar de, normativamente, serem considera<strong>dos</strong> de forma<br />
separa<strong>da</strong>, atuam muitas vezes em conjunto. São eles: aprendizagem (learning), competição<br />
econômica (economic competition), imitação (imitation) e coerção (coercion).<br />
O primeiro mecanismo descrito é o do aprendizado. Eles lançam mão de definições<br />
recorrentes na literatura para apresentá-lo: “as Berry and Baybeck note, for example, ‘when<br />
confronted with a problem, decision makers simplify the task of finding a solution by<br />
choosing an alternative that has proven successful elsewhere’” (SHIPAN e VOLDEN, 2008,<br />
p.841). A questão do êxito <strong>da</strong> política é fun<strong>da</strong>mental no aprendizado, já que quanto mais<br />
resulta<strong>dos</strong> positivos uma política traz, maior a possibili<strong>da</strong>de de ser adota<strong>da</strong> por outros.<br />
Um grande problema dá-se quando o sucesso não é tão evidente ou sua mensuração é<br />
difícil. Nesses <strong>caso</strong>s, a visão do gestor tende a ser volta<strong>da</strong> para o fato de a política não ter se<br />
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