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As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...

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to<strong>dos</strong> se beneficiam. A ideia central nesse pensamento é a de que a globalização, por<br />

aumentar o nível de interdependência e, consequentemente, de benefícios conjuntos, substitui<br />

o conflito pela cooperação como padrão de conduta nas relações internacionais. Isso é<br />

ver<strong>da</strong>de em alguns <strong>caso</strong>s, mas em outros a interdependência pode ser utiliza<strong>da</strong> de forma<br />

conflitiva, como nos <strong>caso</strong>s de sansões econômicas.<br />

Os economistas liberais retiram <strong>da</strong> discussão o viés político, que é fun<strong>da</strong>mental nas<br />

relações. Isso está relacionado com a distribuição <strong>dos</strong> ganhos, porque em relações comerciais<br />

os dois países envolvi<strong>dos</strong> podem ganhar, mas quem ganha menos não necessariamente está<br />

satisfeito. Essa distribuição de ganhos representa situações de resultado zero, em que nem<br />

sempre os atores buscam ganhos absolutos. Ademais, eles se importam com o fato de seus<br />

concorrentes terem maiores benefícios comparativamente.<br />

Existem, no outro extremo, perspectivas que baseiam as relações somente em<br />

resulta<strong>dos</strong> de soma zero. Elas são influencia<strong>da</strong>s por noções mais tradicionais e antigas <strong>da</strong>s<br />

Relações Internacionais. Nela, sabendo que em última instância os Esta<strong>dos</strong> buscam por<br />

sobrevivência, os ganhos relativos são os que realmente importam. Em outras palavras, se um<br />

ganha, mas os outros ganham mais, na ver<strong>da</strong>de se está em situação de desvantagem. <strong>As</strong><br />

questões de segurança são exemplos claros dessa concepção. Como aponta Nye, essa posição<br />

é enganadora, <strong>da</strong>do que a política internacional tradicional do passado poderia ser de soma<br />

zero ou não, dependendo <strong>da</strong>s intenções <strong>dos</strong> protagonistas. Por exemplo, se o objetivo for o <strong>da</strong><br />

estabili<strong>da</strong>de, que também garante a sobrevivência, poderia haver um ganho conjunto com o<br />

equilíbrio de poder. A conclusão de ambas a perspectivas é de que tanto a de resultado soma<br />

zero, quanto diferente de zero, coabitam na globalização.<br />

O terceiro fator fun<strong>da</strong>mental para entender a interdependência é a ideia de custos. Os<br />

custos <strong>da</strong> interdependência envolvem sensibili<strong>da</strong>des de curto prazo e vulnerabili<strong>da</strong>des de<br />

longo prazo. Sensibili<strong>da</strong>de refere-se à quanti<strong>da</strong>de e ao ritmo <strong>dos</strong> efeitos <strong>da</strong> interdependência,<br />

ou seja, com que rapidez as mu<strong>da</strong>nças em partes do sistema produzem mu<strong>da</strong>nças nas outras.<br />

Um exemplo disso são as crises econômicas mundiais, como a de 1998 que se iniciou no<br />

Sudeste <strong>As</strong>iático e se espalhou por Rússia, Argentina, México e Brasil. A vulnerabili<strong>da</strong>de<br />

representa custos relativos de mu<strong>da</strong>r estruturas de interdependência, isto é, o custo de escapar<br />

do sistema ou mu<strong>da</strong>r as regras do jogo.<br />

Esses conceitos não são proporcionais, ou seja, nem sempre o mais sensível é o mais<br />

vulnerável, porque, mesmo sentindo grandes efeitos de mu<strong>da</strong>nças ou crises, um Estado pode<br />

ter mais facili<strong>da</strong>de para revertê-los. A vulnerabili<strong>da</strong>de envolve não apenas a capaci<strong>da</strong>de<br />

política e financeira de mu<strong>da</strong>r a situação em que se encontra, mas também de até que ponto a<br />

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