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A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

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seria capaz de fazer, limitan<strong>do</strong> ainda sua possibilidade de lidar com atividades de caráter<br />

conceitual.<br />

114<br />

O aluno com deficiência mental, como qualquer outro aluno, precisa<br />

desenvolver a sua criatividade, a capacidade de conhecer o mun<strong>do</strong> e a si<br />

mesmo, não apenas superficialmente ou por meio <strong>do</strong> que o outro pensa. O<br />

nosso maior engano é generalizar a <strong>do</strong>tação mental das pessoas com<br />

deficiência mental em um nível sempre muito baixo, carrega<strong>do</strong> de<br />

preconceitos sobre a capacidade de, como alunos, progredirem na escola,<br />

acompanhan<strong>do</strong> os demais colegas. Desse engano derivam todas as ações<br />

educativas que desconsideram o fato de que cada pessoa é uma pessoa, que<br />

tem antecedentes diferentes de formação, experiências de vida e que<br />

sempre é capaz de aprender e de exprimir um conhecimento. (BATISTA e<br />

MANTOAN, 2006, p. 25)<br />

Na busca por atender à necessidade de to<strong><strong>do</strong>s</strong> os alunos, essa parece ser a alternativa<br />

imediata pensada por muitos <strong>professores</strong>. Longe de ser uma alternativa “facilitada”, <strong>do</strong> ponto<br />

de vista <strong>do</strong> trabalho a ser desenvolvi<strong>do</strong> pelo professor, tais ideias geram enorme trabalho e<br />

dispêndio de tempo: este precisa realizar <strong>do</strong>is tipos de planejamento, explicar <strong>do</strong>is tipos de<br />

atividades, um para a classe e um para o aluno, acompanhar simultaneamente, e sem auxílio<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> demais alunos (que estão envolvi<strong><strong>do</strong>s</strong> em outras tarefas), aquele aluno para o qual a<br />

atividade foi diferenciada, entre outros. Porém, por outro la<strong>do</strong>, parecem constituir, na<br />

perspectiva <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>professores</strong>, uma opção viável, uma vez que a realização de atividades<br />

adaptadas, paralelas, não exigem mudanças estruturais em sua forma de conceber e<br />

empreender o <strong>ensino</strong>.<br />

É interessante observar, nos depoimentos das professoras que, ao mesmo tempo em que<br />

elas reafirmam a proposta de um planejamento diferencia<strong>do</strong>, também encontramos relatos nos<br />

quais os próprios <strong>professores</strong> registram dificuldades neste tipo de trabalho. Embora a<br />

considerem uma alternativa apropriada, percebem que, no cotidiano escolar, tal viabilidade<br />

não se concretiza.<br />

Podemos notar ainda, nos relatos abaixo, a visível decepção e perplexidade diante da<br />

constatação, no cotidiano, da inviabilidade desse empreendimento:<br />

No começo <strong>do</strong> ano fiquei muito preocupada ao receber um aluno porta<strong>do</strong>r de<br />

deficiência por não estar preparada para enfrentar as dificuldades e as<br />

limitações deste meu aluno. Imediatamente fiz um caderno separa<strong>do</strong> para ele<br />

com atividades diferenciadas. O meu inconsciente dizia que eu estava fazen<strong>do</strong><br />

a coisa certa. Mas ao longo de alguns meses percebi que ele se negava a fazer<br />

tais atividades. Foi quan<strong>do</strong> a professora itinerante veio conversar comigo e eu<br />

a coloquei a par da situação. Então veio a minha grande decepção, eu<br />

estava inconscientemente fazen<strong>do</strong> meu aluno se sentir diferente. A partir<br />

daí aban<strong>do</strong>nei as atividades que eram feitas apenas para ele e o inclui nas

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