06.05.2013 Views

A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

seria guia<strong>do</strong> pelas perguntas: como a identidade e a diferença são produzidas? Quais<br />

os mecanismos e as instituições que estão ativamente envolvi<strong><strong>do</strong>s</strong> na criação da<br />

identidade e da sua fixação? Nesta abordagem, ao invés de tolerar, respeitar e admitir<br />

a diferença, busca-se explicar como ela é ativamente produzida e questioná-las: uma<br />

pedagogia da diferença.<br />

A escola da diferença, ao questionar a forma como as diferenças são construídas, que<br />

implicações elas trazem para a vida das pessoas, permite uma outra forma de lidar com o<br />

outro, não o estigmatizan<strong>do</strong>, não o rotulan<strong>do</strong> em inúmeras categorias: aluno com deficiência,<br />

aluno com necessidades educacionais especiais, aluno com dificuldade, aluno rebelde, aluno<br />

carente, aluno quieto, aluno hiperativo, aluno sem limites, aluno disgráfico, disléxico, entre<br />

outras tantas classificações a que se submetem as crianças...<br />

Para que servem esses rótulos tantos, se não para marcar, estigmatizar, separar?<br />

A escola inclusiva ao invés de rotular, busca compreender que diferenças são essas que<br />

nos causam estranheza, o porquê de nos causarem estranhezas, que aspectos sociais e políticos<br />

estão envolvi<strong><strong>do</strong>s</strong> em nossas estranhezas.<br />

No âmbito educacional, durante muitos anos, a escola serviu-se ainda de supostos<br />

aportes científicos para legitimar o tratamento segrega<strong>do</strong> às diferenças, sem tampouco<br />

questioná-los. Dentre tais aportes citamos o exemplo <strong><strong>do</strong>s</strong> diagnósticos médicos e<br />

paramédicos.<br />

Os diagnósticos médicos e de outros profissionais da saúde (psicólogos, fonoaudiólogos,<br />

terapeutas ocupacionais, etc.) são instrumentos ainda utiliza<strong><strong>do</strong>s</strong> para classificar e separar, na<br />

escola, alunos considera<strong><strong>do</strong>s</strong> diferentes. No caso da deficiência mental, por exemplo, o<br />

diagnóstico sempre vali<strong>do</strong>u e legitimou a exclusão e o encaminhamento para classes<br />

especiais. Mesmo para aqueles que permanecem na sala regular, o diagnóstico passa a<br />

cumprir um “papel regulariza<strong>do</strong>r”: a diferença, compreendida como não-aprendizagem, é<br />

explicada no aluno ao mesmo tempo em que isenta da responsabilidade os demais envolvi<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

no processo.<br />

Nesse contexto, a ação e a identidade profissional <strong>do</strong> professor permanecem as mesmas,<br />

uma vez que sua atuação perante os alunos permanece imutável, sem respostas eficientes para<br />

os dilemas contemporâneos.<br />

Nesta mesma direção, Carvalho (2004), ao discutir o processo de inclusão escolar, cita a<br />

pesquisa realizada por Colares e Moysés na qual evidenciam a forte correlação estabelecida<br />

entre o fracasso <strong>do</strong> aluno e a existência de uma possível “<strong>do</strong>ença” (impedin<strong>do</strong>-os de pensar e<br />

de aprender) no imaginário de educa<strong>do</strong>res e de profissionais da área médica. Ao defrontar-se<br />

39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!