06.05.2013 Views

A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

127<br />

mas 6ª feira era o dia que uma aluninha ia embora. Chegou toda com os<br />

olhinhos cheio d’água [...] Aí eu, teve um momento lá que eu pedi para ela<br />

dar uma saída, levar uma coisa para mim, e falei rapidão para a sala, pega<br />

uma folha de sulfite, joga, e vamos montar um cartão para ela levar<br />

embora de lembrança, e foi, e fomos fazen<strong>do</strong>, né. Aí eu percebi que ela<br />

[aluna com DM] estava escreven<strong>do</strong> bastante, né, pensei, nossa coitada, vai<br />

estar tu<strong>do</strong> solto, a coitada da menina não vai entender. Mas tu<strong>do</strong> bem.<br />

Chegou no final da aula a gente entregou, aí ela não se contentou, começou<br />

a ler os cartões ali mesmo, embora estava na hora de embora mas ela<br />

queria ler o cartão, e eu vi que ela pegou esse da minha aluna, da “X”, e<br />

olhou, leu, não fez cara de dúvida ou feia. Ah, eu não aguentei. Risos.Eu<br />

falei: deixa eu olhar o cartão? Peguei o cartão tava lá: “X”, você é muito<br />

legal, seja feliz, a professora gosta muito de você, nós gostamos de você a<br />

Beatriz, o Leandro, ...” e foi, colocou um monte de nomes, e é por isso que<br />

ficou grande, porque ela colocou o nome de to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que ela se<br />

lembrou como escrevia na sala e foi colocan<strong>do</strong>, achei engraça<strong>do</strong> que ela<br />

colocou “nós gostamos” , e o que eu pude perceber quan<strong>do</strong> eu li eu ria<br />

sozinha, porque estava lá a frase estruturadinha, sem problema nenhum.<br />

Quer dizer, ela tinha um motivo para escrever. Primeiro o bilhete para<br />

sua colega que ia embora, outro era o amigo imaginário que cada um<br />

construiu o seu boneco e também tinha um motivo e a sala estava fazen<strong>do</strong>,<br />

o outro tinha a estória em quadrinhos para contar, então, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

motivo você percebe que as crianças melhoram o texto, todas elas,<br />

melhoram o texto, se você falar assim “escreve uma frase sobre esse<br />

desenho aí” não sai tão bem feito quanto tem um motivo mais para ele,<br />

lógico, mais real, para eles mais real, mais interessante, eu acho que isso<br />

ajuda muito... (GD –P4 –grifo nosso)<br />

Conforme escreve Zabala (2002), os fatores que intervêm no interesse por aprender são<br />

vários, liga<strong><strong>do</strong>s</strong>, em boa parte, ao âmbito emocional (representação de si próprio e de suas<br />

possibilidades, expectativas de êxito, relação entre os conteú<strong><strong>do</strong>s</strong> e as experiências pessoais,<br />

conhecimento sobre suas competências e dificuldades, etc.). O autor diferencia, ainda,- os<br />

conceitos de motivação extrínseca e intrínseca, uma vez que motivações e aprendizagens<br />

podem ocorrer em diferentes graus de profundidade:<br />

Situações nas quais o motivo que impulsiona a aprendizagem está fora <strong>do</strong><br />

próprio conhecimento (por exemplo, evitar um castigo, receber um<br />

presente) de situações movidas pela própria experiência de aprender,<br />

independentemente de outros estímulos externos. (...) quan<strong>do</strong> o objetivo <strong>do</strong><br />

<strong>ensino</strong> é aprender para saber e intervir na realidade – por isso, as<br />

aprendizagens devem ser o mais significativas e profundas possível -, a<br />

motivação sempre deve ser uma motivação intrínseca. (p.118)<br />

Nos depoimentos acima cita<strong><strong>do</strong>s</strong> das professoras P1, P4, e P17, podemos perceber, além<br />

disso, que a motivação para a atividade deve estar centrada no interesse pelo conteú<strong>do</strong> a ser<br />

aprendi<strong>do</strong>: registrar o nome em um texto sobre o dia a dia, contar a história <strong>do</strong> livro de leitura<br />

que levou para ler em casa, escrever uma carta para uma colega que vai partir. Elas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!