A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

Tal consideração nos permite perceber o desafio lançado pela inclusão, em especial, na
escola: atender a todos implica mudança de paradigma educacional, em primeiro lugar, e que
passe a considerar o direito de todos a ocupar este espaço; ainda, que permita uma
compreensão das diferenças como uma construção social, com determinantes políticos,
sociais e econômicos.
1.2. Diversidade, diferença e escola
1.2.1. Diversidade, diferença e identidade: quem sou eu? Quem é o outro?
A perspectiva da inclusão está intimamente relacionada com a teoria educacional crítica,
que tem no multiculturalismo 7 e na diferença um de seus apoios. Ela nos remete a pensar nas
identidades construídas no espaço educacional: quem sou eu? Quem é o outro?
Para melhor compreendermos a perspectiva da inclusão é importante resgatar os
conceitos de identidade, diferença e diversidade e suas implicações.
De acordo com Silva (2000), a perspectiva do multiculturalismo presente também na
pedagogia oficial, aborda os conceitos de diferença e diversidade de maneira superficial,
considerando-as como fatos naturais. A partir disso recomenda-se uma postura “benevolente”
de respeito e tolerância. Esse entendimento dos conceitos de diferença e diversidade pouco
contribui para uma análise mais aprofundada, que permita compreender os mecanismos
sociais e as relações de poder que produzem diferenças e que prendem o outro em identidades
culturais distorcidas.
O conceito de diferença está diretamente relacionado à construção da identidade. Em um
primeiro olhar, poderíamos considerar a diferença como um produto derivado da identidade,
como algo dado: eu sou mulher, eu sou negra, etc., e também a diferença como algo
independente, autorreferendado: ele é italiano, ela é branca, etc. Entretanto, ele reflete a
postura de tomar aquilo que somos como parâmetro/norma para classificar ou dizer aquilo que
o outro é. Nesta condição, a identidade (quem é) e a diferença (quem não é) não são dadas
7 Canen e Oliveira (2002) esclarecem que o termo multiculturalismo comporta diferentes sentidos e abordagens,
porém, em sua vertente mais crítica, trata-se de um corpo teórico e político que considera a valorização da
diversidade cultural para além de termos folclóricos ou exóticos, questionando a própria construção das
diferenças: os estereótipos e preconceitos contra aqueles percebidos como “diferentes” no interior de sociedades
desiguais e excludentes.
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