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A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

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Nos depoimentos acima, chama atenção a ênfase da professora P19, ao tentar<br />

argumentar que a criança tinha, de fato, uma idade mental com um atraso considerável, mas,<br />

ainda assim, alcançou a compreensão de um conceito matemático.<br />

Nestas situações, perguntamos se to<strong><strong>do</strong>s</strong> outros alunos da classe (com idade mental<br />

equivalente à idade cronológica) compreenderam o conceito de área, ou ainda, até que ponto<br />

a idade mental estabelecida por um teste padrão é representativa <strong>do</strong> que a criança é, <strong>do</strong> que<br />

pode ser, <strong>do</strong> que sabe, <strong>do</strong> que sente, de como se adapta, como intuitivamente parece ter<br />

compreendi<strong>do</strong> a professora P4: “claro que ela é uma criança de 6ª série”.<br />

O conceito de deficiência mental é um <strong><strong>do</strong>s</strong> mais complexos. De acor<strong>do</strong> com Fierro<br />

(1995a) o conceito tradicional, presente desde o final <strong>do</strong> século XVIII quan<strong>do</strong> a deficiência<br />

mental chamou a atenção de médicos e educa<strong>do</strong>res, está pauta<strong>do</strong> em um enfoque médico: a<br />

deficiência mental (“oligofrenia”) é considerada uma “<strong>do</strong>ença da mente”, um déficit<br />

irreversível na atividade mental superior. Vinculada a esses estu<strong><strong>do</strong>s</strong> de deficiência e<br />

educação, surge, no século XX, a Psicometria, que introduz uma “medição da inteligência”.<br />

A medição da inteligência é realizada através <strong><strong>do</strong>s</strong> conceitos de idade mental (nível de<br />

desenvolvimento atingi<strong>do</strong> pelo indivíduo, consideran<strong>do</strong> o nível médio próprio para a idade<br />

da maioria <strong><strong>do</strong>s</strong> indivíduos) e Quociente Intelectual “Q.I.” (determina<strong>do</strong> pela divisão da idade<br />

mental pela idade cronológica e multiplican<strong>do</strong>-se por cem). Por esta medição, considera-se<br />

deficiente mental o indivíduo que apresenta um QI de <strong>do</strong>is desvios abaixo da média da<br />

população (inferior a 70). Este enfoque psicométrico conferiu à avaliação um caráter mais<br />

objetivo, porém recebeu muitas críticas por considerar o QI como algo imutável como<br />

também por pouco dizer <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como intervir psicológica ou pedagogicamente em cada<br />

caso. (FIERRO, 1995a)<br />

Além dessas questões, a medição da inteligência através <strong>do</strong> Q.I. também recebe muitas<br />

críticas, uma vez que tais testes padroniza<strong><strong>do</strong>s</strong> desconsideram as características socioculturais<br />

de cada criança, as diferenças no fazer e na linguagem, bem como a capacidade de a criança<br />

adaptar-se à sua realidade. Constitui-se, portanto, em uma avaliação que marca a diferença<br />

de maneira pejorativa e pouco contribui para oferecer estratégias que possibilitem avanços.<br />

3.2.3.2. Avaliação da aprendizagem pela participação oral e outras formas de expressão<br />

Para que possam compreender os avanços <strong><strong>do</strong>s</strong> alunos, em seus depoimentos os<br />

<strong>professores</strong> revelam valorizar outras formas de expressão que não a escrita. Esta postura

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