A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental
A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental
A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Tais questionamentos desencadearam no Ministério Público Federal a iniciativa de<br />
estu<strong><strong>do</strong>s</strong> contínuos sobre a temática, envolven<strong>do</strong> vários profissionais tanto da área jurídica<br />
quanto da área <strong>pedagógica</strong>, culminan<strong>do</strong> com a elaboração de uma cartilha explicativa. A<br />
cartilha, denominada O acesso de alunos com deficiência às escolas e classes comuns da rede<br />
regular, discute numa linguagem simples e acessível as principais dúvidas apresentadas, se<br />
constituin<strong>do</strong> em um referencial importante.<br />
Há de se destacar que quan<strong>do</strong> de sua publicação, ela causou grande descontentamento e<br />
desconforto, principalmente por parte das instituições filantrópicas especializadas, uma vez<br />
que esclarece a necessidade de mudança também nesta área, sugerin<strong>do</strong> que as instituições<br />
especializadas, que mantêm escolas especiais de <strong>ensino</strong> <strong>fundamental</strong>, devem providenciar a<br />
matrícula destes alunos em escolas comuns e oferecer outros tipos de atendimento, entre eles<br />
o atendimento educacional especializa<strong>do</strong>.<br />
Uma instituição especializada ou escola especial são assim reconhecidas<br />
justamente pelo tipo de atendimento que oferecem, ou seja, atendimento<br />
educacional especializa<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> assim, suas escolas não podem substituir,<br />
mas complementar as escolas comuns em to<strong><strong>do</strong>s</strong> os seus níveis de <strong>ensino</strong>.<br />
Conforme a LDBEN, em seu artigo 60, as instituições especializadas são<br />
aquelas com atuação exclusiva em educação especial, “para fins de apoio<br />
técnico e financeiro pelo Poder Público”. (BRASIL, p.14)<br />
As instituições filantrópicas especializadas surgiram no Brasil principalmente na década<br />
de 50, para atender a necessidade <strong><strong>do</strong>s</strong> pais de crianças com deficiência para as quais, até<br />
então, não havia educação escolar. Para a época, representaram um avanço significativo,<br />
principalmente por considerarem o direito das pessoas com deficiência à educação. Porém,<br />
por mais que tivessem os mesmos objetivos da escola comum, nem sempre conseguiram<br />
atingir sua meta, além de que, por mais bem equipadas e “especializadas” que sejam, ainda<br />
são segrega<strong>do</strong>ras.<br />
Fierro (1995b, p.242), ao analisar a escola especial perante o déficit intelectual, aponta<br />
que as escolas especiais distanciaram-se muito <strong>do</strong> currículo escolar regular, passan<strong>do</strong> a<br />
atender cada vez menos os objetivos a que se propunham; embora tivessem demonstra<strong>do</strong> a<br />
educabilidade de toda criança com atraso, não alcançaram a meta proposta (“criar adultos<br />
responsáveis e competentes capazes de se desenvolverem na vida e na sociedade”),<br />
exatamente devi<strong>do</strong> à segregação que elas mesmas praticam, corroboran<strong>do</strong>, assim, com o<br />
conserva<strong>do</strong>rismo da escola.<br />
46