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A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

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Cabe lembrar, além disso, que a construção de uma autonomia moral e intelectual só<br />

ocorre em ambientes plurais, nos quais as crianças tenham a oportunidade de fazer opções e<br />

vivenciar as consequências de suas escolhas. Além disso, ao favorecer opções de escolher o<br />

que deseja fazer para aprender, o professor evidencia a crença na capacidade da criança em<br />

fazer opções acertadas, adequadas.<br />

A realização de atividades diversificadas, nas quais as crianças tem opção de escolher,<br />

associada a atividades mais significativas que, como relatou a professora “saia daquele<br />

negócio de lousa, folha mimeografada”, possibilita não apenas um maior envolvimento <strong>do</strong><br />

aluno mas, principalmente, a vivência de poder atuar intelectualmente diante de uma tarefa.<br />

No depoimento da professora P7, percebemos o reconhecimento <strong>do</strong> sucesso da tarefa, pelo<br />

grau de autonomia possibilita<strong>do</strong> ao aluno:<br />

[ao justificar porque a atividade deu certo] Porque to<strong><strong>do</strong>s</strong> puderam se<br />

expressar, dar opinião, escolher a personagem que iria apresentar,<br />

confeccionar sua fantasia, etc. (Q-P7)<br />

Podemos perceber, ainda, no depoimento da professora P6 que o fato de a professora<br />

aplicar atividades diversificadas, com opção de escolha pelos alunos, independente da<br />

presença ou não de aluno com deficiência, demonstra uma incorporação de estratégias que<br />

valorizam a diferença, a propositura de um <strong>ensino</strong> de qualidade para to<strong><strong>do</strong>s</strong> e não diferencia<strong>do</strong><br />

apenas para alunos com deficiência.<br />

Revela, outrossim, uma primeira aproximação com a utilização de um méto<strong>do</strong><br />

globaliza<strong>do</strong>, aproximação esta de caráter prático, experiencial: “aquilo eu acho que<br />

funcionava, através daquilo, daquele projeto, eu acho que funciona, foi muito bom....”.<br />

De acor<strong>do</strong> com Tardif (2007), o saber <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>professores</strong> é um saber plural, provém de<br />

diferentes fontes (formação profissional, saberes disciplinares, curriculares, experienciais).<br />

Porém, dentre estes, os saberes experienciais – aqueles que brotam da experiência e são por<br />

elas valida<strong><strong>do</strong>s</strong>, incorporan<strong>do</strong>-se à experiência individual e coletiva sob a forma de habitus e<br />

de habilidades, de saber fazer e de saber ser – são considera<strong><strong>do</strong>s</strong> como núcleo vital <strong>do</strong> saber<br />

<strong>do</strong>cente, uma vez que eles fornecem aos <strong>professores</strong> certezas relativas a seu contexto de<br />

trabalho.<br />

A <strong>prática</strong> cotidiana não favorece apenas o desenvolvimento de certezas<br />

experienciais, mas permite também uma avaliação <strong><strong>do</strong>s</strong> outros saberes,<br />

através da retradução em função das condições limita<strong>do</strong>ras da experiência,<br />

retraduzin<strong>do</strong> esses outros saberes e incorporan<strong>do</strong>-os a seu próprio discurso.

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