A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental
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epetência, como uma alternativa para garantir a aprendizagem, também aparece no<br />
depoimento de alguns <strong>professores</strong>.<br />
151<br />
A justificativa para tal ação refere-se, principalmente, à ideia de oferecer mais tempo<br />
para que o aluno possa aprender e uma certa crítica velada a um sistema de progressão<br />
continuada, compreendida como uma progressão automática.<br />
Destacamos um trecho de um <strong><strong>do</strong>s</strong> grupos de discussão realiza<strong>do</strong> que consideramos<br />
representativo destas questões:<br />
P17 - Mas eu acho assim, que o que eu não concor<strong>do</strong> é eles irem passan<strong>do</strong>,<br />
da primeira para a segunda, terceira, tu<strong>do</strong> bem, vai dizer, tem mais criança<br />
assim, ela, mas eu acho assim essas crianças que tem mais dificuldades, elas,<br />
não ...<br />
P19 – precisava ser retida, assim... não é assim só no senti<strong>do</strong> de reprova,<br />
reprova...<br />
P17 - ...eu acho assim, se ela ficar mais na primeira série, eu penso assim, eu<br />
né, posso estar errada, mas eu acho assim, que se ela ficasse mais na primeira<br />
série, ela teria vamos supor, se ela tivesse quatro anos na 1ª serie, depois<br />
continuava com os outros, na quarta série...seria mais legal para eles, porque<br />
você trabalha mais a alfabetização com eles, porque não adianta eu querer<br />
ensinar éh...geometria, isso e aquilo, se eles não sabem nem ler nem<br />
escrever, coita<strong><strong>do</strong>s</strong>!! Então eu acho bem complica<strong>do</strong>, eu acho que fican<strong>do</strong> na<br />
primeira...<br />
[...]<br />
P4 – Realmente, nesta atividade da história em quadrinhos por exemplo, se<br />
ela tivesse na 1ª série, ela não teria visto isso como um desafio, porque na 1ª<br />
série, eu não daria uma historinha inteira assim para a criança fazer, o que eu<br />
ia fazer? dar historinha com o balão em branco para a criança criar, agora<br />
esse, tiveram que construir a estorinha toda, desde o desenho até os<br />
quadrinhos e a fala, então o desafio foi maior, lógico, a gente sabe que na 1ª<br />
série o desafio é menor...<br />
P17 - É. É...<br />
P19 – isso é. (GD – P4, P17, P19)<br />
No trecho acima, observamos que a repetência aparece como uma saída para gerir as<br />
grandes diferenças de aprendizagem na sala de aula: ao retomarem conceitos e aprendizagens<br />
para os quais não conseguiram atingir os níveis espera<strong><strong>do</strong>s</strong> para a classe, esses alunos teriam<br />
maiores condições de acompanhar a série futura.<br />
No depoimento da professora P4, porém, aparece a contradição a esse discurso, na<br />
medida em que considera a necessidade de desafios para que a criança possa evoluir; caso<br />
permanecesse na mesma série “então o desafio foi maior, lógico, a gente sabe que na 1ª serie<br />
o desafio é menor...” Ao apresentar esse discurso, percebe-se que tal contraposição mexe<br />
com as outras duas professoras, instaura a dúvida, a incerteza, principalmente por ser um