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A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

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pleno exercício da cidadania das pessoas com deficiência, bem como as manteve em situação<br />

de segregação.<br />

Quan<strong>do</strong> revisitamos os perío<strong><strong>do</strong>s</strong> anteriores à inclusão escolar acima descrito, cabe<br />

pensar: que <strong>prática</strong>s foram desenvolvidas nas classes especiais? Por que tais <strong>prática</strong>s não<br />

alcançaram os objetivos almeja<strong><strong>do</strong>s</strong>?<br />

De acor<strong>do</strong> com Fierro (1995b), as classes especiais pautavam-se no princípio<br />

educacional de que crianças diferentes necessitam de educação diferente, e que não poderiam<br />

tirar proveito de uma sala comum com colegas de mesma idade; além disso, os colegas sem<br />

deficiência também seriam prejudica<strong><strong>do</strong>s</strong> por terem como colegas crianças atrasadas. Em sua<br />

análise, pontua que, a rigor, a escola/classe especial, embora pretendesse ser uma via paralela,<br />

nunca conseguiu assim se constituir, uma vez que se distanciou muito da escola regular. A<br />

escola especial inicialmente apresentava as mesmas metas e objetivos da escola comum,<br />

porém com características diferentes: utilização de outros meios e estratégias; suposta<br />

homogeneidade <strong><strong>do</strong>s</strong> alunos considerada a partir de seu desenvolvimento intelectual e não de<br />

sua idade cronológica; grupos reduzi<strong><strong>do</strong>s</strong> (12 a 15 alunos). O distanciamento <strong>do</strong> currículo<br />

escolar regular fez com que ela fosse se transforman<strong>do</strong> em instituição de custódia e<br />

assistência, na qual o tempo passou a ser preenchi<strong>do</strong> com atividades manuais<br />

pseu<strong>do</strong>educativas: o trabalho orienta<strong>do</strong> para a aquisição de habilidades básicas (habilidades<br />

cognitivas, interpessoais, de autonomia e competência social). Nesse senti<strong>do</strong>, pontua ainda o<br />

autor, as escolas e classes especiais nunca alcançaram a meta a que se propunham - inserção<br />

social - exatamente pela segregação que ela mesma praticava.<br />

O mesmo ocorreu durante o processo de integração, conforme cita<strong>do</strong> anteriormente. Ao<br />

selecionar os alunos “aptos ou não aptos” a serem inseri<strong><strong>do</strong>s</strong> nas salas comuns <strong>do</strong> <strong>ensino</strong><br />

regular, compreendia-se a diferença sempre como uma falta, algo ainda a ser atingi<strong>do</strong>,<br />

fazen<strong>do</strong> com que alunos com deficiência permanecessem anos em uma mesma série,<br />

perden<strong>do</strong> a oportunidade de conviver com seus pares da mesma idade. Aos poucos, acabavam<br />

por retornar a classe especial, manten<strong>do</strong>-se assim, a segregação.<br />

A compreensão <strong><strong>do</strong>s</strong> pressupostos da inclusão agrega, pois, discussões acerca das<br />

pessoas com deficiência; porém, não se restringe a elas.<br />

A inclusão traz à tona a perspectiva da diferença humana, superan<strong>do</strong> o ideário da<br />

igualdade universal Ela nos convida a refletir sobre como as condições sociais e materiais<br />

produzem as diferenças e estabelecem marcações simbólicas que valorizam alguns atributos<br />

humanos enquanto depreciam outros. Implica a<strong>do</strong>ção de uma nova ética, pautada no respeito<br />

às diferentes manifestações da humanidade, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong>, conforme aponta Werneck (2003),<br />

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