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A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

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sala, e ela não tinha o que fazer... Aí na primeira semana que eu estava dan<strong>do</strong> aula ele saiu corren<strong>do</strong> e gritan<strong>do</strong><br />

no corre<strong>do</strong>r, aí eu fui atrás dele e falei escuta aqui, você lembra que nós temos regras na escola? Na classe?<br />

Sabe? Eu achava que ele nem estava entenden<strong>do</strong> pois só ficava olhan<strong>do</strong> para mim enquanto eu estava falan<strong>do</strong>.<br />

Você lembra que nós fizemos as regras da classe? E ele só ficava olhan<strong>do</strong> para minha cara... Olha agora onde<br />

você está in<strong>do</strong>? Eu tô in<strong>do</strong> ao banheiro... olha, você vai ao banheiro hoje, e agora, a partir deste momento, toda<br />

vez que você precisar ir ao banheiro você vai me comunicar antes, não é para sair corren<strong>do</strong>. Você é um menino<br />

inteligente, porque precisa sair corren<strong>do</strong> desse jeito e gritan<strong>do</strong>?? tem outras pessoas estudan<strong>do</strong> na sala, não é<br />

para gritar ou sair corren<strong>do</strong> gritan<strong>do</strong> no corre<strong>do</strong>r. Você entendeu? Ele ficou olhan<strong>do</strong> para mim assusta<strong>do</strong>, e aí<br />

eu falei: você está entenden<strong>do</strong> o que eu estou falan<strong>do</strong>? Você vai agora ao banheiro, vai voltar para a sala e não é<br />

para sair mais sem me avisar ... foi a única vez Jussara. Graças a Deus, foi a única vez que ele fez isso, aí as<br />

crianças falavam, prô tem que fechar a porta senão ele foge! Não ele não vai fugir. Eu falava ó, quan<strong>do</strong> você for<br />

sair me avisa, entendeu? E não pode sair a toa, só quan<strong>do</strong> estiver precisan<strong>do</strong>. Aí ele falava assim ““Y”, vou no<br />

banheiro” (risos) aprendeu ! uma vez, graças a Deus. A mãe dele falava: professora ele está dan<strong>do</strong> trabalho? Eu<br />

falava nenhum. Ele falava, não acredito! Porque o ano passa<strong>do</strong> eu não sabia mais o que fazer com esse menino.<br />

Ele fugia da sala, chegou a fugir da escola... e eu falava: ele não me dá trabalho e aí eu falava, ele fica na mesa,<br />

as vezes ele ficava olhan<strong>do</strong>, se alguém saia ela olhava. E eu falava: o que é que foi? ele olhava para a porta eu<br />

falava: você precisa ir ao banheiro? Pode ir, mas vai e volta... e ele falava ‘mas tem gente, vai e volta...” (risos)<br />

22:43 P7 Interessante, não te cortan<strong>do</strong>, mas, comigo, no inicio da aula eu fazia assim, tinha o momento <strong>do</strong> fato,<br />

era fato ou notícia, né, então eu falava assim, o fato é alguma coisa que aconteceu com você, que você queira<br />

contar para a sala sobre você sobre a sua família, tal, se fosse notícia era notícia da TV, então eu dividia a sala.<br />

Hoje você é notícia, você é fato, tal. Aí eles contavam: a eu estava assistin<strong>do</strong> o jornal, vi tal coisa, vi no rádio<br />

pa –ra- rá, ou se fosse com você era fato. Era mais fácil o fato aparecer, né. Dava vontade de contar alguma<br />

coisa era fato. To<strong>do</strong> dia ele contava uma notícia que era um fato, mas para ele era notícia. Ele chegava,<br />

colocava as coisas na mesa dele, vinha até mim e falava: “Prô notícia!”ai ta bom. Aí eu já falava “classe...”, eu<br />

falo para a classe “classe”, né, então, toda a vez que ele queria se comunicar com a classe ele falava:”classe!<br />

Tem tal coisa” porque eu anunciava para a classe quan<strong>do</strong> alguém ia falar. Assim, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>... porque é<br />

interessante porque to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, na hora em que ele ia falar, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> na hora [mexeu com a cabeça,<br />

arrumou o corpo, ficou em silêncio, imitan<strong>do</strong> como os alunos faziam] olhava para ele. E lê “ classe, o Chaves,<br />

não sei o quê...” então ele contava muita coisa <strong>do</strong> Chaves, e outros programas que ele via, que ele prestava<br />

atenção, tá tá tá, e to<strong><strong>do</strong>s</strong> prestavam atenção e depois, he! Batia palma, né. E as outras crianças também traziam<br />

notícias, fatos, né, então to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> comentava. Mas ele quan<strong>do</strong> ia falar, as vezes até a gente quan<strong>do</strong> vai falar<br />

alguma coisa, tem sempre alguém papagaian<strong>do</strong>, falan<strong>do</strong> com a gente, mas interessante que quan<strong>do</strong> era para ele<br />

eu falava gente, o “X” vai falar...num instantinho, para poder ouvir, primeiro porque tinham que entender pois a<br />

comunicação oral dele era meio difícil de entender, no começo, nossa, era uma dificuldade né, depois, a gente<br />

entende tu<strong>do</strong>, né, até identifica assim pelo olhar, só pelo olhar, o olhar a gente entendia o que pedia. Mas eu<br />

achei interessante também porque era assim to<strong>do</strong> o dia ele tinha que falar uma notícia... e to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sempre<br />

atento para ouvi-lo.<br />

25:06 E - gente e a questão <strong>do</strong> planejamento? Como vocês fizeram para dar conta dessa diversidade na<br />

sala? Como que vocês lidavam com a diversidade ao planejar?<br />

25h15 – P2 - No início eu, particularmente montei um caderno, um caderno inteiro só com atividades diferentes<br />

para ele. Mas ele não aceitou o bendito caderno. Ele não queria. Ai eu falei com a minha orienta<strong>do</strong>ra, aí vai, a<br />

professora itinerante que acompanhava falou “não você dá uma coisa dentro da matéria que você está<br />

trabalhan<strong>do</strong>, você prepara atividades que ele dá conta de fazer, dentro <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>”, mas nem assim ele não<br />

aceitava. Tinha que ser igual ao <strong><strong>do</strong>s</strong> outros. Aí se eu passava alguma coisa na lousa ele olhava, fazia um monte<br />

de rabiscos, ele olhava fazia um monte de rabiscos, para ele, ele estava copian<strong>do</strong>, estava lá,para ele tava certo<br />

aquilo, ele se recusava a fazer qualquer atividade diferente, ele não aceitava.<br />

26h04 – E – como você percebe nesta hora que ele estava fazen<strong>do</strong> as mesmas atividades que a classe toda<br />

estava fazen<strong>do</strong>, você percebe que ele tinha alguma aprendizagem neste momento, compreendia o que<br />

estava proposto?<br />

26h11- P2- Ah, quan<strong>do</strong> era recorte, trilha, desenho eu acho que ele entendia alguma coisa, mas agora, quan<strong>do</strong><br />

era para passar alguma coisa, para escrever mesmo, nada.<br />

26h 21 E – Esbarrava na questão da escrita?<br />

26h23 P2 – é. Hã, hã. Números, eu ...teve uma vez que eu achei muito legal, eu achava que ele não conhecia<br />

cores, tinha cores que ele conhecia, aí eu fala assim, “X”, pinta aqui de vermelho, ele pintava de qualquer cor,<br />

menos vermelho. O “X”, pinta aqui de verde, ele pintava de qualquer cor menos a que eu pedia, daí eu comecei<br />

trabalhar com o... eu sempre gostei de trabalhar com o material <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>, lá tem várias ... as letrinhas, tem<br />

bastante esse material na sala, né, e tinha uns bloquinhos com cores diferentes e eu falei para ele assim o...<br />

26h 58 P6 – blocos lógicos, sóli<strong><strong>do</strong>s</strong> geométricos...<br />

26h59 P2 – é... eu falei assim, eu, achava que ele não sabia cor por causa disso, eu mandava ele pintar de uma<br />

cor e ele pintava de outra, aí eu descobri que ele fazia de propósito isso comigo (risos),<br />

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