A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental

conhecimento dos colegas, parece ser uma alternativa interessante. Porém, cabe lembrar,
como salienta Perrenoud (2000b), que a padronização de uma situação didática não implica a
padronização das aprendizagens:
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Mesmo que dois alunos estivessem na mesma classe, na mesma fila, lado a
lado, o que veriam, ouviriam e compreenderiam, de fato, dependeria do que
se chama de ciências sociais e humanas, de parcela de construção subjetiva
da realidade e da experiência. As pessoas confrontadas com uma situação
aparentemente idêntica constroem experiências subjetivas diferentes porque
investem na situação seus meios intelectuais, seu capital cultural, seus
interesses, seus projetos e suas atitudes, suas energias, suas estratégias e
seus desafios do momento (...) a individualização está, então , sempre
presente.(p.90)
Nos depoimentos das professoras abaixo, podemos observar certa compreensão acerca
das construções individuais em momentos coletivos. As professoras evidenciam a
preocupação em propôr situações em que todos possam aprender, sem necessariamente
estabelecer o mesmo ponto de chegada para todos:
sabe o que eu fiz na semana passada? eu botei um quadro lá da baratinha e
do João Ratão, de estórias conhecidas, eu perguntei se conheciam estórias
infantis, tem? Qual? eles já tinham mostrado para mim os quadros, e essa?
Depois eu perguntei: e essa? Ah essa eu já sei, é da dona Baratinha!
Vamos fazer? Vamos. Coloquei na lousa o quadro. Ai está faltando alguma
coisa aqui para poder... eles perceberam que só tem um quadro que estava
incompleto...o que falta para o quadro ficar mais completo? Aí, ela bem
baixinho falou para a outra né, aí a outra falou “não você tem que falar
para a professora”, ela falou: “o que está faltando é ela na janela, a
baratinha tem que estar na janela, está cansada tem a moedinha”, menina,
olha, é fácil trabalhar, né, ela sabe, mas a gente sempre fica
incentivando. (GDO-P19 – grifo nosso)
Eu trabalhei dobraduras, aí eu chamei os grupos, teve um que fez
borboletas no jardim, aí desenhavam o jardim, fizeram dobraduras do
jardim, fizeram dobraduras da borboleta, aquele grupo, o outro grupo
tem... o dele ali era dos sapos na lagoa, tinha que colocar os sapinhos na
lagoa, aí eu fui ensinar a fazer a dobradura do sapinho. Aí eu ensinei e saí.
Aí ele fez a dobradura do sapinho, o sapinho dele foi dentro da vitória-
régia que eles desenharam. Nesta parte de desenhar, ele é muito bom,
sabe ele desenha muito bem. Sabe, matemática, eu comecei a dar a
adição, ele aprendeu. Aí eu comecei a dar subtração, ele aprendeu. (GD –
P17 – grifo nosso)
Outras experiências foram os agrupamentos produtivos, quando fazíamos
listagens ou escrita de algumas palavras, esse trabalho foi bastante
proveitoso, pois eles se ajudavam e levantavam questionamentos até
chegarem a um consenso. [...] (Q- P1 – grifo nosso)