A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental
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discurso de uma professora, pauta<strong>do</strong> em situações <strong>prática</strong>s, em vivências cotidianas, em<br />
saberes experienciais: “P17-É. É.. P19- isso é”.<br />
152<br />
Nesta questão cabe ainda indagar: será que repetir a série, ou seja, lidar novamente com<br />
os mesmos conteú<strong><strong>do</strong>s</strong>, possibilitará a estes alunos chegar ao ponto espera<strong>do</strong>?<br />
Em primeiro lugar há de se lembrar que, na história da educação brasileira, essa foi<br />
uma ideia que perdurou (e ainda perdura em alguns esta<strong><strong>do</strong>s</strong> e municípios) e determinou a<br />
estrutura e organização escolar.<br />
Os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> são conheci<strong><strong>do</strong>s</strong> por to<strong><strong>do</strong>s</strong>: os alunos “repetentes”, em sua grande maioria,<br />
passavam a constituir a “turma <strong>do</strong> fundão”, desenvolven<strong>do</strong> comportamentos inadequa<strong><strong>do</strong>s</strong>, de<br />
resistência, insatisfação, inconformidade. Grande parte desses alunos acabava por se evadir e<br />
pouquíssimos alcançavam os objetivos espera<strong><strong>do</strong>s</strong>: superar a dificuldade enfrentada na série<br />
que repetiu.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, Hoffmann (2003) aponta que a proposta de não-reprovação no <strong>ensino</strong><br />
<strong>fundamental</strong> não pode ser entendida como uma proposta de não-avaliação: o importante é<br />
que o compromisso de avaliar (entendida como observar, realizar tarefas, orientar) não seja<br />
confundi<strong>do</strong> com a realização de provas obrigatórias, com o anúncio de notas finais para<br />
apenas constatar resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>. Ao falar sobre a avaliação numa perspectiva media<strong>do</strong>ra, a autora<br />
aponta ainda que não se trata, como muitos compreendem, de não apresentar objetivos<br />
claramente delinea<strong><strong>do</strong>s</strong> mas, sobretu<strong>do</strong>, significa desenvolver o máximo possível, sem limites<br />
padroniza<strong><strong>do</strong>s</strong> de pontos de chegada.<br />
Nos relatos apresenta<strong><strong>do</strong>s</strong> acima, percebemos que as próprias professoras também<br />
cedem a essa posição de repetência, diante da contraposição de uma das professoras (P4),<br />
que aponta ainda o desejo, o desafio como necessários para que o aluno avance com seu<br />
grupo, o que não ocorreria da mesma maneira se o ponto de partida fosse outro, liga<strong>do</strong> aos<br />
objetivos propostos para a série/ano anterior.<br />
De acor<strong>do</strong> com Perrenoud (2000b), não terminaremos com as desigualdades se não<br />
repensarmos radicalmente a organização <strong>pedagógica</strong> da escola. A organização de ciclos de<br />
aprendizagem oferece novas possibilidades, desde que sua organização não se constitua em<br />
reordenar o que já existe. Só faz senti<strong>do</strong> se representarem uma nova compreensão da<br />
progressão das aprendizagens e da maneira como são geri<strong><strong>do</strong>s</strong> os percursos de formação.<br />
P1- é como eu te falei, por exemplo se eu tiver trabalhan<strong>do</strong> a formação de<br />
palavras, e se ela formou um nome, bala, por exemplo, aí eu digo, monta<br />
sozinha “X”, ai ela diz, eu esqueci, Prô. Então você vê que ela não tem<br />
produção. Mas ao mesmo tempo em que ela levou aquele livrinho para a