A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental
A prática pedagógica dos professores do ensino fundamental
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Saberes curriculares – correspondem aos discursos, objetivos, conteú<strong><strong>do</strong>s</strong> e méto<strong><strong>do</strong>s</strong><br />
que os <strong>professores</strong> devem aprender a aplicar, a partir <strong><strong>do</strong>s</strong> quais a instituição escolar<br />
categoriza e apresenta os saberes sociais por ela defini<strong><strong>do</strong>s</strong> e seleciona<strong><strong>do</strong>s</strong> como<br />
modelos da cultura erudita e de formação para a cultura erudita.<br />
Saberes experienciais – são saberes específicos, desenvolvi<strong><strong>do</strong>s</strong> pelos próprios<br />
<strong>professores</strong> no exercício de suas funções, basea<strong><strong>do</strong>s</strong> em seu trabalho cotidiano e no<br />
conhecimento de seu meio. Eles brotam da experiência e são por elas valida<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />
Incorporam-se à experiência individual e coletiva sob a forma de habitus e de<br />
habilidades, de saber fazer e de saber ser. São saberes experienciais ou práticos, que se<br />
constituem nos “macetes” da profissão.<br />
Dentre esses saberes, o autor relata que os saberes experienciais parecem constituir, para<br />
os <strong>professores</strong>, o alicerce da <strong>prática</strong>, da competência profissional e da identidade profissional,<br />
uma vez que esses são os saberes construí<strong><strong>do</strong>s</strong> por eles.<br />
To<strong><strong>do</strong>s</strong> os demais saberes e conhecimentos provêm de outras instâncias, não sen<strong>do</strong><br />
produzi<strong><strong>do</strong>s</strong>, defini<strong><strong>do</strong>s</strong> ou controla<strong><strong>do</strong>s</strong> pelos <strong>professores</strong>. Já os saberes experienciais geram<br />
certezas particulares, além de possibilitarem uma avaliação <strong><strong>do</strong>s</strong> outros saberes, retraduzin<strong>do</strong>-<br />
os a partir das limitações das situações cotidianas: estão a serviço de seu trabalho, das<br />
situações cotidianas, não sen<strong>do</strong>, pois, saberes estritamente cognitivos.<br />
Antes mesmo de começarem a ensinar oficialmente, os <strong>professores</strong> já sabem o que é<br />
<strong>ensino</strong> por causa de toda sua história escolar; porém, ensinar supõe aprender a ensinar, ou<br />
seja, aprender a <strong>do</strong>minar progressivamente os saberes necessários à realização <strong>do</strong> trabalho<br />
<strong>do</strong>cente. São saberes provin<strong><strong>do</strong>s</strong> da experiência, os quais exercem um papel importante ao<br />
permitirem ao professor retraduzir sua formação, incorporan<strong>do</strong>-a a seu discurso próprio e se<br />
adaptan<strong>do</strong> à profissão.<br />
lidar com condicionantes e situações é forma<strong>do</strong>r: somente isso permite ao<br />
<strong>do</strong>cente desenvolver habitus (disposições adquiridas na e pela <strong>prática</strong> real),<br />
que lhe permitirão justamente enfrentar os condicionantes e imponderáveis<br />
da profissão. Os habitus podem transformar-se num estilo de <strong>ensino</strong>, em<br />
macetes da profissão e até mesmo em traços da personalidade profissional:<br />
eles se manifestam então através de um saber-ser e de um saber-fazer<br />
pessoais e profissionais valida<strong><strong>do</strong>s</strong> pelo trabalho cotidiano. (TARDIF, 2007,<br />
p.49)<br />
A experiência e seus inúmeros desafios cotidianos provocam nos <strong>professores</strong>, segun<strong>do</strong><br />
Tardif (idem), uma retomada crítica de seus saberes: permitem julgá-los, avaliá-los,<br />
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