Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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Os mo<strong>do</strong>s tradicio<strong>na</strong>is de fazer agricultura eram diagnostica<strong>do</strong>s como<br />
dispendiosos no uso da mão-de-obra e gera<strong>do</strong>res de baixa produtividade, portanto,<br />
pouco lucrativos. A estratégia gover<strong>na</strong>mental era promover transformações radicais <strong>na</strong><br />
organização <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as produtivos tradicio<strong>na</strong>is, modernizan<strong>do</strong>-os, s<strong>em</strong> que isto<br />
implicasse mudanças estruturais significativas <strong>na</strong> distribuição da propriedade das terras,<br />
uma d<strong>em</strong>anda de várias organizações de trabalha<strong>do</strong>res rurais. Para desencadear tal<br />
processo, foram organiza<strong>do</strong>s aparatos de pesquisa agropecuária, ensino formal e<br />
extensão rural com o intuito principal de adequar setores da agricultura tradicio<strong>na</strong>l aos<br />
objetivos de promoção <strong>do</strong> crescimento econômico. Naquele con<strong>texto</strong>, a busca por maior<br />
produtividade agrícola tornou-se uma verdadeira obsessão entre os agentes<br />
gover<strong>na</strong>mentais. Sob esta ideologia, os extensionistas foram a campo, desencadear o<br />
que FONSECA (1985) denominou de “um projeto educativo para o capital”.<br />
A partir da década de 70, o processo de modernização parcial da agricultura<br />
brasileira ganhou maior impulso e contornos estratégicos mais precisos. A promoção <strong>do</strong><br />
progresso tecnológico <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as de produção agrícola começou a ser diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>da de<br />
mo<strong>do</strong> mais amplo e sist<strong>em</strong>ático, desbravan<strong>do</strong>, inclusive, novas fronteiras (GRAZIANO DA<br />
SILVA et al., 1983). Neste processo, a transferência e a difusão de tecnologias foi, num<br />
primeiro momento, o modelo estratégico que guiou a ação <strong>do</strong>s agentes. A questão<br />
tecnológica tornou-se o centro <strong>do</strong> debate sobre as melhores maneiras para alcançar a<br />
modernidade (CARVALHO, 1982). As idéias <strong>do</strong> difusionismo, que davam suporte à<br />
intervenção <strong>do</strong>s aparatos de extensão rural, construíam uma visão simples e limitada<br />
sobre o processo de desenvolvimento, imagi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> que as diferenças de produtividade<br />
observadas entre os agricultores de uma mesma região – ou até mesmo entre distintas<br />
regiões ou países – poderiam ser explicadas pela falta de conhecimento e de divulgação<br />
de tecnologias já existentes (e aplicadas com sucesso) <strong>em</strong> outros con<strong>texto</strong>s. Estas<br />
tecnologias, uma vez difundidas aos agricultores tradicio<strong>na</strong>is, e por eles a<strong>do</strong>tadas,<br />
resultariam no incr<strong>em</strong>ento <strong>do</strong>s índices de produtividade.<br />
Nesta perspectiva, a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento era reduzida a um mero<br />
probl<strong>em</strong>a de comunicação e de mudança de comportamento (CAPORAL & COSTABEBER,<br />
1994). Aos agentes de extensão rural bastaria trabalhar <strong>na</strong> difusão de tecnologias já<br />
conhecidas pela sua capacidade de promover ganhos <strong>em</strong> produtividade. Este seria o<br />
principal argumento leva<strong>do</strong> aos agricultores para que eles as a<strong>do</strong>tass<strong>em</strong>. Deste mo<strong>do</strong>, a<br />
necessidade de pesquisa, experimentação ou adaptação de tecnologias foi, num primeiro<br />
momento, colocada <strong>em</strong> segun<strong>do</strong> plano e a extensão rural, como difusora de inovações,<br />
assumiu um papel preponderante <strong>na</strong> promoção da modernização da agricultura<br />
tradicio<strong>na</strong>l (ACCARINI, 1987, PINHEIRO, 1995).<br />
Uma das características essenciais <strong>do</strong> difusionismo é a não consideração de variáveis<br />
estruturais; <strong>em</strong> contraposição, reduz-se a realidade social ao psicológico. Esta concepção se<br />
filia à “teoria da modernização”, <strong>em</strong> que a mudança social não se vincula a qualquer<br />
sist<strong>em</strong>a produtivo e sim com o surgimento de novos comportamentos e orientações<br />
culturais (CANUTO, 1984, p.52).<br />
Contu<strong>do</strong>, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s trouxeram a constatação <strong>em</strong>pírica de que, <strong>na</strong><br />
verdade, as tecnologias agrícolas possuíam uma elevada especificidade biológica e<br />
ambiental, ou seja, eram adaptadas às condições para as quais haviam si<strong>do</strong> criadas, fato<br />
que inviabilizava a simples transferência entre regiões distintas. Tal especificidade se<br />
revelava até mesmo entre agricultores de uma mesma região. Estes argumentos faziam<br />
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