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de manejo <strong>do</strong>s seus sist<strong>em</strong>as de cultivo, isto é, aprende fazen<strong>do</strong>. 114 Os assessores<br />

participariam <strong>do</strong> processo trazen<strong>do</strong>-lhes novos conhecimentos, geralmente de cunho<br />

acadêmico, que compl<strong>em</strong>entariam as propostas de adaptação ou de mudança imagi<strong>na</strong>das<br />

pelos agricultores. O objetivo seria construir um outro tipo de relação entre agricultores<br />

e assessores, <strong>na</strong> qual as distintas percepções sobre um mesmo probl<strong>em</strong>a confluiriam<br />

para a criação de novas soluções.<br />

Com essa concepção pedagógica, os novos conteú<strong>do</strong>s teóricos de <strong>na</strong>tureza acadêmica são<br />

assimila<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> os agricultores, a seus mo<strong>do</strong>s, consegu<strong>em</strong> introduzi-los <strong>na</strong>s coerências<br />

que estruturam seus conhecimentos prévios, possibilitan<strong>do</strong> o surgimento de novos<br />

referenciais teórico-conceituais para a re-interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s de seus próprios<br />

experimentos e para a elaboração de novas hipóteses de experimentação (...) De simples<br />

“consumi<strong>do</strong>res” de informações, no modelo convencio<strong>na</strong>l, as famílias passam a agentes<br />

ativos <strong>na</strong> geração de conhecimentos. Em vez de difusão de tecnologias, di<strong>na</strong>miza-se o<br />

processo local de geração/adaptação de tecnologias (PETERSEN, TARDIN & MAROCHI,<br />

2002, pp.18-19).<br />

Para dar suporte a este ideário, foi cria<strong>do</strong> um programa para orientar a formação<br />

técnica <strong>do</strong>s agricultores: o Programa Regio<strong>na</strong>l de Formação de Agricultores e<br />

Agricultoras Experimenta<strong>do</strong>res e Promotores da Agroecologia. As próprias<br />

organizações <strong>do</strong>s agricultores tratariam de preparar atividades de formação sobre os<br />

t<strong>em</strong>as de interesse local. A AS-PTA prestaria assessoria técnica a quatro grupos<br />

t<strong>em</strong>áticos: desenvolvimento rural sustentável, manejo ecológico de solos, manejo e uso<br />

sustenta<strong>do</strong> da agrobiodiversidade e manejo sustenta<strong>do</strong> da floresta de araucária. O<br />

programa de formação, além de oferecer capacitação técnica e meto<strong>do</strong>lógica aos<br />

agricultores, contribuiria para fortalecer o movimento associativo local e para difundir o<br />

modelo de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento funda<strong>do</strong> nos princípios agroecológicos. Entre<br />

1999 e 2001, de acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s da própria AS-PTA, cento e vinte agricultores<br />

passaram pelo programa de formação, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se agentes difusores das novas técnicas<br />

agroecológicas. Em 2001, havia 220 participantes no programa (AS-PTA, 2001).<br />

Deste mo<strong>do</strong>, o processo de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento preocupou-se <strong>em</strong> se<br />

diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>r por meio das organizações locais e de suas dinâmicas. Em alguns casos,<br />

possibilitou aos sindicatos rurais um caráter mais propositivo. O Sindicato <strong>do</strong>s<br />

Trabalha<strong>do</strong>res Rurais de Rebouças é um ex<strong>em</strong>plo disto (DELGADO & ROMANO, 1999).<br />

A proposta alter<strong>na</strong>tiva de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento, ao di<strong>na</strong>mizar a vida<br />

associativa, influiu <strong>em</strong> mudanças <strong>na</strong> institucio<strong>na</strong>lidade regio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> desenvolvimento. Os<br />

agricultores e suas organizações passaram a ser ouvi<strong>do</strong>s, ganharam voz por meio de<br />

conselhos e fóruns que foram cria<strong>do</strong>s por iniciativa <strong>do</strong> movimento <strong>em</strong> prol de um outro<br />

modelo de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento.<br />

Na região <strong>do</strong> Agreste Paraibano, o programa de desenvolvimento local também<br />

começou a ser implanta<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1993, como resulta<strong>do</strong> de entendimentos com<br />

organizações de trabalha<strong>do</strong>res rurais da região. Como no Paraná, os sindicatos foram os<br />

interlocutores inicialmente privilegia<strong>do</strong>s, possibilitan<strong>do</strong> a impl<strong>em</strong>entação <strong>do</strong> programa<br />

nos municípios de Solânea, R<strong>em</strong>ígio e, pouco depois, Lagoa Seca. Nestes municípios,<br />

114 Auferir aos agricultores a responsabilidade de conduzir experimentos e com isso aprender a usar determi<strong>na</strong>das<br />

inovações tecnológicas r<strong>em</strong>ete à noção de aprendiza<strong>do</strong> como construção social. Nesta construção de novos<br />

conhecimento o papel des<strong>em</strong>penha<strong>do</strong>s pelos agricultores é central. As inovações tecnológicas passam a estar<br />

referidas ao con<strong>texto</strong> socialcultural de sua aplicação. Serão, pois, avaliadas pela experiência <strong>do</strong>s agricultores <strong>em</strong><br />

sua situação real de vida e produção (SABOURIN, 2001)<br />

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