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prevalecente e abrin<strong>do</strong> espaço para a realização de outros objetivos, para os quais os<br />
indica<strong>do</strong>res de desenvolvimento humano e social têm maior importância <strong>do</strong> que os que<br />
ape<strong>na</strong>s aferiam a ocorrência de crescimento econômico (STIGLITZ, 1998). Obviamente,<br />
estas mudanças não aconteceram da noite para o dia n<strong>em</strong> foram generalizadas.<br />
Representam uma tendência geral e histórica que varia de acor<strong>do</strong> com os condicio<strong>na</strong>ntes<br />
da situação ou <strong>do</strong> caso a ser observa<strong>do</strong>. Na institucio<strong>na</strong>lidade gover<strong>na</strong>mental, <strong>em</strong>bora<br />
tenha havi<strong>do</strong> avanços consideráveis, no plano macro, os constrangimentos <strong>do</strong>s ajustes<br />
estruturais, de cunho monetário, e, no plano <strong>do</strong> cotidiano das ações, a lentidão <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po<br />
burocrático no qual se processam as modificações representam <strong>em</strong>pecilhos importantes<br />
a mudanças mais radicais. Por conta das características mais conserva<strong>do</strong>ras das<br />
instituições e organizações públicas, foi no campo da institucio<strong>na</strong>lidade nãogover<strong>na</strong>mental<br />
que alter<strong>na</strong>tivas e inovações locais se tor<strong>na</strong>ram visíveis e contribuíram<br />
de mo<strong>do</strong> mais significativo para a revisão de concepções, méto<strong>do</strong>s e ações para a<br />
promoção <strong>do</strong> desenvolvimento (FISHER, 1998).<br />
É claro que a ação das ONGs que se dedicam à promoção <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
não pode ser tomada como homogênea ou conducente a uma única direção de<br />
mudanças, supostamente <strong>em</strong> prol de um outro tipo de desenvolvimento, alter<strong>na</strong>tivo e<br />
livre de contami<strong>na</strong>ções por valores convencio<strong>na</strong>is, como imagi<strong>na</strong>m ou defend<strong>em</strong> alguns<br />
teóricos e ativistas. Como argumenta PIETERSE (1998), a ação das ONGs, imensamente<br />
diversa, também representa uma continuidade da idéia e da necessidade de promoção <strong>do</strong><br />
desenvolvimento. Por meio das ONGs houve uma significativa transferência de recursos<br />
de agências gover<strong>na</strong>mentais e privadas <strong>do</strong>s países mais ricos para os países mais pobres,<br />
o que evidencia as inter-relações entre “alter<strong>na</strong>tivos” e “convencio<strong>na</strong>is”. Foi deste mo<strong>do</strong><br />
que se legitimou, desde a década de 1940, a política inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de apoio ou<br />
cooperação ao desenvolvimento (MOLLER, 1991). Parte desta política foi construída<br />
pressupon<strong>do</strong> que as ONGs e outras entidades privadas poderiam exercer determi<strong>na</strong>das<br />
funções de mo<strong>do</strong> mais eficiente (e mais barato) <strong>do</strong> que os governos <strong>do</strong>s países pobres.<br />
Por isso, “tanto os neoliberais quanto seus críticos acerbos gostam das ONGs”<br />
(TENDLER, 1999, p.14). Feitas estas ressalvas, cabe destacar, entretanto, o que a ação<br />
destes agentes, tão próximos às organizações <strong>do</strong>s movimentos sociais de base, trouxe de<br />
novo para a construção de outros discursos extensão rural institucio<strong>na</strong>lidades que<br />
buscam repensar os valores, méto<strong>do</strong>s e estratégias de desenvolvimento.<br />
2.5 As ONGs e a articulação de outros discursos para repensar o desenvolvimento<br />
No Brasil, as ONGs representaram uma novidade institucio<strong>na</strong>l ao trazer<strong>em</strong> à<br />
ce<strong>na</strong> novos padrões de interação e organização <strong>do</strong>s discursos, das idéias e de<br />
determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s meios organizacio<strong>na</strong>is disponíveis para a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento.<br />
Estes conhecimentos circularam por diversas “redes de discursos críticos”, por meio das<br />
quais se socializaram novas concepções. 65 Foram, e ainda são, agentes fundamentais<br />
para a publicização de várias t<strong>em</strong>áticas (VIEIRA, 2001). Junto com diversas<br />
65 “Redes de discursos críticos” foi uma expressão utilizada por EMIBAYER & SHELLER (1998, p.739) para explicar<br />
o mo<strong>do</strong> como determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s atores “seek to extend the influence of certain tendencies already extant within civil<br />
society within and across more established institutions and institutio<strong>na</strong>l sectors”.<br />
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