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uma valorização <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s da antropologia e da psicologia social e sua ênfase <strong>na</strong><br />
compreensão das relações cotidia<strong>na</strong>s (HAGETTE, 1992). Nutrin<strong>do</strong>-se de to<strong>do</strong>s estes<br />
referenciais, os argumentos <strong>do</strong>s teóricos <strong>do</strong> pós-desenvolvimento d<strong>em</strong>onstram uma<br />
enorme aposta <strong>na</strong> capacidade de transformação ou mudança atribuída aos movimentos<br />
sociais, localiza<strong>do</strong>s e pluralistas, e às suas organizações. Estes movimentos e suas<br />
organizações são imagi<strong>na</strong><strong>do</strong>s como os atores coletivos encarrega<strong>do</strong>s de reescrever<br />
determi<strong>na</strong>das regras institucio<strong>na</strong>is e d<strong>em</strong>ocráticas d<strong>em</strong>andadas pela busca de<br />
alter<strong>na</strong>tivas ao desenvolvimento (FRANK & FUENTES, 1989).<br />
Os teóricos <strong>do</strong> pós-desenvolvimento identificam nos processos cotidianos e<br />
microsociais de reorde<strong>na</strong>mento da produção uma fonte para o questio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong>s<br />
processos macrosociais de <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ção política. Part<strong>em</strong> da pr<strong>em</strong>issa de que as pessoas<br />
não viv<strong>em</strong> passivamente sujeitas a estruturas de <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ção. Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />
as estruturas exist<strong>em</strong> e limitam ou regulam a existência das pessoas, por outro la<strong>do</strong>, os<br />
indivíduos participam adaptan<strong>do</strong>, resistin<strong>do</strong>, transforman<strong>do</strong> ou subverten<strong>do</strong>-as. Faz<strong>em</strong><br />
isso, principalmente, <strong>em</strong> suas ações cotidia<strong>na</strong>s. Sen<strong>do</strong> assim, a falência das boas<br />
intenções <strong>na</strong> promoção <strong>do</strong> desenvolvimento teria aberto espaço para que entrass<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
ce<strong>na</strong> “novas vozes e manifestações políticas” (ESCOBAR, 1995, p.218). Estas novas<br />
vozes e manifestações poderiam ser traduzidas <strong>em</strong> experiências concretas que buscam,<br />
de forma bastante localizada e fragmentada, articular novas formas de fazer política e de<br />
organizar a produção que implicariam, <strong>na</strong> medida <strong>em</strong> que os processos se des<strong>do</strong>bram de<br />
mo<strong>do</strong> positivo, reposicio<strong>na</strong>r, mais favoravelmente, determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s grupos frente às<br />
adversidades causadas pelos processos políticos e econômicos macrosociais.<br />
This process of articulation is always discursive, to the extent that it always entails a<br />
plurality of orientations and subject positions. The processes of negotiation, interaction,<br />
building of common interests, and relations to the social and political environment – like all<br />
social life – is en<strong>do</strong>wed with and apprehended through meaning. From the <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nt side,<br />
the process of discursive articulation results heg<strong>em</strong>onic formation; on the side of social<br />
mov<strong>em</strong>ents, the logic of articulation can lead to radical d<strong>em</strong>ocracy – groups and<br />
mov<strong>em</strong>ents organizing in autonomous spheres, but also creating the possibility of<br />
articulations with other groups and mov<strong>em</strong>ents, and, in the long run, the possibility of<br />
“counter-heg<strong>em</strong>onic” formations (ESCOBAR, 1995, p.221).<br />
Acentua-se, nesta perspectiva, uma ênfase no potencial d<strong>em</strong>ocrático da ação <strong>do</strong>s<br />
movimentos sociais, <strong>aqui</strong>lo que STOMPKA (1998, p.490) denomi<strong>na</strong> de “potencial<br />
morfogênico”, isto é, a sua eficácia <strong>na</strong> introdução de mudanças ou transformações<br />
estruturais <strong>na</strong>s sociedades. Neste senti<strong>do</strong>, as formações contra-heg<strong>em</strong>ônicas, <strong>na</strong><br />
argumentação de ESCOBAR (1995), convergiriam, por ex<strong>em</strong>plo, para a construção de um<br />
outro <strong>do</strong>mínio compreensivo sobre as d<strong>em</strong>andas ou necessidades <strong>do</strong>s grupos populares<br />
ou <strong>do</strong>s movimentos sociais. Estas d<strong>em</strong>andas ou necessidades vêm sen<strong>do</strong> historicamente<br />
traduzidas e definidas por meio <strong>do</strong> conhecimento e das intenções <strong>do</strong>s especialistas que<br />
trabalham (direta ou indiretamente) para a institucio<strong>na</strong>lização de determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s serviços<br />
e políticas via aparatos gover<strong>na</strong>mentais e, menos comumente, via entidades nãogover<strong>na</strong>mentais.<br />
Decorre deste processo o fato de que os mo<strong>do</strong>s de satisfação destas<br />
necessidades, por intermédio de programas de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento, têm<br />
posicio<strong>na</strong><strong>do</strong> aqueles grupos e movimentos sociais como meros clientes <strong>em</strong> relação ao<br />
Esta<strong>do</strong>, com pouca ou nenhuma possibilidade de definição <strong>do</strong>s rumos daqueles serviços<br />
e políticas. Na perspectiva pós-desenvolvimentista, a ampliação <strong>do</strong> campo de<br />
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