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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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apresentação das d<strong>em</strong>andas de diversos movimentos sociais com os quais interagiam. 39<br />

Esta popularização, a busca por uma maior visibilidade de suas ações e as mudanças <strong>em</strong><br />

seus objetivos e estratégias também estiveram associadas à gradual superação da falta<br />

de interlocução com o Esta<strong>do</strong>, <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os seus níveis. Este processo de aproximação<br />

entre as ONGs e o poder público culminou, no fi<strong>na</strong>l daquela década, no estabelecimento<br />

<strong>do</strong> marco legal de atuação das organizações da sociedade civil de interesse público<br />

(OSCIP). Dentre outros aspectos, esta lei passou a regular, de um mo<strong>do</strong> geral, os mo<strong>do</strong>s<br />

de interação entre estas organizações e o Esta<strong>do</strong>. 40<br />

As mudanças que ocorreram no campo das ações não-gover<strong>na</strong>mentais voltadas<br />

ao desenvolvimento social estiveram inseridas <strong>em</strong> uma conjuntura social mais ampla, <strong>na</strong><br />

qual, por um la<strong>do</strong>, o próprio Esta<strong>do</strong>, no con<strong>texto</strong> das reformas macroeconômicas<br />

neoliberais – iniciadas no governo Collor, a partir de 1990 – buscou e estimulou a<br />

participação da sociedade civil <strong>na</strong> execução de políticas públicas, diante de um quadro<br />

de redução da intervenção estatal e de revisão de seu papel <strong>na</strong> promoção <strong>do</strong> b<strong>em</strong>-estar<br />

social. Por outro, e de mo<strong>do</strong> reativo a este con<strong>texto</strong>, os próprios agentes da esfera<br />

pública não-estatal, que passou a ser genericamente identificada como “terceiro setor” 41 ,<br />

redefiniram seus objetivos e imagi<strong>na</strong>ram-se “<strong>na</strong> perspectiva de uma d<strong>em</strong>ocratização<br />

radical” da gestão pública, para a qual deveriam contribuir com o considerável arse<strong>na</strong>l<br />

de experiências alter<strong>na</strong>tivas <strong>na</strong> promoção <strong>do</strong> desenvolvimento que acumulavam<br />

(BOCAYUVA, 2000).<br />

Como vimos, para as ONGs, a cooperação com os aparatos estatais para a<br />

condução de projetos ou para a obtenção de recursos s<strong>em</strong>pre foi criticamente encarada<br />

com distância e desconfiança. A institucio<strong>na</strong>lidade pública e seu imaginário político<br />

eram ti<strong>do</strong>s como a antítese de suas propostas de ação e da identidade opositora que<br />

compartilhavam seus agentes. Ad<strong>em</strong>ais, esta era uma compreensão compartida com as<br />

lideranças <strong>do</strong>s movimentos sociais com os quais atuavam mais proximamente e para os<br />

quais declaravam-se estar a serviço. A partir deste ponto de vista, o Esta<strong>do</strong> era ti<strong>do</strong><br />

como o locus privilegia<strong>do</strong> da gestão pública, senão o único; <strong>em</strong> outra posição, estava o<br />

conjunto <strong>do</strong>s atores socais, organiza<strong>do</strong>s ou não, que buscavam alter<strong>na</strong>tivas políticas aos<br />

limites <strong>do</strong>s ca<strong>na</strong>is e <strong>do</strong>s mecanismos institucio<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>s de representação e de<br />

participação <strong>na</strong> esfera pública. Para estes atores, num primeiro momento, parecia não<br />

haver outra opção além <strong>do</strong> incentivo à participação ampliada das bases da sociedade e a<br />

luta pela instalação de mecanismos de d<strong>em</strong>ocracia direta que conduziss<strong>em</strong> ao poder os<br />

alia<strong>do</strong>s destes movimentos e de suas d<strong>em</strong>andas (RICCI, 2002).<br />

Como d<strong>em</strong>onstrou SADER (1995), os novos movimentos sociais, surgi<strong>do</strong>s nos<br />

anos 70, trataram de reconstruir as relações com o Esta<strong>do</strong>, estabelecen<strong>do</strong> um perfil<br />

reivindicatório ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que defendiam a autonomia organizacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s<br />

setores populares, numa tentativa de superar as práticas coorporativas que,<br />

39 Outro acontecimento marcante neste perío<strong>do</strong> foi a fundação, <strong>em</strong> 1991, da Associação Brasileira de ONGs<br />

(ABONG), que congrega o conjunto das ONGs mais tradicio<strong>na</strong>is, as surgidas entre os anos 70 e 80.<br />

40 o.<br />

A lei das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), n 9.790, foi sancio<strong>na</strong>da <strong>em</strong> 23 de<br />

março de 1999.<br />

41 De acor<strong>do</strong> com FERNANDES (1994), o conceito “terceiro setor” desig<strong>na</strong> um conjunto de iniciativas particulares<br />

que possu<strong>em</strong> um senti<strong>do</strong> público. Nelas, quatro segmentos principais pod<strong>em</strong> ser diferencia<strong>do</strong>s: (a) formas<br />

tradicio<strong>na</strong>is de ajuda mútua; (b) movimentos sociais e associações civis; (c) ONGs; e (d) filantropia <strong>em</strong>presarial.<br />

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