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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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tecnológicas. Estas deveriam lhes proporcio<strong>na</strong>r uma maior autonomia <strong>em</strong> relação ao uso<br />

de insumos modernos e à necessidade de assistência técnica. Ao mesmo t<strong>em</strong>po,<br />

possibilitariam uma maior <strong>integra</strong>ção <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as de cultivo e criação com os fatores<br />

ambientais. No entanto, a avaliação corrente era que estes méto<strong>do</strong>s de extensão não se<br />

distanciavam muito daqueles tradicio<strong>na</strong>lmente <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s pelos d<strong>em</strong>ais agentes –<br />

inclusive gover<strong>na</strong>mentais – que intervinham no campo, auxilian<strong>do</strong> pequenos produtores.<br />

Principalmente quan<strong>do</strong> o potencial de participação <strong>do</strong>s agricultores parecia estar sen<strong>do</strong><br />

limita<strong>do</strong> ao seu consentimento às mudanças sugeridas pelos técnicos.<br />

A maior parte das equipes da Rede PTA funcionou, a nosso ver, com duas dinâmicas (<strong>em</strong><br />

geral sucessivas): (1) a difusão de técnicas alter<strong>na</strong>tivas conhecidas <strong>do</strong>s técnicos tais como a<br />

compostag<strong>em</strong>, curvas de nível e cobertura morta, as hortas caseiras e agricultura; (2) a<br />

resposta à “d<strong>em</strong>andas” <strong>do</strong>s produtores que, no mais das vezes, recaíam sobre os t<strong>em</strong>as já<br />

mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>s (acrescente-se a criação de pequenos animais) levan<strong>do</strong>-nos a crer que se<br />

tratam <strong>na</strong> verdade de “d<strong>em</strong>andas” induzidas pela própria identidade assumida pelos<br />

técnicos/entidades envolvidas. Em outras palavras, os produtores salientam apoio técnico<br />

n<strong>aqui</strong>lo que sab<strong>em</strong> que os assessores já têm como oferta (WEID, 1991, p.2).<br />

O que os assessores tinham a oferecer, à medida <strong>do</strong> aumento da complexidade<br />

das d<strong>em</strong>andas, foi se tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> insuficiente e, mais grave, <strong>na</strong> sua própria avaliação, <strong>em</strong><br />

alguns casos as técnicas e méto<strong>do</strong>s difundi<strong>do</strong>s não se adequavam culturalmente aos<br />

mo<strong>do</strong>s de produção que os agricultores assisti<strong>do</strong>s estavam acostuma<strong>do</strong>s a lidar. Este<br />

fato, constata<strong>do</strong> no cotidiano das experiências vinha sen<strong>do</strong> referi<strong>do</strong>, já há algum t<strong>em</strong>po,<br />

<strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s de caso presentes <strong>na</strong> literatura sobre o t<strong>em</strong>a. Alguns destes estu<strong>do</strong>s foram<br />

publica<strong>do</strong>s pela própria AS-PTA, fomentan<strong>do</strong> o debate interno. O primeiro livro da<br />

série “Agricultores <strong>na</strong> pesquisa”, por ex<strong>em</strong>plo, trazia <strong>texto</strong>s de um s<strong>em</strong>inário realiza<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong> Universidade de Sussex, Inglaterra, <strong>em</strong> 1987, por iniciativa <strong>do</strong> Instituto de Estu<strong>do</strong>s<br />

de Desenvolvimento. Na introdução daquele volume, Jean Marc enunciava as<br />

preocupações meto<strong>do</strong>lógicas que fundamentavam mudanças <strong>na</strong>s percepções sobre o<br />

trabalho a ser des<strong>em</strong>penha<strong>do</strong> pela AS-PTA a partir daquele momento:<br />

(...) apesar de admitirmos como princípio básico de nossa prática o respeito e a<br />

incorporação <strong>do</strong> “saber popular” ao processo de geração e difusão de tecnologia que<br />

procuramos animar, ainda estamos longe de <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>rmos as práticas meto<strong>do</strong>lógicas para<br />

realizarmos este princípio. Assim sen<strong>do</strong>, é muito comum entre nós uma preocupação com a<br />

participação (ou controle...) formal <strong>do</strong>s movimentos nos projetos mas é menos comum se<br />

dar espaço concreto para o conhecimento gesta<strong>do</strong> pelos produtores ou para fornecer os<br />

instrumentos pelos quais possam eles vir a ser gera<strong>do</strong>res e difusores de inovações<br />

tecnológicas (WEID, 1989, p.3).<br />

Estas constatações, além de ser<strong>em</strong> uma síntese das avaliações de diversos<br />

técnicos e interlocutores da Rede PTA, representavam um diálogo com o discurso da<br />

“participação”, já b<strong>em</strong> diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong><strong>do</strong>, <strong>na</strong>quela época, por agências de promoção <strong>do</strong><br />

desenvolvimento. Esta percepção da carência de méto<strong>do</strong>s para possibilitar uma maior<br />

participação <strong>do</strong>s agricultores foi construin<strong>do</strong> outros senti<strong>do</strong>s e visões sobre o trabalho de<br />

assessoria. O processo de concepção da AS-PTA incorporou este debate às suas novas<br />

funções. Assim, a partir de sua criação, ela passou a se definir como uma organização<br />

de assessoria e serviços, mais relacio<strong>na</strong>da ao desenvolvimento de méto<strong>do</strong>s de trabalho e<br />

à elaboração de conhecimento técnico sobre a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural, com<br />

ênfase nos processos locais. Seu papel de coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>ra da rede de ONGs e de outras<br />

entidades cedia espaço à prestação de assessoria a estas ONGs, para a qual o traço<br />

marcante passava a ser a perspectiva agroecológica <strong>do</strong> desenvolvimento.<br />

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