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incr<strong>em</strong>entan<strong>do</strong> a diversidade <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as de produção. Neste processo, os bancos de<br />

s<strong>em</strong>ente comunitários tor<strong>na</strong>ram-se organizações fundamentais, permitin<strong>do</strong> que os<br />

agricultores produziss<strong>em</strong> e armaze<strong>na</strong>ss<strong>em</strong> s<strong>em</strong>entes, gerin<strong>do</strong> coletivamente os estoques.<br />

Os agricultores já tinham o costume de armaze<strong>na</strong>r, quan<strong>do</strong> era possível, uma<br />

certa quantidade de s<strong>em</strong>entes de uma safra para outra. A instabilidade climática da<br />

região estimulava-os a guardar s<strong>em</strong>entes a espera de chuvas para poder<strong>em</strong> plantar. Parte<br />

das s<strong>em</strong>entes estocadas era usada para o consumo da família ao longo <strong>do</strong> ano e outra<br />

peque<strong>na</strong> parte garantia o plantio da próxima safra. No entanto, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre era possível<br />

garantir uma quantidade suficiente de s<strong>em</strong>entes para o plantio. Tanto as incertezas<br />

climáticas quanto as precárias condições econômicas <strong>do</strong>s agricultores impossibilitavam<br />

a manutenção de estoques, que rapidamente acabavam <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos de estiag<strong>em</strong>. Nos<br />

anos 70, agentes liga<strong>do</strong>s à Igreja Católica, partin<strong>do</strong> desta prática tradicio<strong>na</strong>l,<br />

estimularam a criação de alguns bancos de s<strong>em</strong>entes comunitários.<br />

No Agreste da Paraíba, os bancos de s<strong>em</strong>entes já eram utiliza<strong>do</strong>s pelos agricultores antes <strong>do</strong><br />

início da ação da AS-PTA. Em 1992, havia pelo menos duas experiências com bancos de<br />

s<strong>em</strong>entes <strong>na</strong> região, conduzidas respectivamente pelo Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais<br />

de Solânea e pelo Grupo de Mulheres de Cacimba de Dentro. No fi<strong>na</strong>l de 1993, quan<strong>do</strong> a<br />

AS-PTA iniciou seus trabalhos <strong>na</strong> região, a ausência e/ou a baixa qualidade das s<strong>em</strong>entes<br />

para plantio e o desaparecimento de importantes cultivos de renda descaram-se como<br />

principais probl<strong>em</strong>as identifica<strong>do</strong>s no Diagnóstico Rápi<strong>do</strong> e Participativo de<br />

Agroecossist<strong>em</strong>as (DRPA), que envolveu pelo menos 20 organizações locais e regio<strong>na</strong>is e<br />

mais de 60 agricultores nos grupos de trabalho (ALMEIDA & CORDEIRO, 2002,<br />

pp.34-35).<br />

A AS-PTA começou trabalhan<strong>do</strong> para fortalecer um banco de s<strong>em</strong>entes, o <strong>do</strong><br />

sindicato de Solânea. Depois, a experiência foi expandida aos outros municípios. Novos<br />

bancos foram cria<strong>do</strong>s a preocupação <strong>do</strong> trabalho de assessoria era fornecer-lhes apoio<br />

técnico para melhoria <strong>do</strong>s mecanismos de gestão, da qualidade <strong>do</strong>s estoques e da<br />

conservação da biodiversidade local. Por meio da gestão <strong>do</strong>s bancos, as associações e<br />

sindicatos se fortaleciam à medida que o trabalho de assessoria lhes delegava mais<br />

automia para administrá-los. A estrutura organizativa <strong>do</strong>s bancos era compl<strong>em</strong>entada<br />

pela criação de um “banco-mãe”, geralmente <strong>na</strong> sede <strong>do</strong> município, e pela formação de<br />

uma comissão municipal <strong>do</strong>s bancos de s<strong>em</strong>entes, idealizada como espaço para a<br />

formação técnica e política <strong>do</strong>s agricultores. Neste processo de inovação institucio<strong>na</strong>l,<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre os princípios participativos alcançavam os objetivos deseja<strong>do</strong>s. Episódios<br />

de concentração de trabalho ou de poder de decisão entre determi<strong>na</strong>das lidenças de<br />

associações ou famílias e de não cumprimento das normas de funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> banco<br />

comprometiam o trabalho. Mas, de um mo<strong>do</strong> geral, como mecanismo de fortalecimento<br />

das associações locais, a experiência foi b<strong>em</strong> sucedida. Até o início de 2002 havia 25<br />

bancos <strong>em</strong> funcio<strong>na</strong>mento assessora<strong>do</strong>s pela AS-PTA (WEID, 2003). Esta assessoria,<br />

assim como o processo de introdução de inovações, foi absorven<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s e<br />

lições das práticas e, a partir <strong>do</strong>s mecanismos de avaliação, redefinin<strong>do</strong> suas estratégias<br />

ao longo <strong>do</strong> processo:<br />

Num primeiro momento, a AS-PTA teve uma maior presença <strong>na</strong> definição <strong>do</strong>s instrumentos<br />

de gestão. Isto, de certa forma, dificultou que os grupos se apropriass<strong>em</strong> da proposta de<br />

imediato, ven<strong>do</strong> o banco durante certo t<strong>em</strong>po, como algo <strong>do</strong> sindicato ou da AS-PTA. No<br />

entanto, com o t<strong>em</strong>po esta foi diminuin<strong>do</strong> até o ponto <strong>em</strong> que os sindicatos e associações<br />

comunitárias e grupos assumiss<strong>em</strong> a gestão de forma autônoma (ALMEIDA &<br />

CORDEIRO, 2002, p.38).<br />

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