Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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que ele chamou de invasão cultural <strong>do</strong>s processos de transferência de tecnologias<br />
agropecuárias conduzi<strong>do</strong>s pelos aparatos de extensão rural, no qual os seus agentes<br />
atuavam a partir de pressupostos autoritários, desconsideran<strong>do</strong> as culturas locais para<br />
facilitar processos de difusão de tecnologias moder<strong>na</strong>s. Robert Chambers, <strong>em</strong> “Rural<br />
development: putting last first” de 1983, propunha trazer à frente das intenções de<br />
desenvolvimento as percepções e os conhecimentos <strong>do</strong>s atores que, historicamente,<br />
foram meros objetos da intervenção exter<strong>na</strong> <strong>do</strong>s processos de modernização: os<br />
agricultores (FANON, 1962, CHAMBERS, 1983, FREIRE, 1988). Os discursos alter<strong>na</strong>tivos<br />
também construíam, deste mo<strong>do</strong>, uma crítica às perspectivas científicas que não<br />
levavam <strong>em</strong> conta os conhecimentos construí<strong>do</strong>s à sua marg<strong>em</strong>.<br />
Para KORTEN (1990), a força <strong>do</strong>s discursos sobre o desenvolvimento alter<strong>na</strong>tivo<br />
está <strong>em</strong> seus argumentos sobre as mudanças institucio<strong>na</strong>is e políticas. As experiências<br />
conduzidas por ONGs foram fundamentais à elaboração e à consolidação de novos<br />
méto<strong>do</strong>s para promover o desenvolvimento. Esta promoção, de acor<strong>do</strong> com SANTOS &<br />
RODRÍGUEZ (2002), estaria voltada não para o crescimento econômico adquiri<strong>do</strong> a partir<br />
da acumulação de capital, mas para um tipo de transformação social, mais localizada,<br />
que buscava melhorias <strong>na</strong> capacitação das pessoas, para que elas pudess<strong>em</strong> organizar<br />
processos produtivos menos dependentes de fatores externos. Nesta perspectiva, o<br />
desenvolvimento humano tornou-se o objetivo maior, significan<strong>do</strong> o processo por<br />
intermédio <strong>do</strong> qual os m<strong>em</strong>bros de uma sociedade incr<strong>em</strong>entariam suas capacidades<br />
pessoais e institucio<strong>na</strong>is para mobilizar e maximizar recursos e produzir com<br />
sustentabilidade, distribuin<strong>do</strong>, por entre to<strong>do</strong>s, as melhorias <strong>em</strong> suas qualidades de vida<br />
(KORTEN, 1990). As fontes para alcançá-lo deixavam de ser unicamente o capital, a<br />
tecnologia, o comércio, o investimento estrangeiro e a presença de especialistas<br />
externos e passavam a ser, prioritariamente, as pessoas, suas habilidades, os recursos e<br />
os conhecimentos locais, organiza<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong> mais cooperativo e participatório. Ao<br />
contrário da crença nos ex<strong>em</strong>plos exógenos e <strong>na</strong> transferência de tecnologias, <strong>na</strong> nova<br />
visão, a modernização seria alcançada por meio da articulação e <strong>do</strong> estímulo às<br />
capacidades locais, compreenden<strong>do</strong> tradição e modernidade como compl<strong>em</strong>entos e não<br />
como opostos, como vinha sen<strong>do</strong> feito até então.<br />
The “mistakes” have been, and continue to be, made on a number of fronts: industrial<br />
enterprise is too large, and its technology mind-numbing; the people lack control over their<br />
productive labour and suffer the environmental and social damage, the production syst<strong>em</strong><br />
engenders; non-renewable resources are wash into the see or disappear into thin air. [The<br />
“alter<strong>na</strong>tive development” approach] offers an alter<strong>na</strong>tive to industrialization that would<br />
involve a significant de-industrialization of mass production economies today and the<br />
introduction of self-reliant, small scale technological syst<strong>em</strong>s in the Third World<br />
(WEBSTER, 1990, p.194).<br />
Esta visão sobre o desenvolvimento foi radicalizada <strong>em</strong> um outro discurso,<br />
construí<strong>do</strong> justamente para negar o próprio desenvolvimento e a sua necessidade,<br />
rejeitan<strong>do</strong>, conseqüent<strong>em</strong>ente, a noção de crescimento econômico (ESCOBAR, 1995).<br />
Defenden<strong>do</strong> esta perspectiva, W. Sachs, por ex<strong>em</strong>plo, afirmou que o desenvolvimento<br />
se tornou uma noção “fora de moda”, o que implicava necessidade de buscar outros<br />
mo<strong>do</strong>s de promoção <strong>do</strong> b<strong>em</strong>-estar social SACHS (1992). Para os teóricos deste enfoque,<br />
a história test<strong>em</strong>unhou que o desenvolvimento foi, <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, uma exceção, mas<br />
não a regra. Quan<strong>do</strong> aconteceu, ocorreu de mo<strong>do</strong> localiza<strong>do</strong> ou <strong>em</strong> certos setores da<br />
economia e dependeu, ao contrário das recomendações políticas neoliberais, de um<br />
papel ativo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> estimulo ao desenvolvimento de instituições d<strong>em</strong>ocráticas<br />
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