Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
a primeira geração de ONGs <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong> surgiu, via de regra, como uma solução ad<br />
hoc para a falta de opções, que se imagi<strong>na</strong>va ser conjuntural no sist<strong>em</strong>a institucio<strong>na</strong>l<br />
existente − centros de pesquisa que se formaram à marg<strong>em</strong> das universidades submetidas a<br />
pressões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> autoritário, núcleos de educação popular paralelos ao sist<strong>em</strong>a escolar<br />
oficial, grupos de apoio a movimentos sociais <strong>em</strong>ergentes s<strong>em</strong> conexões com organismos<br />
políticos legais etc.<br />
1.5 As ONGs históricas e a busca de uma identidade institucio<strong>na</strong>l<br />
Em 1972, algumas pessoas ligadas a projetos de educação popular e promoção<br />
social realizaram, com o apoio de organizações não-gover<strong>na</strong>mentais inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, um<br />
encontro <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l para discutir e trocar informações e experiências sobre suas práticas,<br />
então bastante localizadas e dispersas. 32 O “Encontro de 72” ou “Encontro Ad Hoc”,<br />
como ficou conheci<strong>do</strong> por seus participantes, tornou-se um “marco <strong>na</strong>s origens e<br />
identidades buscadas por estes agentes”, uma espécie de ato i<strong>na</strong>ugural da história das<br />
ONGs no Brasil.<br />
A reunião de cinco dias, montada cuida<strong>do</strong>samente e com a participação dessas pessoas<br />
pinçadas de norte a sul e de algumas poucas agências inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de cooperação (de<br />
“ajuda”, <strong>na</strong> época), <strong>em</strong> um convento da Igreja Católica, <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos <strong>na</strong>da propícios para<br />
agitações (...) concluiu pela necessidade de se criar<strong>em</strong> condições de “intercomunicação,<br />
pesquisa e avaliação” <strong>do</strong> que se fazia pelo país e portanto de se criar uma organização com<br />
sede própria, espaço para “discutir o trabalho popular com cobertura técnica, capacidade,<br />
competência”, <strong>na</strong>s palavras de um entrevista<strong>do</strong>. “Cria, que a gente apóia”, teriam dito os<br />
representantes da ajuda inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l presentes. E fun<strong>do</strong>u-se, então, uma organização de<br />
assessoria, avaliação e pesquisa – o que, <strong>na</strong> idéia de <strong>na</strong>rra<strong>do</strong>res da história, diretores ainda<br />
hoje desta organização ou de outras fundadas posteriormente, teria si<strong>do</strong> uma futura ONG<br />
(LANDIM, 1998, p.34). 33<br />
Mesmo antes <strong>do</strong> Encontro de 72, entre os agentes que participavam de algum<br />
tipo de ativismo social, já havia tentativas para estabelecer, de mo<strong>do</strong> bastante informal,<br />
algum mo<strong>do</strong> mais institucio<strong>na</strong>liza<strong>do</strong> para trocar informações e experiências. Um <strong>do</strong>s<br />
fundamentos destas incipientes redes era d<strong>em</strong>onstrar solidariedade às ações<br />
desenvolvidas ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se buscava afirmar alguma identidade entre as<br />
experiências dispersas. Havia o interesse <strong>em</strong> construir relações pessoais de confiança e<br />
identidade entre atores que lutavam por uma causa comum. Os contatos e os encontros<br />
buscavam reunir pessoas conhecidas, desenvolver afinidades com novas pessoas que se<br />
identificass<strong>em</strong> com as causas populares e com a ação social <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos de repressão<br />
política. Com forte apelo às relações interpessoais e às meto<strong>do</strong>logias de trabalho que<br />
privilegiavam encontros e reuniões, as chamadas trocas de experiência, esta forma de<br />
comunicação alter<strong>na</strong>tiva aos ca<strong>na</strong>is convencio<strong>na</strong>is culmi<strong>na</strong>ria, mais tarde, <strong>na</strong> formação<br />
32 LANDIM (1998, p.35) informa que este encontro foi apoia<strong>do</strong> pelo Comité Catholique Contre la Faim et Pour le<br />
Développ<strong>em</strong>ent (CCFD), uma ONG francesa, pela organização ca<strong>na</strong>dense Développ<strong>em</strong>ent et Paix e pelo<br />
Conselho Mundial de Igrejas, organização suíça, todas organizações pertencentes aos “espaços trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is da<br />
religião”.<br />
33 A entidade criada no Encontro foi a Nova Pesquisa e Assessoria <strong>em</strong> Educação (NOVA), no Rio de Janeiro. Na<br />
citação acima, os trechos entre aspas, ressalta a autora, reproduz<strong>em</strong> fragmentos de depoimentos colhi<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
entrevistas realizadas <strong>em</strong> 1992.<br />
41