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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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país, <strong>na</strong>quele momento. 83 Pensan<strong>do</strong> <strong>em</strong> um projeto de intervenção mais amplo, o grupo<br />

diagnosticou que havia necessidade de gerar alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas e sist<strong>em</strong>as de<br />

produção e de comercialização que foss<strong>em</strong> mais apropria<strong>do</strong>s às condições específicas<br />

daqueles agricultores que, <strong>em</strong> sua maioria, produziam a partir de recursos <strong>na</strong>turais e<br />

fi<strong>na</strong>nceiros limita<strong>do</strong>s e estavam à marg<strong>em</strong> <strong>do</strong>s benefícios das políticas públicas<br />

direcio<strong>na</strong>das ao setor agrícola. As novas tecnologias não poderiam onerar os custos de<br />

produção, ser<strong>em</strong> de fácil manejo e, de preferência, já disponíveis ou <strong>em</strong> uso <strong>na</strong> região.<br />

Nada pareci<strong>do</strong> com o pacote tecnológico que era comumente difundi<strong>do</strong> pelas agências<br />

de extensão rural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Naquele momento, a proposta de ação <strong>do</strong> pequeno grupo<br />

de assessoria foi se tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> discursivamente melhor elaborada.<br />

Para responder esta questão era preciso recusar o paradigma <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte <strong>em</strong> todas as escolas<br />

de economia e agronomia que apontavam para a inexorável globalização <strong>do</strong> modelo<br />

agroquímico de produção, também chama<strong>do</strong> no terceiro mun<strong>do</strong> de “revolução verde”. Era<br />

preciso buscar tecnologias mais baratas, alter<strong>na</strong>tivas ao uso de híbri<strong>do</strong>s, fertilizantes<br />

químicos e biocidas (WEID, 1997, p.9).<br />

Em 1981, este grupo de assessores, a partir da experiência de Parati, formulou<br />

um primeiro projeto técnico, submeti<strong>do</strong> a algumas agências fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong>ras européias,<br />

que objetivava pesquisar tecnologias alter<strong>na</strong>tivas às moder<strong>na</strong>s, que eram caras e pouco<br />

adaptadas às difícieis condições de produção <strong>do</strong>s agricultores mais pauperiza<strong>do</strong>s. A<br />

proposta de um projeto de assessoria construía a justificativa de fi<strong>na</strong>nciamento situan<strong>do</strong><br />

o seu lugar no con<strong>texto</strong> político da época e o desejo de apoiar as lutas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

organiza<strong>do</strong>s:<br />

Seu eixo de preocupação é constituí<strong>do</strong> pela massa crescente de trabalha<strong>do</strong>res rurais<br />

atingi<strong>do</strong>s pelo acelera<strong>do</strong> processo de expropriação da terra: pequenos proprietários,<br />

posseiros, mora<strong>do</strong>res, parceiros... (...) <strong>em</strong> sua formulação e <strong>em</strong> sua execução, o projeto t<strong>em</strong><br />

como base a experiência, os probl<strong>em</strong>as e a colaboração estreita <strong>do</strong>s setores orienta<strong>do</strong>s para<br />

as questões e as reivindicações concretas que <strong>em</strong>a<strong>na</strong>m da luta cotidia<strong>na</strong> <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

pobres <strong>do</strong> campo: comunidades rurais de base, sindicatos, cooperativas, associações<br />

profissio<strong>na</strong>is e grupos de militância camponesa (PTA-FASE, 1988, p.21).<br />

A organização inicial <strong>do</strong> trabalho foi imagi<strong>na</strong>da como uma pesquisa de campo<br />

para identificar experiências com alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas que estivess<strong>em</strong> sen<strong>do</strong><br />

propostas ou conduzidas por agricultores (individualmente ou <strong>em</strong> grupos) ou<br />

desenvolvidas <strong>em</strong> centros de pesquisa ou universidades. O conhecimento prévio sobre<br />

estas tecnologias era, de certo mo<strong>do</strong>, restrito à experiência de Jean Marc como consultor<br />

<strong>em</strong> projetos de planejamento e desenvolvimento para o PNUD 84 , <strong>na</strong> África, e à<br />

incipiente literatura sobre o t<strong>em</strong>a. Nesta pesquisa inicial, a equipe imagi<strong>na</strong>va que, assim<br />

como ocorria <strong>em</strong> outros países, também no Brasil haveria diversas situações, ainda<br />

desconhecidas, de uso (ou até mesmo experimentação) de aportes tecnológicos mais<br />

adapta<strong>do</strong>s às próprias condições econômicas e sociais <strong>do</strong>s pequenos produtores.<br />

O projeto (...) adquiriu nos seus primeiros passos um caráter de pesquisa militante, de busca<br />

de alter<strong>na</strong>tivas <strong>na</strong> prática <strong>em</strong>pírica <strong>do</strong>s pequenos produtores, para construir um cabedal de<br />

alter<strong>na</strong>tivas concretas e formar os quadros que pudess<strong>em</strong>, numa segunda etapa, assumir a<br />

tarefa que é nosso objetivo primordial: difundir um modelo alter<strong>na</strong>tivo ao esgotamento das<br />

83<br />

Cerca de seis milhões de famílias, de acor<strong>do</strong> com o Censo Agrícola <strong>do</strong> Instituto Brasileiro de Geografia e<br />

Estatística (IBGE) de 1985 (WEID, 1997).<br />

84 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.<br />

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