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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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pobreza e com a preservação ambiental. Os discursos construí<strong>do</strong>s mediavam com os<br />

argumentos elabora<strong>do</strong>s pelas agências inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de ajuda e cooperação técnica à<br />

promoção <strong>do</strong> desenvolvimento, com os debates acadêmicos, e com as reivindicações de<br />

ONGs e movimentos ambientalistas <strong>do</strong>s países ricos. No Brasil, a crítica à agricultura<br />

moder<strong>na</strong> origi<strong>na</strong>va-se de grupos progressistas das universidades públicas e das<br />

instituições de pesquisa e extensão rural. Envolvia, de certo mo<strong>do</strong>, os sindicatos e os<br />

parti<strong>do</strong>s políticos, mas encontrou sua maior expressão no encontro entre religiosos<br />

progressistas e ativistas de esquerda – que se deu, num primeiro momento, <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s anos 70, longe da institucio<strong>na</strong>lidade pública – e da relação construída entre as<br />

organizações locais, <strong>na</strong>scidas daquele encontro, com organizações inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de<br />

fi<strong>na</strong>nciamento a projetos de desenvolvimento.<br />

Antes de a<strong>na</strong>lisarmos a construção <strong>do</strong>s discursos críticos origi<strong>na</strong><strong>do</strong>s no campo<br />

não-gover<strong>na</strong>mental, é preciso destacar que a busca de alter<strong>na</strong>tivas à promoção da<br />

agricultura moder<strong>na</strong> não foi uma exclusividade das organizações de apoio aos<br />

movimentos sociais ou da sociedade civil. Em determi<strong>na</strong>das agências <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> havia<br />

uma crescente preocupação com necessidade de revisão <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> modelo de<br />

desenvolvimento rural <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte. Por um la<strong>do</strong>, o quadro de abertura política estimulava<br />

o afloramento de visões críticas sobre o mo<strong>do</strong> convencio<strong>na</strong>l de promoção <strong>do</strong><br />

desenvolvimento <strong>do</strong> agro. Por outro la<strong>do</strong>, <strong>em</strong>bora houvesse um diagnóstico geral<br />

indican<strong>do</strong> a insatisfação com os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com o modelo de transferência de<br />

tecnologias, diante das d<strong>em</strong>andas e <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as enfrenta<strong>do</strong>s pelos pequenos<br />

produtores, há de se considerar que a revisão nos objetivos e méto<strong>do</strong>s das estratégias de<br />

modernização agrícola ocorreu, durante os anos 80, <strong>em</strong> uma conjuntura de severa crise<br />

econômica (PINHEIRO, 1995).<br />

Naquele con<strong>texto</strong>, a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento às custas <strong>do</strong> incentivo para a<br />

extensão <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção agricultura de larga escala, fort<strong>em</strong>ente basea<strong>do</strong> no uso<br />

de combustíveis fósseis, tornou-se economicamente inviável para os países pobres<br />

(ALTIERE & MASERA, 1997). Ao associarmos ao fator econômico desfavorável a<br />

necessidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> responder as d<strong>em</strong>andas <strong>do</strong>s agricultores não beneficia<strong>do</strong>s pela<br />

modernização e, <strong>em</strong> um outro plano, responder aos reclames inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is por uma<br />

maior responsabilidade ambiental <strong>do</strong>s processos de crescimento econômico,<br />

perceber<strong>em</strong>os a amplitude das motivações que animavam a reorientação nos discursos<br />

gover<strong>na</strong>mentais sobre a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento nos anos 80. Alguns organismos<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is passaram, por ex<strong>em</strong>plo, a recomendar “soluções simples para probl<strong>em</strong>as<br />

complexos”. 78<br />

Numerosas experiências geradas nos países da América Lati<strong>na</strong> e Caribe d<strong>em</strong>onstram que o<br />

desenvolvimento agrícola e rural poderia ser promovi<strong>do</strong> através de modelos alter<strong>na</strong>tivos<br />

eficazes basea<strong>do</strong>s no uso mais intensivo <strong>do</strong>s recursos existentes <strong>na</strong>s unidades de produção e<br />

<strong>na</strong>s comunidades rurais, s<strong>em</strong> necessidade de depender tão fort<strong>em</strong>ente da introdução de<br />

el<strong>em</strong>entos externos, que, como a experiência mostra, são caros e insuficientes. O principal<br />

recurso é o produtor ele mesmo e este recurso, sim, é abundante. O modelo proposto se<br />

baseia, portanto, <strong>em</strong> incr<strong>em</strong>entar o alcance e a eficácia <strong>do</strong> principal recurso compl<strong>em</strong>entar –<br />

a capacitação <strong>do</strong> produtor e de sua família – para melhorar a produtividade e eficiência com<br />

que este utiliza os recursos e serviços a sua disposição (FAO, 1991, p.1).<br />

78<br />

Subtítulo de uma influente publicação, de 1988, da Ofici<strong>na</strong> Regio<strong>na</strong>l da FAO para a América Lati<strong>na</strong> e Caribe<br />

(FAO, 1991).<br />

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