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clandestinidade e repressão política, estes atores encontraram <strong>na</strong>s recém surgidas<br />

organizações não gover<strong>na</strong>mentais, ainda marcadamente influenciadas pela ideologia e<br />

pelo estilo cristãos <strong>do</strong>s “centros”, um espaço para a atuar e tiveram um papel importante<br />

ao conferir-lhes um perfil mais profissio<strong>na</strong>l e ao diversificar as suas t<strong>em</strong>áticas de<br />

atuação. As ONGs de prestação de serviços e assessoria, no início <strong>do</strong>s anos 80,<br />

proliferaram e consolidaram suas identidades institucio<strong>na</strong>is e suas propostas de ação <strong>em</strong><br />

t<strong>em</strong>pos de gradual abertura política, nos quais concomitant<strong>em</strong>ente proliferaram novos<br />

movimentos sociais. Naqueles novos t<strong>em</strong>pos, a invisibilidade das ações sociais já não<br />

era mais uma norma de atuação, as intervenções passaram a acontecer e a se consolidar<br />

<strong>na</strong> ce<strong>na</strong> pública.<br />

Estávamos diante de um tipo de recriação humanista da intervenção social,<br />

resultante <strong>do</strong> diálogo crítico com o assistencialismo cristão e com a ideologia<br />

desenvolvimentista que norteavam a ação das instituições tradicio<strong>na</strong>is.<br />

Nas representações que daí <strong>em</strong>ergiram iria ressaltar um certo tipo de humanismo. Nelas se<br />

valorizavam as práticas concretas <strong>do</strong>s indivíduos e <strong>do</strong>s grupos <strong>em</strong> contraposição às<br />

estruturas impessoais, aos objetivos abstratos e às teorias preestabelecidas. Valorizavam-se<br />

também os atos de solidariedade através <strong>do</strong>s quais os indivíduos transcendiam a roti<strong>na</strong><br />

vazia imperante <strong>na</strong> sociedade. E valorizava-se fundamentalmente uma sede de justiça que<br />

denunciava a situação social vigente. Em to<strong>do</strong>s esses aspectos, as novas práticas discursivas<br />

atingiam a racio<strong>na</strong>lidade tecnocrática e o individualismo burguês <strong>do</strong>s discursos <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntes<br />

(SADER, 1995, p.194).<br />

Os centros de educação popular e de promoção social construíram, ao longo <strong>do</strong>s<br />

70 até mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s 80, sua autonomia <strong>em</strong> relação à institucio<strong>na</strong>lidade da Igreja Católica<br />

e <strong>em</strong> relação aos próprios movimentos sociais com os quais, <strong>em</strong> alguns casos, acabavam<br />

por se confundir. Neste processo, ao mesmo t<strong>em</strong>po, as ONGs se afirmaram, assumiram<br />

a denomi<strong>na</strong>ção e passaram a construir uma identidade comum <strong>em</strong> complexos e<br />

conflituosos campos de interação. Por um la<strong>do</strong>, as ONGs, uma novidade institucio<strong>na</strong>l,<br />

tinham que se afirmar perante as agências fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong>ras, adequan<strong>do</strong> e legitiman<strong>do</strong> seus<br />

projetos e suas propostas às d<strong>em</strong>andas destas agências. Por outro la<strong>do</strong>, o processo de<br />

afirmação identitária mediava com as d<strong>em</strong>andas <strong>do</strong>s grupos, organizações e<br />

movimentos sociais com os quais desenvolviam atividades. Como destaca LANDIM<br />

(1998), a construção desta identidade gravitou entre tensas relações de autonomia e<br />

dependência estabelecidas com os componentes destes <strong>do</strong>is universos de interação.<br />

Sobretu<strong>do</strong>, esta identidade foi sen<strong>do</strong> afirmada por distinção aos modelos<br />

tradicio<strong>na</strong>is de normatização, institucio<strong>na</strong>lização e representação políticas. No con<strong>texto</strong><br />

político e cultural <strong>do</strong> país, caracteriza<strong>do</strong> pela gradual reabertura <strong>do</strong>s ca<strong>na</strong>is de<br />

participação, vivenciava-se um amplo questio<strong>na</strong>mento das organizações tradicio<strong>na</strong>is. Os<br />

sindicatos e os parti<strong>do</strong>s políticos eram bombardea<strong>do</strong>s pelas novas t<strong>em</strong>áticas e<br />

reivindicações colocadas <strong>em</strong> ce<strong>na</strong> pelos novos movimentos sociais. T<strong>em</strong>as como o<br />

ambientalismo e o f<strong>em</strong>inismo, <strong>na</strong> esteira <strong>do</strong>s questio<strong>na</strong>mentos sobre o conceito marxista<br />

de classe social, foram paulati<strong>na</strong>mente desmanchan<strong>do</strong> a solidez <strong>do</strong>s fundamentos<br />

teóricos das culturas de representação social baseadas <strong>em</strong> interpretações marxistas mais<br />

orto<strong>do</strong>xas. Toda esta conjuntura contribuiu para que se atribuísse cada vez maior<br />

importância às iniciativas locais e ao reconhecimento das diversidades culturais<br />

(LANDIM, 1998, FICO, 1999).<br />

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