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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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declínio das contribuições <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong> para as ações filantrópicas e de cooperação,<br />

<strong>em</strong> um ambiente de crescente questio<strong>na</strong>mento sobre a eficácia da cooperação<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l ao desenvolvimento (MEYER, 1995, HADENIUS & UGGLA, 1996).<br />

Esta situação fez com que as agências européias reformulass<strong>em</strong> suas estratégias<br />

de atuação. O realinhamento territorial <strong>do</strong>s recursos passou a favorecer a África e o<br />

Leste Europeu, reduzin<strong>do</strong> o apoio às ONGs latino-america<strong>na</strong>s, implican<strong>do</strong> uma<br />

significativa redução no número de ONGs apoiadas no Brasil e, principalmente, um<br />

maior rigor <strong>na</strong> seleção de novos parceiros pelas agências de cooperação. Esta nova<br />

postura, <strong>na</strong> prática, significou maiores exigências para as ONGs <strong>em</strong> termos de<br />

planejamento, avaliação, monitoramento e gerenciamento de seus projetos. A<br />

profissio<strong>na</strong>lização das ONGs passou a ser um requisito essencial à sua sobrevivência<br />

institucio<strong>na</strong>l no ambiente de concorrência por recursos para a execução de projetos.<br />

Neste cenário, os recursos que poderiam ser obti<strong>do</strong>s via parcerias com os governos<br />

locais ganhavam cada vez maior importância à sobrevivência destas organizações. O<br />

Esta<strong>do</strong> passou a ser visto com outros olhos (BOCAYUVA, 1999).<br />

T<strong>em</strong>pos atrás, as ONGs mais tradicio<strong>na</strong>is, aquelas surgidas a partir <strong>do</strong>s anos 70<br />

como assessoras privilegiadas <strong>do</strong>s movimentos sociais, construíam sua ação <strong>em</strong> espaços<br />

aban<strong>do</strong><strong>na</strong><strong>do</strong>s pelo poder público, nos quais podiam elaborar, com relativa autonomia à<br />

esfera pública, suas propostas e práticas de ação. A afinidade de objetivos entre a ação<br />

destas ONGs e as agências de cooperação garantia esta autonomia. No novo con<strong>texto</strong><br />

i<strong>na</strong>ugura<strong>do</strong> nos anos 90, foi o poder público que convocou as ONGs para que se<br />

tor<strong>na</strong>ss<strong>em</strong> parceiras <strong>na</strong> execução das políticas gover<strong>na</strong>mentais – compensatórias às<br />

conseqüências das reformas neoliberais – que alcançass<strong>em</strong> estes mesmos espaços. Foi<br />

<strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ático daquele momento o neologismo cria<strong>do</strong> pelo então presidente Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong><br />

Henrique Car<strong>do</strong>so para denomi<strong>na</strong>r os novos parceiros <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>: “organizações<br />

neogover<strong>na</strong>mentais”.<br />

Naquela conjuntura, de intensas mudanças, o caráter propositivo e crítico das<br />

ONGs mais tradicio<strong>na</strong>is passou a mediar, conflituosamente, com as ações de<br />

cooperação com o Esta<strong>do</strong> e com o desejo, cada vez mais afirma<strong>do</strong>, de interferir <strong>na</strong><br />

gestão e <strong>na</strong>s políticas públicas. Esta mediação passou a ocorrer por meio de ca<strong>na</strong>is<br />

institucio<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>s, seguin<strong>do</strong> normas e procedimentos legais que d<strong>em</strong>andaram muito<br />

mais que o simples desejo mútuo de cooperação entre as ONGs e o Esta<strong>do</strong>. Estava <strong>em</strong><br />

jogo, para uma parte destas organizações, a identidade institucio<strong>na</strong>l construída sob o<br />

signo da crítica e da oposição às propostas e às ações gover<strong>na</strong>mentais.<br />

O antagonismo, o confronto e a oposição declara<strong>do</strong>s que caracterizavam essa relação (entre<br />

Esta<strong>do</strong> e sociedade civil) no perío<strong>do</strong> de resistência contra a ditadura militar perd<strong>em</strong> espaço<br />

relativo substancial para uma nova postura de negociação que aposta <strong>na</strong> possibilidade de<br />

uma atuação conjunta, expressa paradigmaticamente <strong>na</strong> bandeira da “participação da<br />

sociedade civil” (DAGNINO, 2002, p.13).<br />

O processo de cooperação das ONGs com o Esta<strong>do</strong>, normatiza<strong>do</strong> pela Lei das<br />

OSCIPs discipli<strong>na</strong>, <strong>em</strong> seu segun<strong>do</strong> capítulo, inclusive, os termos sob os quais dev<strong>em</strong><br />

ocorrer as parcerias entre o Poder Público e tais organizações (JUNGSTEDT, 2000). De<br />

acor<strong>do</strong> com a lei, estas parcerias dev<strong>em</strong> ser monitoradas pelo poder público, desde a<br />

estipulação das metas e <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s a ser<strong>em</strong> alcança<strong>do</strong>s até a apresentação <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> a fiscalização das ações pelos órgãos responsáveis <strong>do</strong><br />

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