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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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Em 1979, Adilson Paschoal publicou “Pragas, praguicidas e a crise ambiental”,<br />

no qual argumentava que o uso crescente de agrotóxicos <strong>na</strong> agricultura moder<strong>na</strong> tinha<br />

um efeito paliativo no combate às pragas. Ao invés de eliminá-las aumentava-lhes a<br />

resistência aos seus princípios tóxicos e matava, indiscrimi<strong>na</strong>damente, seus inimigos<br />

<strong>na</strong>turais, favorecen<strong>do</strong> o seu ressurgimento. Estas idéias, <strong>em</strong>bora criticadas por inúmeros<br />

acadêmicos, foram amplamente difundidas, atrain<strong>do</strong> curiosos e adeptos ao debate sobre<br />

alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas para a agricultura moder<strong>na</strong>. Naquele con<strong>texto</strong>, a Associação<br />

<strong>do</strong>s Engenheiros Agrônomos de São Paulo (AEASP) criou um grupo de trabalho para<br />

debater os probl<strong>em</strong>as ambientais e sociais provoca<strong>do</strong>s pela modernização <strong>do</strong> agro. Este<br />

grupo, pouco depois, com o crescimento de adesões e <strong>do</strong> interesse pelo t<strong>em</strong>a da<br />

agricultura alter<strong>na</strong>tiva, passou a pesquisar sobre experiências com méto<strong>do</strong>s alter<strong>na</strong>tivos<br />

(GRAZIANO NETO, 1985).<br />

Em 1980, A<strong>na</strong> Primavesi, então professora da Universidade Federal de Santa<br />

Maria, publicou “O manejo ecológico <strong>do</strong> solo”, questio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> os mo<strong>do</strong>s convencio<strong>na</strong>is<br />

que eram utiliza<strong>do</strong>s para avaliar e para reproduzir a sua fertilidade <strong>na</strong>tural. Primavesi<br />

defendia que os solos deveriam ser considera<strong>do</strong>s como substratos vivos que davam<br />

suporte à produção agrícola, uma concepção que rompia com a percepção convencio<strong>na</strong>l<br />

que os imagi<strong>na</strong>va como meros suportes mecânicos e químicos para as plantas. Estas<br />

diferenças de percepção implicavam recomendações técnicas bastante distintas quanto<br />

ao uso de adubos e fertilizantes químicos e, talvez mais importante, traziam à ce<strong>na</strong> um<br />

debate sobre mo<strong>do</strong>s alter<strong>na</strong>tivos de compreensão e uso <strong>do</strong> conhecimento científico a<br />

respeito das interações entre a prática agrícola e o meio ambiente.<br />

Este debate de cunho ambientalista dialogava com os argumentos que defendiam<br />

a necessidade de reforçar estratégias políticas que permitiss<strong>em</strong> aos pequenos produtores<br />

permanecer no campo, <strong>em</strong> melhores condições, s<strong>em</strong> que para isto tivess<strong>em</strong> que,<br />

necessariamente, aderir aos pacotes tecnológicos da revolução verde. Contribuin<strong>do</strong> com<br />

este debate, <strong>em</strong> 1981, circulou um <strong>texto</strong> de João Bosco Pinto, intitula<strong>do</strong> “Tecnologia e<br />

peque<strong>na</strong> produção no desenvolvimento rural” (PINTO, 1981), no qual ele expunha o<br />

argumento que uma agricultura alter<strong>na</strong>tiva deveria reforçar os processos de organização<br />

e de resistência <strong>do</strong>s agricultores tradicio<strong>na</strong>is no campo, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />

deveria buscar novas estratégias de produção e inserção nos merca<strong>do</strong>s. Naquele mesmo<br />

início de década, Horácio Martins de Carvalho, então diretor de um departamento de<br />

economia rural da secretaria de agricultura <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Paraná, introduziu o debate<br />

sobre as tecnologias socialmente apropriadas, imagi<strong>na</strong>n<strong>do</strong>, <strong>na</strong>quelas tecnologias, uma<br />

alter<strong>na</strong>tiva para os pequenos produtores.<br />

(...) se as tecnologias importadas não atend<strong>em</strong> satisfatoriamente às exigências objetivas <strong>do</strong>s<br />

países <strong>em</strong> desenvolvimento, tor<strong>na</strong>-se necessário gerar nova tecnologia e um <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as<br />

que se coloca é fortificar e muitas vezes reestabelecer sua capacidade endóge<strong>na</strong> de invenção<br />

e de inovação. Implica, entre outras coisas, a invenção e difusão de novos tipos de<br />

tecnologia e de novas formas de organização melhor adaptadas às condições locais<br />

(CARVALHO, 1982, p.34).<br />

Estas idéias e ideais ganharam um importante fórum com a realização <strong>do</strong> I<br />

Encontro Brasileiro de Agricultura Alter<strong>na</strong>tiva (EBAA), realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Curitiba pela<br />

Federação das Associações <strong>do</strong>s Engenheiros Agrônomos <strong>do</strong> Brasil (FAEAB) e pela<br />

Federação <strong>do</strong>s Estudantes de Agronomia <strong>do</strong> Brasil (FEAB), com o apoio da prefeitura<br />

municipal de Curitiba, então gerida por Jaime Lerner. O evento conseguiu mobilizar um<br />

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