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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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fumo, suínos e laticínios <strong>integra</strong>ram um boa parte <strong>do</strong>s agricultores familiares <strong>em</strong> suas<br />

cadeias produtivas, modifican<strong>do</strong> drasticamente os sist<strong>em</strong>as tradicio<strong>na</strong>is de cultivo e<br />

criação pratica<strong>do</strong>s por eles. 111 Os que não quiseram ou não puderam se <strong>integra</strong>r às<br />

agroindústrias permaneceram <strong>na</strong> marg<strong>em</strong> da capacidade de reprodução econômica e<br />

social como agricultores. O mesmo ocorreu com aqueles que não possuíam a<br />

propriedade das terras que cultivavam ou não tinham terras <strong>em</strong> extensão suficiente para<br />

mecanizar ou produzir <strong>em</strong> larga escala. Em sua maioria, estes agricultores produziam<br />

milho, feijão e erva-mate e praticavam algum tipo de consórcio que, eventualmente,<br />

envolvia a criação de animais (DELGADO & ROMANO, 1999). O uso de variedades e<br />

cultivares tradicio<strong>na</strong>is ou rústicas vinha, ano após ano, sob incentivo <strong>do</strong>s órgãos oficiais<br />

de pesquisa e extensão rural, ceden<strong>do</strong> espaço às variedades melhoradas. S<strong>em</strong> outras<br />

perspectivas, a melhoria das condições econômicas destes agricultores parecia estar<br />

inevitavelmente associada ao acesso a fatores de produção (mecanização, corretivos e<br />

adubos) que aliviass<strong>em</strong> as precárias condições <strong>na</strong>turais <strong>do</strong>s solos de cultivo (acidez e<br />

baixa disponibilidade de fósforo). A saída vislumbrada era, portanto, a a<strong>do</strong>ção de<br />

padrões tecnológicos modernos. Os limites fi<strong>na</strong>nceiros <strong>do</strong>s agricultores restringiram esta<br />

perspectiva.<br />

Os agricultores moderniza<strong>do</strong>s geralmente produziam soja, fumo, leite e suínos e<br />

quase s<strong>em</strong>pre se <strong>integra</strong>vam às cadeias produtivas agroindustriais. Sua situação<br />

econômica era relativamente melhor <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>s agricultores tradicio<strong>na</strong>is, <strong>em</strong>bora<br />

houvesse um grande número de endivida<strong>do</strong>s entre os que arrendavam terras para<br />

produzir soja e entre os que dependiam das <strong>em</strong>presas fumageiras para comercializar<br />

suas lavouras. Ad<strong>em</strong>ais, a ampla extensão <strong>do</strong>s cultivos e sua uniformidade, o uso<br />

intensivo de mecanização, agrotóxicos e adubos químicos tinham um efeito negativo<br />

sobre os recursos <strong>na</strong>turais, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> seus sist<strong>em</strong>as de produção ambientalmente<br />

insustentáveis <strong>em</strong> médio prazo. Para mantê-los minimamente rentáveis, estes<br />

agricultores eram força<strong>do</strong>s a recorrer ao crédito bancário para fi<strong>na</strong>nciar custos. Muitos<br />

não conseguiam saldar suas dívidas e, com o t<strong>em</strong>po, acabavam perden<strong>do</strong> terras e<br />

largan<strong>do</strong> a agricultura. Deste mo<strong>do</strong>, tanto os agricultores menos capitaliza<strong>do</strong>s quanto<br />

aqueles que, b<strong>em</strong> ou mal, conseguiam se inserir nos merca<strong>do</strong>s regio<strong>na</strong>is sofriam as<br />

conseqüências <strong>do</strong> modelo de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento basea<strong>do</strong> nos princípios da<br />

agricultura moder<strong>na</strong>.<br />

No diagnóstico elabora<strong>do</strong> pela AS-PTA, a modernização <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as de<br />

produção tradicio<strong>na</strong>is implicou um processo de “geração de dependência técnica e<br />

cultural” <strong>do</strong>s agricultores <strong>em</strong> relação aos agentes, geralmente gover<strong>na</strong>mentais, que<br />

promoviam tal modelo.<br />

Ao romper com as formas tradicio<strong>na</strong>is de produção de conhecimentos para o manejo<br />

agrícola, o processo de desenvolvimento tecnológico da agroquímica passa a se dar de<br />

forma dissociada das dinâmicas socioculturais das comunidades, numa clara desvalorização<br />

<strong>do</strong>s saberes locais e <strong>do</strong>s processos espontâneos de geração de inovações técnicas, eles<br />

mesmos inseri<strong>do</strong>s <strong>na</strong> cultura local <strong>em</strong> sua acepção mais ampla. Nessa ord<strong>em</strong> de idéias, a<br />

incorporação generalizada de “pacotes tecnológicos” da agroquímica pela agricultura<br />

familiar (...) favorecia o fortalecimento da indução ao processo de geração de dependência<br />

técnica e cultural (PETERSEN, TARDIN & MAROCHI, 2002, p.17).<br />

111 Na região, 90% das propriedades têm menos de 50 há, no entanto ocupam ape<strong>na</strong>s um terço da área<br />

agricultável. As grandes propriedades o restante (WEID, 2001).<br />

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