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heg<strong>em</strong>ônica, promov<strong>em</strong> discursos de exaltação de suas qualidades, concepções e<br />

estratégias. Assim, a perspectiva agroecológica <strong>do</strong> desenvolvimento passou a ser<br />

afirmada <strong>em</strong> oposição ao “modelo convencio<strong>na</strong>l” ou às “tecnologias moder<strong>na</strong>s”. Na<br />

construção <strong>do</strong> discurso de mediação entre os agentes técnicos e o seu público-alvo, o<br />

processo de persuasão t<strong>em</strong> como el<strong>em</strong>ento fundamental o exercício de desqualificação<br />

<strong>do</strong>s discursos concorrentes e a afirmação identitária da proposta alter<strong>na</strong>tiva. Vejamos:<br />

(...) as chamadas “tecnologias moder<strong>na</strong>s” (...) depend<strong>em</strong> <strong>do</strong> uso maciço de insumos, tais<br />

como adubos químicos, os agrotóxicos, as s<strong>em</strong>entes híbridas, e mecanização motorizada<br />

(...) Dificilmente este tipo de tecnologia é a<strong>do</strong>tada pelos pequenos agricultores por uma<br />

razão muito simples, são caras (...) Ao a<strong>do</strong>tar<strong>em</strong> estas tecnologias, os agricultores<br />

aban<strong>do</strong><strong>na</strong>m suas práticas tradicio<strong>na</strong>is, perd<strong>em</strong> o material genético que reproduziam a<br />

décadas e as vezes a séculos, e degradam o meio ambiente que depend<strong>em</strong> para sobreviver<br />

pois estas tecnologias não são apropriadas as condições ecológicas locais. No fim <strong>do</strong><br />

projeto os técnicos se retiram alegan<strong>do</strong> que os agricultores não foram competentes <strong>em</strong> se<br />

apropriar das tecnologias por eles proporcio<strong>na</strong>das (PETERSEN, 1996, p.3).<br />

Na busca por novos méto<strong>do</strong>s de trabalho, a aproximação aos referenciais da<br />

agroecologia também ocorreu como um des<strong>do</strong>bramento de contatos manti<strong>do</strong>s com<br />

outras experiências próximas a <strong>do</strong> PTA <strong>em</strong> outros países, principalmente aquelas<br />

filiadas ao Consórcio Latino Americano de Agroecologia e Desenvolvimento<br />

(CLADES) 107 . No início <strong>do</strong>s anos 90, este consórcio reunia <strong>do</strong>ze ONGs latinoamerica<strong>na</strong>s<br />

de oito países que trabalhavam com propostas alter<strong>na</strong>tivas que, <strong>em</strong> algum<br />

momento, faziam referência ao ideário agroecológico. A idéia <strong>do</strong> consórcio era difundir<br />

as bases <strong>do</strong>s preceitos agroecológicos, estimulan<strong>do</strong> pesquisas e intercâmbio de<br />

informações. A publicação de um periódico s<strong>em</strong>estral, a Revista Agroecologia y<br />

Desarrollo, além de possibilitar a publicação de discussões mais conceituais sobre os<br />

princípios agroecológicos, cumpria o papel de veículo de divulgação científica de várias<br />

pesquisas e experimentos com práticas agroecológicas. A publicação <strong>em</strong> espanhol teve<br />

ape<strong>na</strong>s o primeiro número traduzi<strong>do</strong>, pela AS-PTA, para o português, o que deve ter<br />

limita<strong>do</strong> o alcance de sua influência sobre os técnicos da Rede PTA. Outra estratégia<br />

utilizada pelo CLADES foi a promoção de cursos, <strong>em</strong> vários níveis de especialização,<br />

para técnicos de ONGs e lideranças de agricultores.<br />

Embora a AS-PTA, ao menos <strong>em</strong> seu discurso público, não manifestasse o<br />

interesse <strong>em</strong> filiar-se a uma das correntes que sist<strong>em</strong>atizavam conhecimentos para a<br />

construção de modelos alter<strong>na</strong>tivos de agricultura, havia uma d<strong>em</strong>anda, de certo mo<strong>do</strong><br />

implícita, de alguns de seus fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong>res por uma melhor definição quanto à<br />

pertinência da proposta a um referencial teórico menos amplo e difuso <strong>do</strong> que a noção<br />

de tecnologias alter<strong>na</strong>tivas propiciava (WEID, 1997). O momento de criação da AS-<br />

PTA, começo <strong>do</strong>s anos 90, era um perío<strong>do</strong> de crescente afirmação <strong>do</strong> discurso sobre a<br />

sustentabilidade <strong>do</strong> desenvolvimento, que começava a angariar bastante simpatia entre<br />

os responsáveis pela formulação de planos e propostas de atuação das agências<br />

gover<strong>na</strong>mentais (<strong>em</strong> suas várias instâncias) direcio<strong>na</strong>das ao agro (GUZMÁN, 1997).<br />

A perspectiva agroecológica de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento, longe de ser um<br />

receituário acaba<strong>do</strong> sobre estratégias e méto<strong>do</strong>s, identifica-se com o amplo conjunto de<br />

enfoques, de cunho ambientalista que, potencialmente, ofereceria alter<strong>na</strong>tivas ao estilo<br />

de produção pratica<strong>do</strong> e difundi<strong>do</strong> pela agricultura moder<strong>na</strong> e <strong>em</strong>presarial, base <strong>do</strong><br />

107 A partir de sua fundação, a AS-PTA passou a <strong>integra</strong>r o CLADES.<br />

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