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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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desenvolvimento agrícola sustentável como referencial de atuação técnica e política”<br />

(PETERSEN, TARDIN & MAROCHI, 2002). 112<br />

Para os agricultores, a participação no Conselho e, posteriormente, no Fórum,<br />

além de sua presença <strong>em</strong> cursos s<strong>em</strong>inários e encontros diversos, representava tanto um<br />

ambiente de aprendiza<strong>do</strong> político sobre os mo<strong>do</strong>s e caminhos institucio<strong>na</strong>is pelos quais<br />

as negociações para concretização das propostas ocorriam, quanto um espaço para troca<br />

de informações e experiências, com profissio<strong>na</strong>is e agricultores, sobre técnicas e meios<br />

alter<strong>na</strong>tivos de produção. Eram ambientes de socialização, de contato com velhos e<br />

novos valores culturais, principalmente aqueles trazi<strong>do</strong>s pela proposta de inovação<br />

tecnológica da AS-PTA. Na verdade, os agricultores eram chama<strong>do</strong>s a participar da<br />

construção de novos ca<strong>na</strong>is institucio<strong>na</strong>is, nos quais eles supostamente teriam maior<br />

poder de decisão sobre os rumos <strong>do</strong>s projetos de desenvolvimento, revisan<strong>do</strong> a<br />

concepção, amplamente arraigada, de que o acesso a negociações políticas e o<br />

encaminhamento de propostas aos poderes locais e regio<strong>na</strong>is seria, de alguma mo<strong>do</strong>,<br />

restrito aos profissio<strong>na</strong>is da acad<strong>em</strong>ia ou da política.<br />

A participação <strong>do</strong>s agricultores nos distintos espaços públicos de participação institucio<strong>na</strong>l<br />

t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> fundamental (...). Há, com esse esforço permanente, a perspectiva de que os<br />

movimentos venham paulati<strong>na</strong>mente incorporan<strong>do</strong> a lógica de trabalho ao se relacio<strong>na</strong>r<br />

com os órgãos públicos e isso v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong> reconheci<strong>do</strong> pelas organizações regio<strong>na</strong>is. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, o conteú<strong>do</strong> agroecológico é o pano de fun<strong>do</strong> da ação política <strong>do</strong>s movimentos,<br />

sen<strong>do</strong> esta fort<strong>em</strong>ente respaldada pelo processo de experimentação de propostas inova<strong>do</strong>ras<br />

para o manejo <strong>do</strong>s agroecossist<strong>em</strong>as e pelas atividades de capacitação. A ação política <strong>do</strong>s<br />

movimentos regio<strong>na</strong>is, nessa ord<strong>em</strong> de idéias, deve estar colada às iniciativas para a<br />

geração e a difusão de propostas concretas para o enfrentamento da probl<strong>em</strong>ática<br />

vivenciada pela agricultura familiar e essas sen<strong>do</strong> geradas nos processos locais, envolven<strong>do</strong><br />

ampla participação das comunidades (AS-PTA, 1998, p.24).<br />

No processo de promoção da participação <strong>do</strong>s agricultores e de lideranças locais,<br />

o evento da construção <strong>do</strong> diagnóstico é um el<strong>em</strong>ento central. À parte to<strong>do</strong>s os contatos<br />

formais e informais que aconteceram antes e durante a instalação <strong>do</strong> programa, é <strong>na</strong><br />

elaboração <strong>do</strong> diagnóstico que vão se estabelecen<strong>do</strong> relações mais próximas e<br />

significativas entre os agricultores, as lideranças e os técnicos assessores. O diagnóstico,<br />

qualifica<strong>do</strong> de rápi<strong>do</strong> e participativo, é, como vimos, um méto<strong>do</strong> para construção de<br />

novas compreensões e novos senti<strong>do</strong>s coletivos que possibilit<strong>em</strong> aos envolvi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> sua<br />

feitura explicar tanto a realidade quanto as causas da situação vivida por aqueles que a<br />

compõ<strong>em</strong>. Imagi<strong>na</strong>-se uma via de mão dupla: os técnicos aprenderiam – a partir <strong>do</strong>s<br />

conhecimentos cotidianos acumula<strong>do</strong>s pelos agricultores e d<strong>em</strong>ais agentes – a respeito<br />

<strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> lugar; os agricultores, por sua vez, tomariam contato<br />

com explicações científicas para os probl<strong>em</strong>as identifica<strong>do</strong>s ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />

tentariam perceber o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> mapeamento da realidade proposto pelos técnicos. Em<br />

uma situação ideal, haveria aprendiza<strong>do</strong> mútuo.<br />

112 Em 2001 o Fórum era forma<strong>do</strong> por 15 sindicatos de trabalha<strong>do</strong>res rurais e aproximadamente duzentas<br />

associações comunitárias, incluin<strong>do</strong> grupos de mulheres e jovens (WEID, 2001). Os eventos mais importantes para<br />

a difusão e constituição político-organizativa <strong>do</strong> programa de desenvolvimento local foram: o 1º Congresso da<br />

Agricultura Familiar <strong>do</strong> Centro-Sul <strong>do</strong> Paraná, <strong>em</strong> 1995; o 2º Congresso, <strong>em</strong> 1998; o 1º Encontro Regio<strong>na</strong>l da<br />

Juventude Rural, <strong>em</strong> 1999; a 14ª Romaria da Terra, <strong>em</strong> 1999, que a<strong>do</strong>tou o l<strong>em</strong>a “Produzir o alimento sagra<strong>do</strong> e<br />

viver <strong>em</strong> comunhão”; também <strong>em</strong> 1999, a 1ª Romaria da Juventude Rural, <strong>em</strong> 1999, e a 2ª, <strong>em</strong> 2000, que<br />

culmi<strong>na</strong>ram com a realização, também <strong>em</strong> 2000, <strong>do</strong> 1º Congresso da Juventude Rural <strong>do</strong> Centro-Sul <strong>do</strong> Paraná<br />

(AS-PTA, 2001).<br />

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