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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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sist<strong>em</strong>as de produção <strong>do</strong>s pequenos e não buscar respostas pontuais para probl<strong>em</strong>as<br />

pontuais. A conclusão foi que o saber camponês e a capacidade de difusão <strong>do</strong>s próprios<br />

agricultores eram el<strong>em</strong>entos-chave de uma estratégia de desenvolvimento mas não podiam,<br />

isoladamente, constituir a própria estratégia (WEID, 1997, p.21).<br />

Um outro tipo de abordag<strong>em</strong>, muito comum entre os técnicos das equipes <strong>do</strong><br />

PTA, sequer conferia qualquer importância à participação <strong>do</strong>s agricultores <strong>na</strong> geração<br />

de novas tecnologias, priorizan<strong>do</strong> os aportes alter<strong>na</strong>tivos que já eram de conhecimento<br />

prévio <strong>do</strong>s técnicos e repassan<strong>do</strong>-os aos agricultores <strong>em</strong> cursos de extensão e <strong>em</strong> dias de<br />

campo. WEID (1997) explica que este “pacote tecnológico alter<strong>na</strong>tivo” ficou conheci<strong>do</strong><br />

entre os técnicos como a “síndrome <strong>do</strong> CCC”, uma referência às três técnicas mais<br />

difundidas pelo “pacote”: composto orgânico (para fertilização <strong>do</strong>s solos), cobertura<br />

morta e curva de nível (ambas técnicas utilizadas para diminuir os efeitos <strong>do</strong>s cultivos<br />

<strong>na</strong> erosão <strong>do</strong>s solos). Obviamente, esta prática de extensão por ataca<strong>do</strong> desconsiderava<br />

as particularidades <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as locais de produção.<br />

Uma das equipes <strong>do</strong> PTA chegou a realizar 60 cursos para um total de 1000 participantes<br />

<strong>em</strong> um único ano, contan<strong>do</strong> com ape<strong>na</strong>s <strong>do</strong>is técnicos. Dava-se por conta<strong>do</strong> que os<br />

cursan<strong>do</strong>s não só a<strong>do</strong>tariam as técnicas como as difundiriam <strong>na</strong>s suas bases. Uma avaliação<br />

posterior mostrou que a a<strong>do</strong>ção destas propostas ficou muito aquém das expectativas,<br />

<strong>em</strong>bora, <strong>em</strong> alguns casos específicos, os sucessos tenham si<strong>do</strong> impressio<strong>na</strong>ntes (WEID,<br />

1997, p.21-2).<br />

Nos CTAs, as estratégias de difusão de novas tecnologias também variaram<br />

bastante de acor<strong>do</strong> com as características das equipes e, principalmente, com<br />

particularidades das áreas de inserção <strong>do</strong>s centros. Mas, de um mo<strong>do</strong> geral, não houve<br />

inovações consideráveis <strong>em</strong> relação aos méto<strong>do</strong>s correntes de extensão rural. A própria<br />

disponibilidade de uma área d<strong>em</strong>onstrativa induzia a práticas de dias de campo e de<br />

d<strong>em</strong>onstrações para grupos de agricultores. Em Ouricuri, por ex<strong>em</strong>plo, a equipe técnica<br />

desenvolveu uma técnica pedagógica que aliava os cursos de capacitação a práticas<br />

d<strong>em</strong>onstrativas (MONTEIRO, 1988). Na avaliação da coorde<strong>na</strong>ção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, durante os<br />

cinco primeiros anos de atuação <strong>do</strong> PTA, não houve investimento para desenvolver<br />

estratégias de difusão ou de comunicação que se mostrass<strong>em</strong> mais eficazes para a<br />

expansão das propostas alter<strong>na</strong>tivas. Houve, ao contrário, uma marcante assimetria entre<br />

a oferta de alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas aos diversos sist<strong>em</strong>as de produção e a capacitação<br />

da equipe técnica para torná-las compreensíveis pelos agricultores que deveriam a<strong>do</strong>tálas.<br />

O viés acadêmico <strong>do</strong>s cursos teóricos intensivos e o papel preponderante <strong>do</strong><br />

conhecimento científico <strong>do</strong>s técnicos <strong>na</strong> explicação das tecnologias e das mudanças<br />

d<strong>em</strong>andadas, de um mo<strong>do</strong> geral, criaram mais distanciamento que comunicação entre<br />

técnicos e agricultores. Esta percepção também é evidenciada no estu<strong>do</strong> de CINTRÃO<br />

(1996), que tratou <strong>do</strong> trabalho desenvolvi<strong>do</strong> pelo Centro de Tecnologias Alter<strong>na</strong>tivas da<br />

Zo<strong>na</strong> da Mata (CTA-ZM) <strong>em</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais.<br />

As propostas alter<strong>na</strong>tivas difundidas aos agricultores d<strong>em</strong>andavam deles a<br />

apreensão de uma quantidade muito grande de informações <strong>em</strong> perío<strong>do</strong>s de t<strong>em</strong>po muito<br />

curtos. A agravante é que estas informações eram referidas a diferentes etapas de<br />

evolução <strong>do</strong> ciclo <strong>na</strong>tural de desenvolvimento das culturas ou criações, requeren<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

agricultores – <strong>em</strong> caso de sua a<strong>do</strong>ção das novas práticas e <strong>na</strong> ausência de um<br />

acompanhamento técnico eficaz – ou uma sist<strong>em</strong>atização por escrito <strong>do</strong>s procedimentos<br />

aprendi<strong>do</strong>s nos cursos, para consulta futura, ou a busca destas informações <strong>em</strong> outro<br />

material informativo. N<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os agricultores tinham acesso a estes recursos. Outro<br />

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