Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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fator importante <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s limites das estratégias de extensão era o próprio<br />
teor das mudanças que as propostas alter<strong>na</strong>tivas traziam àquelas praticadas pelos<br />
agricultores. Caso aceitass<strong>em</strong> mudar <strong>em</strong> parte ou totalmente os seus sist<strong>em</strong>as de<br />
produção, os agricultores deveriam estar prepara<strong>do</strong>s para transformações radicais <strong>em</strong><br />
seus mo<strong>do</strong>s de vida e de trabalho, assumin<strong>do</strong> tanto os riscos inerentes a tal <strong>em</strong>preitada<br />
quanto os investimentos necessários (por ex<strong>em</strong>plo, maior intensidade no <strong>em</strong>prego da<br />
mão-de-obra disponível). Os riscos eram ainda maiores porque não havia, salvo raras<br />
exceções, segurança <strong>do</strong>s técnicos quanto à adequação das novas tecnologias propostas –<br />
foss<strong>em</strong> elas mais ou menos pontuais – aos sist<strong>em</strong>as produtivos que resultariam das<br />
mudanças (PTA-FASE, 1988).<br />
(...) apesar das limitações apontadas anteriormente, a ação <strong>do</strong> programa foi suficiente para<br />
criar uma pré-disposição favorável à sua continuação por parte das organizações de<br />
pequenos produtores beneficia<strong>do</strong>s. Além disso, ao nível mais macro, as atividades <strong>do</strong><br />
programa introduziram o debate sobre as alter<strong>na</strong>tivas <strong>em</strong> meios até então alheios ou hostis a<br />
esta probl<strong>em</strong>ática, tais como as Universidades Rurais, a Embrapa e a extensão rural oficial.<br />
(...) Os impactos obti<strong>do</strong>s eram positivos mas parciais e pulveriza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> comunidades<br />
dispersas e ignoradas pelo público <strong>em</strong> geral, não permitin<strong>do</strong> uma d<strong>em</strong>onstração mais<br />
massiva <strong>do</strong> potencial das alter<strong>na</strong>tivas (WEID, 1997, p.28).<br />
Os debates realiza<strong>do</strong>s durante o Encontro Nacio<strong>na</strong>l <strong>em</strong> 88, de um mo<strong>do</strong> geral,<br />
concordavam com esta avaliação. Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que as deliberações <strong>do</strong><br />
Encontrão rejeitaram a sugestão de filiação da proposta a uma determi<strong>na</strong>da escola ou<br />
corrente de agricultura alter<strong>na</strong>tiva, como padrão e referência à sua atuação, afirmavam<br />
que a proposta de desenvolvimento <strong>do</strong> PTA-FASE expressava relações sociais de<br />
disputas por poder, portanto não podia prescindir de um marcante caráter políticoorganizativo,<br />
compl<strong>em</strong>entar ou até mesmo indissociável ao aspecto técnico-científico,<br />
inerente à própria proposta. À coorde<strong>na</strong>ção e as diversas equipes de assessoria aos<br />
movimentos sociais, avaliavam os debates, caberia desenvolver os meios e as estratégias<br />
que possibilitass<strong>em</strong> um maior equilíbrio entre estes <strong>do</strong>is aspectos <strong>na</strong>s práticas de seus<br />
agentes.<br />
A avaliação <strong>do</strong> Encontro Nacio<strong>na</strong>l, <strong>do</strong> fi<strong>na</strong>l de 88, estimulou a Coorde<strong>na</strong>ção<br />
Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> PTA a rever suas funções e o mo<strong>do</strong> como o projeto vinha se organizan<strong>do</strong><br />
até então. Se por um la<strong>do</strong> o Encontrão representou um marco ao socializar diversos<br />
questio<strong>na</strong>mentos e alinhavar determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s consensos, por outro, <strong>na</strong> visão da<br />
coorde<strong>na</strong>ção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, o encontro serviu para confirmar uma tese que já há algum t<strong>em</strong>po<br />
vinha preocupan<strong>do</strong>-a. A coorde<strong>na</strong>ção pode constatar, então, como o seu trabalho de<br />
articulação das diversas equipes era percebi<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> equivoca<strong>do</strong> pelos componentes<br />
destas equipes. De acor<strong>do</strong> com a leitura que faziam, os coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>res teriam atribuí<strong>do</strong> à<br />
equipe uma imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> PTA como se fosse uma estrutura hierarquicamente definida,<br />
que exercia o seu poder decisório por intermédio das Coorde<strong>na</strong>ções Regio<strong>na</strong>is e,<br />
principalmente, da Coorde<strong>na</strong>ção Nacio<strong>na</strong>l (SOTO, 1992). A esta coorde<strong>na</strong>ção caberia a<br />
função de definir as políticas e estratégias de ação, de fi<strong>na</strong>nciamento e de expansão <strong>do</strong><br />
projeto. E isto era ti<strong>do</strong> como algo positivo pelos técnicos; algo que restringia, de algum<br />
mo<strong>do</strong>, as responsabilidades das equipes locais, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que assegurava<br />
uma certa direção quanto os rumos a tomar. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, as orientações das<br />
coorde<strong>na</strong>ções eram relativizadas pelas equipes locais, para as quais os preceitos mais<br />
gerais da proposta deveriam ser contrasta<strong>do</strong>s com os fatores que, <strong>em</strong> cada situação,<br />
influíam nos rumos das ações. Esta tensão enfraquecia a própria proposta <strong>do</strong> PTA.<br />
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