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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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organizações de base e organizações de movimentos sociais, trataram de articular e<br />

incr<strong>em</strong>entar processos microsociais que buscavam alter<strong>na</strong>tivas de produção mais b<strong>em</strong><br />

apropriadas às d<strong>em</strong>andas de grupos sociais historicamente subordi<strong>na</strong><strong>do</strong>s, contribuin<strong>do</strong>,<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po, para afirmar ou reafirmar identidades construídas pela ação daqueles<br />

grupos (FRANK & FUENTES, 1989, SANTOS & RODRÍGUEZ, 2002).<br />

Estas características gerais, e bastante positivas, no entanto, dev<strong>em</strong> ser<br />

atribuídas, principalmente, ao conjunto das ONGs que Leilah Landim definiu como<br />

“históricas” (LANDIM, 1998). A ação destas ONGs, inicialmente oposta ao Esta<strong>do</strong> e<br />

descolada <strong>do</strong>s incentivos <strong>do</strong>s governos, tornou-se, com o passar <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po, cada vez<br />

mais relacio<strong>na</strong>da à crescente transferência de responsabilidades e recursos das<br />

instituições e organizações gover<strong>na</strong>mentais para as não-gover<strong>na</strong>mentais, o que<br />

contribuiu, <strong>na</strong>turalmente, para o abrandamento das propostas ou ideais mais radicais que<br />

caracterizavam os primórdios de sua ação social, conduzin<strong>do</strong>-as a uma postura política<br />

de maior colaboração com as institucio<strong>na</strong>lidades gover<strong>na</strong>mentais e suas propostas de<br />

revisão e reforma das políticas públicas direcio<strong>na</strong>das aos setores populares. Neste<br />

con<strong>texto</strong>, o principal impacto de sua ação, ao longo de três décadas, talvez tenha si<strong>do</strong> a<br />

diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>ção da idéia de que o Esta<strong>do</strong> e os atores econômicos não estavam sozinhos <strong>na</strong><br />

determi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s rumos das políticas de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. Foi fican<strong>do</strong><br />

evidente que <strong>na</strong> disputa política por esta determi<strong>na</strong>ção tinham entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> ce<strong>na</strong> novos<br />

atores e novas concepções.<br />

A ação destas organizações teve um papel importante <strong>na</strong> produção de mudanças<br />

significativas <strong>na</strong> institucio<strong>na</strong>lidade da promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. A medida <strong>do</strong><br />

alcance destas mudanças pode ser percebida <strong>em</strong> diversos níveis das relações sociais: no<br />

mo<strong>do</strong> como se articularam e se difundiram novas visões sobre o t<strong>em</strong>a, influencian<strong>do</strong> a<br />

pesquisa acadêmica e a formação profissio<strong>na</strong>l 66 ; no surgimento de novos padrões e<br />

ca<strong>na</strong>is de interação, com a criação de redes de comunicação e solidariedade, que se<br />

des<strong>do</strong>braram, <strong>em</strong> alguns casos, no fortalecimento da presença política de grupos locais;<br />

e <strong>na</strong> influência de sua ação sobre a gestão de políticas públicas com o surgimento de<br />

novas instituições.<br />

Neste processo, as ONGs, junto com as organizações de movimentos sociais,<br />

contribuíram (fornecen<strong>do</strong>-lhes um quadro organizacio<strong>na</strong>l) para tor<strong>na</strong>r pública a<br />

mobilização e a luta cotidia<strong>na</strong> de vários atores que movimentavam a sociedade desde<br />

suas localidades, reagin<strong>do</strong> ao poder determi<strong>na</strong>nte das estruturas, inventan<strong>do</strong> novos<br />

mo<strong>do</strong>s para compreender e promover o desenvolvimento. Com isso, gradativamente, a<br />

agenda política da promoção <strong>do</strong> desenvolvimento mu<strong>do</strong>u, abrin<strong>do</strong> espaço para novos<br />

t<strong>em</strong>as, como, por ex<strong>em</strong>plo, a necessidade de participação mais ativa <strong>do</strong>s beneficiários<br />

das ações, a importância <strong>do</strong> fator local ou territorial para a formulação de políticas<br />

públicas, a sustentabilidade como critério para a impl<strong>em</strong>entação de projetos, a<br />

consideração <strong>do</strong> papel da mulher, a necessidade de geração de tecnologias apropriadas<br />

às diversidades sociais e ambientais etc.<br />

66 Vimos anteriormente como a t<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> meio ambiente tornou-se constitutiva <strong>do</strong> discurso oficial por meio da<br />

diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> discurso da sustentabilidade <strong>do</strong> desenvolvimento. Do mesmo mo<strong>do</strong>, o ideal da participação <strong>do</strong>s<br />

grupos beneficia<strong>do</strong>s por ações de políticas públicas ganhou importância <strong>na</strong>s intenções manifestadas pelos agentes<br />

que impl<strong>em</strong>entam tais políticas.<br />

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