Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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envolviam a construção de uma ampla rede de contatos informais, que aconteciam por<br />
meio de afinidades e recomendações de lideranças sindicais e religiosas. Prevaleciam,<br />
portanto, as relações pessoais, as proximidades ideológicas e o ativismo. No segun<strong>do</strong><br />
momento, dispon<strong>do</strong> de mais recursos, inclusive fi<strong>na</strong>nceiros, o projeto, aproveitan<strong>do</strong><br />
condições favoráveis, estruturou um centro de <strong>do</strong>cumentação e diversas equipes<br />
técnicas distribuídas <strong>em</strong> regiões estratégicas. Em um terceiro momento, surgiram os<br />
Centros de Tecnologia Alter<strong>na</strong>tiva (CTAs), espécie de estações experimentais <strong>na</strong>s quais<br />
as inovações tecnológicas eram testadas. Nos CTAs, a estratégia de intervenção assumia<br />
um conteú<strong>do</strong> mais pedagógico, envolven<strong>do</strong> os agricultores <strong>em</strong> práticas de<br />
experimentação e aprendiza<strong>do</strong>.<br />
O PTA-FASE manteve, neste perío<strong>do</strong> formativo, o perfil característico das<br />
ONGs que trabalham com a t<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> desenvolvimento: foi a lugares “esqueci<strong>do</strong>s”<br />
pelo Esta<strong>do</strong>, atuou localmente com uma peque<strong>na</strong> equipe técnica, ca<strong>na</strong>lizan<strong>do</strong> recursos<br />
de agências inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de cooperação ao desenvolvimento, chegou e interveio <strong>na</strong>s<br />
comunidades por mediação de outros agentes que tinham histórico de atuação <strong>na</strong> região<br />
e, por fim, construiu redes de comunicação e solidariedade para dar suporte à sua ação.<br />
Neste processo, utilizou méto<strong>do</strong>s que buscaram facilitar a participação <strong>do</strong>s agricultores<br />
<strong>em</strong> todas as atividades desenvolvidas. Estas características fortaleceram a concepção de<br />
um trabalho de assessoria que buscou incr<strong>em</strong>entar determi<strong>na</strong>das capacidades<br />
institucio<strong>na</strong>is de organizações de agricultores e interferir nos processos produtivos,<br />
aportan<strong>do</strong>-lhes inovações técnicas e meto<strong>do</strong>lógicas influenciadas, principalmente pelos<br />
referenciais ambientalistas.<br />
A avaliação deste perío<strong>do</strong> de formação revelou que o processo de construção da<br />
proposta foi responden<strong>do</strong> aos limites enfrenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s situações concretas de trabalho<br />
com os agricultores. Assim, foi possível perceber que o trabalho havia privilegia<strong>do</strong> a<br />
dimensão política da intervenção, mais preocupada <strong>em</strong> diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>r o projeto político<br />
defendi<strong>do</strong> pela agricultura alter<strong>na</strong>tiva <strong>do</strong> que reforçar a capacidade produtiva <strong>do</strong>s<br />
agricultores por meio da introdução de inovações tecnológicas. Como resulta<strong>do</strong>,<br />
ampliava-se o número de adeptos e simpatizantes da proposta ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />
precarizava-se a capacidade de oferta de inovações tecnológicas. Estas ficaram<br />
reduzidas, contraditoriamente, a um pacote tecnológico alter<strong>na</strong>tivo. Além disso, os<br />
processos de difusão das tecnologias alter<strong>na</strong>tivas pouco haviam inova<strong>do</strong> <strong>em</strong> relação às<br />
tradicio<strong>na</strong>is técnicas das agências de extensão rural. Estas deficiências estiveram<br />
relacio<strong>na</strong>das à insuficiência de técnicos para dar conta <strong>do</strong> processo de difusão das<br />
tecnologias alter<strong>na</strong>tivas e à sua própria formação profissio<strong>na</strong>l que pouco os capacitava a<br />
lidar com as d<strong>em</strong>andas <strong>do</strong>s pequenos produtores e com requisitos impostos pelas<br />
tecnologias alter<strong>na</strong>tivas. Por fim, foi possível perceber que o formato institucio<strong>na</strong>l<br />
assumi<strong>do</strong> pela proposta – centraliza<strong>do</strong> <strong>em</strong> uma coorde<strong>na</strong>ção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de equipes<br />
técnicas dispersas por to<strong>do</strong> o país – limitou as iniciativas das equipes locais e tornou<br />
precária a uniformização de méto<strong>do</strong>s de trabalho, contribuin<strong>do</strong> para uma crescente<br />
fragmentação das experiências locais.<br />
A saída <strong>do</strong> Projeto de Tecnologias Alter<strong>na</strong>tivas da FASE, <strong>em</strong> 1989, assi<strong>na</strong>lou o<br />
início de um novo perío<strong>do</strong> <strong>na</strong> trajetória da AS-PTA. Um ano antes, o evento <strong>do</strong><br />
Encontro Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> PTA marcou o auge de um processo de avaliação <strong>do</strong> trabalho<br />
desenvolvi<strong>do</strong> até aquele momento. Iniciava-se o que pod<strong>em</strong>os chamar de perío<strong>do</strong> de<br />
afirmação da proposta, caracteriza<strong>do</strong> por um intenso processo de re-concepção <strong>do</strong>s<br />
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