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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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proposta de intervenção, o principal des<strong>do</strong>bramento seria uma considerável mudança<br />

das práticas políticas desencadeadas para realizá-la. Elas tenderiam a ser fort<strong>em</strong>ente<br />

territorializadas, preocupadas <strong>em</strong> desvelar to<strong>do</strong>s os componentes subjetivos que, <strong>em</strong>bora<br />

construí<strong>do</strong>s longe <strong>do</strong>s valores tradicio<strong>na</strong>is e das percepções proporcio<strong>na</strong>das pela<br />

localidade, estariam estruturan<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> não deseja<strong>do</strong>, as institucio<strong>na</strong>lidades locais.<br />

Como argumenta GIDDENS (1991, p.27):<br />

Em condições de modernidade, o lugar se tor<strong>na</strong> cada vez mais fantasmagórico: isto é, os<br />

locais são completamente penetra<strong>do</strong>s e molda<strong>do</strong>s <strong>em</strong> termos de influências sociais b<strong>em</strong><br />

distantes deles. O que estrutura o local não é simplesmente o que está presente <strong>na</strong> ce<strong>na</strong>: a<br />

forma “visível” <strong>do</strong> local oculta as relações distantes que determi<strong>na</strong>m a sua <strong>na</strong>tureza (grifo<br />

<strong>do</strong> autor).<br />

No diagnóstico geral e pré-construí<strong>do</strong> pela AS-PTA – aquele que antecede as<br />

percepções e recomendações construídas pelo diagnóstico participativo – as formas<br />

tradicio<strong>na</strong>is de conhecimento para o manejo agrícola, historicamente construídas, foram<br />

rompidas pelo processo de modernização. Por isso, a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

passou a ocorrer <strong>em</strong> um plano abstraí<strong>do</strong> das dinâmicas sócio-culturais <strong>do</strong> local<br />

(PETERSEN, TARDIN & MAROCHI, 2002). Assim, o lugar teria perdi<strong>do</strong> parte de sua<br />

capacidade cultural de estruturar as relações sociais a partir de seus próprios princípios.<br />

O diagnóstico participativo teria a função de, ao socializar e tor<strong>na</strong>r minimamente<br />

consensual esta leitura da real, revelar as potencialidades que, no lugar, poderiam ser<br />

despertadas para construir novos processos que conduziss<strong>em</strong> a um tipo de<br />

desenvolvimento mais equilibra<strong>do</strong>, tanto entre o hom<strong>em</strong> e a <strong>na</strong>tureza, quanto entre os<br />

homens, suas organizações locais e os determi<strong>na</strong>ntes políticos e econômicos que<br />

estruturam processos sociais mais amplos e que têm reflexos <strong>na</strong> dinâmica local.<br />

Além disso, a prática <strong>do</strong> diagnóstico participativo t<strong>em</strong>, antes de qualquer outro<br />

aspecto, um caráter político-normativo. Ela possibilitaria ao agente condutor da<br />

intervenção um mo<strong>do</strong> de controle e de gerenciamento das relações huma<strong>na</strong>s que, no<br />

caso <strong>do</strong>s processos participativos, tentaria persuadir os envolvi<strong>do</strong>s sobre a pertinência<br />

da estratégia de desenvolvimento que o agente defende e quer tor<strong>na</strong>r concreta (e<br />

heg<strong>em</strong>ônica) para aquela situação. Também é uma ação política normativa porque<br />

propõe, uma vez que to<strong>do</strong>s já estejam convenci<strong>do</strong>s de sua legitimidade e pertinência, a<br />

instalação de um outro tipo de governo ou gestão <strong>do</strong>s negócios públicos – no caso,<br />

ações de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento da agricultura local ou regio<strong>na</strong>l – alter<strong>na</strong>tivo ao<br />

que v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong> pelo aparato estatal ou, diante de sua ausência, simplesmente<br />

alter<strong>na</strong>tivo às coisas como elas estão.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> diagnóstico participativo feito, <strong>em</strong> 1994, <strong>na</strong>s três comunidades<br />

escolhidas para início <strong>do</strong> programa no centro-sul <strong>do</strong> Paraná, indicaram a necessidade de<br />

atuação a partir de três eixos t<strong>em</strong>áticos principais, para os quais deveriam ser buscadas<br />

alter<strong>na</strong>tivas técnicas para solução <strong>do</strong>s principais probl<strong>em</strong>as: o manejo ecológico <strong>do</strong>s<br />

solos, o manejo sustentável da biodiversidade e o manejo agroflorestal regenerativo.<br />

Eles deveriam servir de referência para o estabelecimento de programas de formação<br />

técnica e meto<strong>do</strong>lógica <strong>do</strong>s agricultores participantes <strong>do</strong> processo (WEID, 2001). Nas<br />

três t<strong>em</strong>áticas, a construção das leituras e recomendações foi coerente com o<br />

diagnóstico geral, aquele referi<strong>do</strong> aos princípios agroecológicos, os quais mencio<strong>na</strong>mos<br />

no it<strong>em</strong> anterior. Assim, concluiu-se que, no caso <strong>do</strong>s solos, as práticas de manejo <strong>do</strong>s<br />

principais sist<strong>em</strong>as de produção <strong>do</strong>s agricultores pesquisa<strong>do</strong>s, como a queima <strong>do</strong>s restos<br />

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