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possuíam, na visão do grupo, maior potencial de extensão a outras situações, eram
escolhidas para estudos mais aprofundados.
As experiências escolhidas, quando estudadas mais de perto, geralmente
revelaram que sua aplicação era bastante restrita às especificidades do sistema de
produção local para o qual foram criadas ou demandavam recursos e/ou investimentos
(de mão-de-obra, por exemplo) nem sempre disponíveis ou facilmente aceitáveis, fato
que limitava sua adaptação a outros contextos e inviabilizava, desta forma, sua extensão
direta a outros agricultores. Esta característica das tecnologias alternativas inviabilizava
a articulação, a nível nacional, de uma proposta homogênea de identificação,
sistematização e difusão que pudesse conduzir à oferta de soluções gerais aos problemas
dos pequenos produtores, como era desejo da coordenação nacional do PTA (SOTO,
1992, p.66). Deste modo, o ideal da busca de soluções globais para o problema da
produção agrícola em pequena escala encontrou um sério limite no momento em que os
técnicos das equipes de TA, ao entrarem em contato com as “condições objetivas do
trabalho”, tomaram consciência da enorme diversidade de casos, da complexidade de
soluções ou respostas que eles demandavam e das dificuldades estruturais para articular
as diversas soluções pontuais que iam sendo conhecidas.
(...) além desta etapa preliminar de identificação de experiências, pouco se fez para alcançar
o objetivo central do PTA, que é o de torná-las acessíveis ao mais amplo espectro de
usuários potenciais. Consideramos que, além das dificuldades operacionais e do reduzido
quadro técnico, incidimos em alguns desvios em nossa prática. Nossos quadros
concentraram boa parte do seu esforço num trabalho de cunho mais político – a crítica a
modelo, ao pacotão; a crítica às políticas agrícolas do governo; a propaganda das benesses
potenciais das “alternativas”, inseridas no espaço de luta de massas pelas transformações
sociais (a reforma agrária como ponto central, bem entendido). Mas os efeitos práticos das
“alternativas” (a melhor propaganda possível das alterações do modelo a longo prazo)
foram pouco trabalhadas, limitando-se a um processo rudimentar de difusão de
determinadas experiências através de intercâmbios diretos entre produtores. Mais ainda:
quando levados a um processo mais extenso de difusão (sobretudo através dos cursos de
capacitação de lideranças dos pequenos produtores) a tendência dominante foi a de
reproduzir um limitado cabedal de conhecimentos alternativos extraídos da literatura
corrente (limitadíssima) sobre o assunto. E tome compostagem, cobertura morta, adubação
verde, curva de nível etc. às vezes sem muita avaliação das condições específicas para o
emprego desta ou daquela técnica. É o pacote alternativo! Ou seja, trabalhou-se muito
pouco com o universo da rica inovação empírica dos produtores e muito com o limitado
conhecimento teórico adquirido (fragmentariamente) pelos técnicos (WEID, 1988, p.10
– grifo do autor).
O trabalho de pesquisa havia, portanto, sido enviesado tanto pela ênfase nas
etapas de sensibilização sobre a proposta e de identificação das tecnologias alternativas
– o que conferia maior importância ao trabalho político de divulgação dos objetivos do
PTA – quanto pelas deficiências de formação dos técnicos. Havia necessidade de criar
novos mecanismos e estratégias que possibilitassem uma articulação mais eficiente
entre as diversas soluções tecnológicas encontradas para os problemas específicos, a
necessidade de divulgar tais soluções e a construção de um movimento social para dar
suporte à proposta de alternativas de promoção do desenvolvimento rural.
A diversidade de respostas descoberta pelas diferentes redes de TA também
refletia a relativa autonomia que estas redes estabeleciam em relação à coordenação do
projeto pelo PTA-FASE. As próprias metodologias de ação dos diversos grupos,
embora seguissem orientações gerais difundidas pela coordenação, eram permeadas
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