Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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meio, estão exprimin<strong>do</strong> novas aspirações, novas formas de sociabilidade, uma vontade <strong>em</strong><br />
promover outros mo<strong>do</strong>s de desenvolvimento social e econômico que seriam mais<br />
“controláveis” e aceitos porque são espacialmente circunscritos e cultural e tecnicamente<br />
funda<strong>do</strong>s <strong>na</strong> “experiência <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po”. Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que surg<strong>em</strong> e tentam afirmar<br />
novas noções, as ações <strong>do</strong>s agentes agroecológicos visam colocar <strong>em</strong> prática um novo tipo<br />
de movimento coletivo, que tenta fugir das formas mais ou menos reclusas que assum<strong>em</strong> a<br />
maioria das manifestações de contestação de <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ção como um to<strong>do</strong>.<br />
De fato, a proposta da AS-PTA não parecia preocupada com a oferta de<br />
resulta<strong>do</strong>s econômicos imediatos aos agricultores que a ela aderiss<strong>em</strong>. A <strong>integra</strong>ção aos<br />
merca<strong>do</strong>s não seria um objetivo da ação de assessoria, ao menos não um objetivo<br />
imediato. Ao se afastar da dimensão mercantilizada assumida por uma determi<strong>na</strong>da<br />
vertente de incentivo à produção agroecológica (BRANDEMBURG, 2002), ela ressaltava a<br />
pro<strong>em</strong>inência de seu caráter político-organizativo. O objetivo principal seria fortalecer a<br />
capacidade de atuação política <strong>do</strong>s atores locais para que eles tivess<strong>em</strong> um maior poder<br />
de negociação <strong>na</strong> hora de lutar por fi<strong>na</strong>nciamentos, crédito e mais assitência técnica<br />
perante as instituições públicas. Esta postura indica tanto a dificuldade de lidar com a<br />
questão da <strong>integra</strong>ção <strong>do</strong>s agricultores ao merca<strong>do</strong> quanto a dualidade no enfrentamento<br />
das relações com o Esta<strong>do</strong>. Deste mo<strong>do</strong>, revela-se um tipo de comportamento, aponta<strong>do</strong><br />
por DOIMO (1995), que por um la<strong>do</strong>, partin<strong>do</strong> de determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s valores, princípios e<br />
apelos éticos e políticos, desligitima a autoridade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para a resolução de<br />
determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as. Por outro la<strong>do</strong>, este comportamento exibe uma outra face, por<br />
meio da qual busca uma maior <strong>integra</strong>ção social lutan<strong>do</strong> por acesso a bens e serviços.<br />
Esta postura revela que, subjacente ao projeto político que fundamenta a proposta, se<br />
manifesta o desejo de construção de um outro Esta<strong>do</strong>, idealiza<strong>do</strong>, <strong>na</strong> definição de<br />
NOGUEIRA (2003, p.7), como:<br />
(...) um Esta<strong>do</strong> que poderíamos chamar de máximo: um Esta<strong>do</strong> social radicaliza<strong>do</strong>,<br />
d<strong>em</strong>ocrático e participativo, que se põe como dí<strong>na</strong>mo da vida coletiva e parâmetro geral <strong>do</strong>s<br />
diversos interesses sociais, balizan<strong>do</strong>-os, de algum mo<strong>do</strong> compon<strong>do</strong>-os e, sobretu<strong>do</strong>,<br />
liberan<strong>do</strong>-os para uma afirmação ple<strong>na</strong> e não-predatória.<br />
Na re-concepção de sua proposta, os programas de desenvolvimento local, para a<br />
AS-PTA, eram compreendi<strong>do</strong>s como instrumentos institucio<strong>na</strong>is mais complexos <strong>do</strong><br />
que os projetos. Eles implicavam ações que não tinham um perío<strong>do</strong> de execução<br />
predetermi<strong>na</strong><strong>do</strong>, estenden<strong>do</strong>-se indefinidamente, a depender <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s,<br />
que eram concebi<strong>do</strong>s como de longo prazo. Um programa, além disso, poderia abranger<br />
vários projetos, o que garantiria a sua presença mais d<strong>em</strong>orada, pela sucessão <strong>do</strong>s<br />
recursos possibilita<strong>do</strong>s por diferentes projetos, <strong>na</strong> assessoria às organizações de<br />
agricultores. Os programas de desenvolvimento local faziam parte de uma nova<br />
estratégia para a difusão <strong>do</strong>s princípios agroecológicos. Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />
respondiam a d<strong>em</strong>andas de lideranças e organizações de agricultores, representavam a<br />
possibilidade de consolidar experiências <strong>em</strong> determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s espaços que, uma vez b<strong>em</strong><br />
sucedidas, dariam um outro tipo de legitimidade social e política à sua proposta.<br />
Entre 1989 e 1990, a AS-PTA definiu uma estratégia de ação visan<strong>do</strong> aumentar a eficiência<br />
<strong>do</strong> movimento por uma agricultura “alter<strong>na</strong>tiva” no Brasil. Convencer a sociedade<br />
brasileira, os pequenos produtores e suas organizações mas também o meio urbano, o meio<br />
científico, os políticos e o poder público, exigia um exercício de d<strong>em</strong>onstração <strong>do</strong> potencial<br />
<strong>do</strong> modelo alter<strong>na</strong>tivo numa escala s<strong>em</strong> precedentes. Era preciso buscar uma visibilidade<br />
ainda não obtida de forma suficiente. Para isto, foi definida uma meta de obter uma<br />
transformação <strong>integra</strong>l de sist<strong>em</strong>as tradicio<strong>na</strong>is e modernos <strong>na</strong> escala <strong>do</strong>s municípios,<br />
reunin<strong>do</strong> deze<strong>na</strong>s a cente<strong>na</strong>s de comunidades. Com este fim, introduziu-se a noção de<br />
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