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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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populações <strong>do</strong>s países pobres. Além de seletivo e concentra<strong>do</strong>r de renda, o modelo<br />

convencio<strong>na</strong>l d<strong>em</strong>onstrou ser ambientalmente insustentável ao se fundamentar no<br />

paradigma produtivista, o qual confere pouca importância à consideração <strong>do</strong>s limites<br />

<strong>na</strong>turais ao crescimento econômico. Este crescimento, por si só, diagnosticava-se, não<br />

era garantia de geração de desenvolvimento e, argüiam os críticos, deveria ser limita<strong>do</strong><br />

pela consideração <strong>do</strong>s fatores ambientais e da possibilidade de sua escassez relativa.<br />

Neste con<strong>texto</strong>, as ONGs articularam suas leituras e diagnósticos com o amplo campo<br />

de revisão crítica sobre as concepções que orientavam os processos heg<strong>em</strong>ônicos de<br />

promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. A partir <strong>do</strong>s anos 70, o desenvolvimento convencio<strong>na</strong>l<br />

foi posto <strong>em</strong> questão tanto no campo das teorias econômicas <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

quanto no ambiente <strong>do</strong>s debates de cunho ecológico e ambientalista. Vários estu<strong>do</strong>s<br />

apontaram para o fato de que o desenvolvimento não poderia mais ser compreendi<strong>do</strong><br />

como um probl<strong>em</strong>a meramente técnico, para o qual deveriam ser aportadas soluções<br />

técnicas e qualificadas. Ao contrário, crescia a convicção de que ele era, antes de tu<strong>do</strong>,<br />

um probl<strong>em</strong>a cultural, principalmente referi<strong>do</strong> às particularidades das diversas<br />

sociedades.<br />

Neste con<strong>texto</strong> de construção de leituras e recomendações alter<strong>na</strong>tivas, ganhava<br />

força o argumento de que os processos de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento deveriam<br />

gerar tecnologias mais b<strong>em</strong> apropriadas às diferenças culturais existentes entre as<br />

sociedades ou grupos populacio<strong>na</strong>is, engendran<strong>do</strong> meios de produção mais equilibra<strong>do</strong>s<br />

com as suas bases <strong>na</strong>turais. Este processo de mudança, ao contrário <strong>do</strong> que imagi<strong>na</strong>vam<br />

as correntes mais conserva<strong>do</strong>ras, deveria ser <strong>em</strong>preendi<strong>do</strong> como um tipo de<br />

transformação localizada que teria que partir das bases culturais das sociedades, ten<strong>do</strong><br />

como protagonistas as organizações locais, preferencialmente assessoradas por<br />

especialistas que lhes garantisse, com o decorrer <strong>do</strong>s processos, autonomia <strong>na</strong> condução<br />

de seus próprios esforços de desenvolvimento. Deste mo<strong>do</strong>, contra a idéia de que o<br />

planejamento e a administração <strong>do</strong>s processos de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento cabiam<br />

exclusivamente às burocracias estatais centralizadas e aos técnicos das agências<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de cooperação que eventualmente trabalhavam como consultores ou<br />

executores locais de programas, erigia-se a concepção de que o Esta<strong>do</strong> não estava<br />

sozinho <strong>na</strong> tarefa de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. Desta tarefa também participavam<br />

agentes não-gover<strong>na</strong>mentais, organizações de movimentos sociais, instituições locais e<br />

diversas outras organizações interessadas <strong>em</strong> construir um outro interesse público sobre<br />

os processos de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento.<br />

As críticas aos mo<strong>do</strong>s de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento convencio<strong>na</strong>l tanto<br />

contribuíram para a afirmação das propostas alter<strong>na</strong>tivas quanto para a idéia da negação<br />

da própria noção de desenvolvimento como conceito normativo váli<strong>do</strong> à melhoria das<br />

capacidades e condições de vida e trabalho de setores sociais mais pauperiza<strong>do</strong>s. Neste<br />

processo, as ONGs de desenvolvimento tenderam a se apropriar da diversidade de<br />

críticas ao desenvolvimento convencio<strong>na</strong>l articulan<strong>do</strong> diversas perspectivas teóricas,<br />

contribuin<strong>do</strong> para re-significar e politizar as necessidades e carências <strong>do</strong>s seus<br />

beneficiários e, <strong>em</strong> alguns casos, colaboran<strong>do</strong> para minimizar relações assimétricas de<br />

poder a favor <strong>do</strong>s grupos sociais alvo de suas ações.<br />

Olhan<strong>do</strong> para o campo das iniciativas de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural e,<br />

mais especificamente, ao a<strong>na</strong>lisar o caso da AS-PTA, perceb<strong>em</strong>os que o processo de<br />

construção de sua proposta esteve intimamente relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> a este con<strong>texto</strong> de revisão<br />

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