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historicamente, caracterizavam esta relação. A defesa desta autonomia, como vimos,<br />

implicava defesa <strong>do</strong> caráter anti-institucio<strong>na</strong>l destes movimentos. As entidades que os<br />

assessoravam também construíram, num primeiro momento, sua identidade e suas<br />

estratégias de ação a partir desta matriz. Os processos de abertura política e de uma<br />

gradual d<strong>em</strong>ocratização da gestão pública, ocorri<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s anos 70,<br />

começaram a alterar significativamente este quadro.<br />

As eleições diretas para gover<strong>na</strong><strong>do</strong>r, no início <strong>do</strong>s 80, e as eleições de verea<strong>do</strong>res<br />

e prefeitos municipais, <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s daquela década, conduziram aos poderes executivo e<br />

legislativo várias pessoas que mantinham vínculos com os movimentos sociais (alguns<br />

eram líderes sindicais ou comunitários). Um processo de renovação com essas mesmas<br />

características foi ocorren<strong>do</strong> <strong>em</strong> algumas agências gover<strong>na</strong>mentais de prestação de<br />

serviços à população. A abertura política, a realização de concursos públicos para<br />

admissão de pessoal, a d<strong>em</strong>ocratização e gradual descentralização das gestões<br />

administrativas, foram possibilitan<strong>do</strong> a revisão <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de interação destas agências<br />

com os diversos públicos beneficia<strong>do</strong>s pela intervenção gover<strong>na</strong>mental. Isto, <strong>na</strong> prática,<br />

contribuiu para ampliar, localmente, os espaços de interlocução entre os aparatos<br />

gover<strong>na</strong>mentais mais progressistas e diversas organizações da sociedade civil. Em<br />

alguns casos, este fato contribuiu para o fortalecimento <strong>do</strong> diálogo entre determi<strong>na</strong>das<br />

agências <strong>do</strong> governo e os movimentos sociais, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> possível a vocalização, perante<br />

o Esta<strong>do</strong>, de suas d<strong>em</strong>andas particulares. Ad<strong>em</strong>ais, a chegada ao poder de políticos<br />

comprometi<strong>do</strong>s ou sensíveis às d<strong>em</strong>andas <strong>do</strong>s movimentos sociais fez surgir alguns<br />

novos mecanismos administrativos locais de gestão pública mais participativos, que,<br />

geralmente, levavam <strong>em</strong> consideração a necessidade de ser<strong>em</strong> estabelecidas outras<br />

relações com as d<strong>em</strong>andas populares (TEIXEIRA, 2002).<br />

Foi neste con<strong>texto</strong> que, <strong>em</strong> alguns municípios, começaram a ser impl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>s<br />

instrumentos de consulta pública, fóruns, conselhos t<strong>em</strong>áticos e paritários, amplian<strong>do</strong> os<br />

ca<strong>na</strong>is institucio<strong>na</strong>is de participação popular. A nível <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, as câmaras setoriais<br />

cumpriram a função de proporcio<strong>na</strong>r ca<strong>na</strong>is de comunicação entre a burocracia<br />

gover<strong>na</strong>mental e determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s setores da sociedade civil. Alguns governos municipais<br />

se preocuparam <strong>em</strong> descentralizar suas decisões e a construir relações mais próximas<br />

com determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s grupos de interesse organiza<strong>do</strong>s. Para RICCI (2002), as vitórias<br />

eleitorais de parti<strong>do</strong>s de oposição, para os governos estaduais, <strong>na</strong> segunda metade <strong>do</strong>s<br />

anos 80, geraram um novo apelo político, d<strong>em</strong>andan<strong>do</strong> a criação de mecanismos de<br />

gestão pública que possibilitass<strong>em</strong> uma participação institucio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s movimentos<br />

sociais <strong>na</strong> estrutura <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, pon<strong>do</strong> <strong>em</strong> questão a postura anti-Esta<strong>do</strong>, tão cara a estes<br />

movimentos e aos seus assessores. Para AVRITZER (2002, p.18), a partir de mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

anos 70, principalmente <strong>na</strong>s grandes cidades, as novas práticas de gestão pública, dentre<br />

outros fatores, contribuíram para um “aumento significativo no número de associações<br />

comunitárias e à intensificação da sua forma de relação com o Esta<strong>do</strong>”. 42 No começo<br />

<strong>do</strong>s anos 90, ao coorde<strong>na</strong>r uma pesquisa sobre novas políticas urba<strong>na</strong>s <strong>em</strong> diversos<br />

países da América Lati<strong>na</strong>, REILLY (1994, pp.1-2) também percebeu este movimento de<br />

fortalecimento de diversas organizações da sociedade civil:<br />

42 Os outros fatores, de acor<strong>do</strong> com o autor, são: (a) a reavaliação da idéia de direitos; (b) a defesa de autonomia<br />

organizacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s movimentos sociais <strong>em</strong> relação ao Esta<strong>do</strong>; e (c) a defesa de formas públicas de apresentação e<br />

de negociação com o Esta<strong>do</strong>.<br />

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