Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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Para a AS-PTA, a maneira como o diagnóstico é conduzi<strong>do</strong> t<strong>em</strong> um conteú<strong>do</strong><br />
simbólico fundamental para a legitimização <strong>do</strong> caráter alter<strong>na</strong>tivo da proposta. Chamar<br />
os agricultores à participação, consultá-los e conferir importância aos seus<br />
conhecimentos e informações d<strong>em</strong>arca uma marcante diferença para a proposta que está<br />
sen<strong>do</strong> colocada <strong>em</strong> ce<strong>na</strong> <strong>na</strong>quele con<strong>texto</strong>. Quer afirmar que, <strong>em</strong>bora haja coman<strong>do</strong> ou<br />
coorde<strong>na</strong>ção, o processo não é necessariamente basea<strong>do</strong> <strong>na</strong> centralização de poder e de<br />
informações. As soluções a ser<strong>em</strong> encontradas não seriam ape<strong>na</strong>s de responsabilidade<br />
<strong>do</strong>s técnicos, aqueles que, de uma maneira geral, são socialmente autoriza<strong>do</strong>s e<br />
legitima<strong>do</strong>s para resolver os probl<strong>em</strong>as. A intenção é compartilhar a busca de tais<br />
soluções com os d<strong>em</strong>ais atores envolvi<strong>do</strong>s, relaxan<strong>do</strong> determi<strong>na</strong>das concepções mais<br />
orto<strong>do</strong>xas sobre o processo de construção <strong>do</strong> conhecimento. Neste caso, o méto<strong>do</strong> usa<strong>do</strong><br />
é a base para a constituição de alguns novos senti<strong>do</strong>s para a prática da agricultura, mas,<br />
principalmente, para o resgate de outros, liga<strong>do</strong>s a tradições, a coisas <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>,<br />
esquecidas ou desconsideradas pelo avanço da modernidade. 113 S<strong>em</strong>pre com o cuida<strong>do</strong><br />
de chegar aos agricultores por meio de significa<strong>do</strong>s e ações que respeit<strong>em</strong> a sua cultura,<br />
isto é, busca-se forjar uma identidade entre o que está se propon<strong>do</strong> e as visões<br />
tradicio<strong>na</strong>lmente construídas pelo povo <strong>do</strong> lugar. Como o processo de modernização<br />
teria desestrutura<strong>do</strong> a cultura <strong>na</strong>tiva, a nova proposta surge como uma possibilidade de<br />
resgate <strong>do</strong>s valores esqueci<strong>do</strong>s, perdi<strong>do</strong>s ou altera<strong>do</strong>s.<br />
Desde el inicio, AS-PTA cui<strong>do</strong> que el proceso de desarrollo no entrara en conflicto com las<br />
formas espontâneas culturales, espirituales y organizativas de los agricultores. Era evidente<br />
que la propia historia de las comunidades eran fundamentales para compreender sus<br />
carencias actuales. Este dio pie a un importante proceso de revalorización de sus<br />
conocimientos y creencias profundamente enraiza<strong>do</strong>s en el universo de los agricultores, que<br />
tiende a permanecer escondi<strong>do</strong>s y que no son trata<strong>do</strong>s explicitamente por las ideologias y<br />
técnicas moder<strong>na</strong>s que los descalifican (WEID, 2001, p.20).<br />
JAMESON (1984) teoriza que uma das conseqüências <strong>do</strong> avanço da modernidade<br />
sobre a mentalidade <strong>do</strong>s indivíduos teria si<strong>do</strong> uma ruptura <strong>em</strong> seus encadeamentos<br />
perceptivos, aqueles que se un<strong>em</strong> a cadeias de significância para compreender e explicar<br />
o mun<strong>do</strong> e o senti<strong>do</strong> de suas ações. No mun<strong>do</strong> pós-moderno imagi<strong>na</strong><strong>do</strong> pelo autor, o<br />
indivíduo teria perdi<strong>do</strong> a capacidade de orde<strong>na</strong>r coerent<strong>em</strong>ente a sua experiência<br />
passada com o seu futuro. Os significa<strong>do</strong>s disponíveis não permitiriam um<br />
encadeamento coerente e sim uma constante fragmentação de sua experiência. De tal<br />
mo<strong>do</strong>, para este indivíduo, o seu passa<strong>do</strong>, suas tradições e valores parec<strong>em</strong> não ter mais<br />
senti<strong>do</strong>, não ajudam a construir soluções aos seus probl<strong>em</strong>as cotidianos.<br />
No discurso da AS-PTA, a proposta para enfrentar esse probl<strong>em</strong>a seria utilizar a<br />
técnica <strong>do</strong>s diagnósticos participativos para descobrir, <strong>na</strong> própria trajetória <strong>do</strong>s<br />
agricultores <strong>do</strong> lugar, mo<strong>do</strong>s de vida e de trabalho que, no passa<strong>do</strong>, tenham lhes<br />
permiti<strong>do</strong> construir sociabilidades que valorizavam mais a solidariedade, a autonomia e<br />
o respeito à <strong>na</strong>tureza. Parte-se, portanto, de uma forte idealização <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. O vínculo<br />
de confiança entre técnicos e agricultores, nesta perspectiva, deveria seguir o méto<strong>do</strong> de<br />
desconstrução da ideologia modernizante e da valorização <strong>do</strong>s conhecimentos e<br />
princípios que foram historicamente molda<strong>do</strong>s <strong>na</strong> vida comunitária cotidia<strong>na</strong>. O que,<br />
afi<strong>na</strong>l, resultaria <strong>na</strong> construção de um outro senti<strong>do</strong> ou um outro encadeamento de<br />
percepções sobre as ações estruturantes de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. Para a<br />
113<br />
Não à toa, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> vários eventos, os el<strong>em</strong>entos religiosos ou místicos são chama<strong>do</strong>s a compor<br />
imagens e discursos, ressaltan<strong>do</strong>-os.<br />
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