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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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a tecnologia, dissociadas <strong>do</strong> cotidiano, pareciam ter a solução para to<strong>do</strong>s os probl<strong>em</strong>as<br />

da humanidade. Neste caso, os defensores da agricultura alter<strong>na</strong>tiva entravam <strong>em</strong><br />

sintonia com a crítica à ciência moder<strong>na</strong> que, reconhecen<strong>do</strong> seus limites, propunha uma<br />

maior consideração <strong>do</strong>s saberes construí<strong>do</strong>s à marg<strong>em</strong> de seus méto<strong>do</strong>s.<br />

A ciência moder<strong>na</strong> deriva (...) de uma ruptura, neste caso contra o senso comum. Sab<strong>em</strong>os<br />

que esta ruptura permitiu um grande avanço <strong>do</strong> conhecimento da realidade, mas também foi<br />

responsável pela expropriação de uma boa parte da capacidade de participação das pessoas,<br />

enquanto atividade cívica, no desvelamento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e <strong>na</strong> construção de regras de vida<br />

para viver sabiamente (LEIS, 1999, pp.163-4).<br />

Além de sua dimensão utópica, dirigida à transformação da sociedade<br />

capitalista, o movimento pela agricultura alter<strong>na</strong>tiva também se voltava para o cotidiano<br />

e para a valorização da experiência, estimulan<strong>do</strong> o surgimento de várias organizações<br />

que buscaram recuperar esta capacidade de participação das pessoas <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção de<br />

suas próprias histórias. As organizações não-gover<strong>na</strong>mentais foram, <strong>na</strong>quele momento,<br />

as principais representantes deste processo.<br />

3.3 Em busca de tecnologias alter<strong>na</strong>tivas: os primeiros t<strong>em</strong>pos <strong>do</strong> PTA-FASE<br />

A necessidade de criar alter<strong>na</strong>tivas para o desenvolvimento da peque<strong>na</strong> produção<br />

agrícola de base familiar mobilizou, por ex<strong>em</strong>plo, agentes da Comissão Pastoral da<br />

Terra <strong>em</strong> Parati, interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Naquele município, no início <strong>do</strong>s<br />

anos 80, a CPT apoiou uma comunidade local <strong>em</strong> sua luta para receber seus títulos de<br />

propriedade da terra, após dez anos de resistência, produzin<strong>do</strong> e comercializan<strong>do</strong><br />

ba<strong>na</strong><strong>na</strong>, <strong>em</strong> peque<strong>na</strong> escala, e dedican<strong>do</strong>-se a pequenos cultivos e criações para<br />

autoconsumo. Após a vitória, obtida a posse da terra, muitas famílias trataram de vender<br />

suas recém-adquiridas propriedades e, com o dinheiro da venda, aban<strong>do</strong><strong>na</strong>ram o campo<br />

<strong>em</strong> busca de melhores condições de vida <strong>na</strong> cidade (WEID, 1997).<br />

Para os assessores da CPT e da FASE envolvi<strong>do</strong>s <strong>na</strong>quele processo,<br />

decepcio<strong>na</strong><strong>do</strong>s com a atitude <strong>do</strong>s agricultores, tor<strong>na</strong>va-se claro que a posse da terra não<br />

era o fim da luta pela permanência <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res no campo e pela manutenção de<br />

seus estilos de vida. A questão da oferta de condições para esta permanência, avaliou-se,<br />

havia de ser enfrentada pelos agentes que trabalhavam <strong>na</strong> assessoria aos grupos de<br />

pequenos agricultores. Os probl<strong>em</strong>as técnico-produtivos e de comercialização eram o<br />

impasse a ser encara<strong>do</strong> após a conquista da posse da terra, tanto pelos agricultores<br />

quanto pelos agentes sociais que apoiavam suas lutas. Esta também era uma constatação<br />

de vários outros atores envolvi<strong>do</strong>s com a questão agrária <strong>na</strong>quele momento, dentre eles,<br />

a FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacio<strong>na</strong>l (MELO, 1996).<br />

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