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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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mo<strong>do</strong> geral, um tipo de mediação entre as d<strong>em</strong>andas <strong>do</strong> público-alvo de sua ação e as<br />

diversas agências (gover<strong>na</strong>mentais ou civis) de cooperação, ajuda ou fi<strong>na</strong>nciamento. No<br />

exílio europeu, Jean Marc e Sílvio Gomes puderam entrar <strong>em</strong> contato com este debate e<br />

com diversos profissio<strong>na</strong>is que tinham conhecimentos sobre as possibilidades e as<br />

formas para obter fi<strong>na</strong>nciamentos para projetos que objetivass<strong>em</strong> a pesquisa e a difusão<br />

de tecnologias alter<strong>na</strong>tivas. 87<br />

O primeiro projeto técnico elabora<strong>do</strong> pelo grupo de assessores foi encaminha<strong>do</strong><br />

a diversas agências fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong>ras européias, receben<strong>do</strong> sucessivas negativas. A alegação<br />

<strong>do</strong>s fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong>res era que eles estavam dispostos a fi<strong>na</strong>nciar um projeto de assessoria de<br />

caráter mais pragmático, e não a fi<strong>na</strong>nciar um projeto de pesquisa, mesmo que os seus<br />

objetivos declara<strong>do</strong>s foss<strong>em</strong> a aplicação imediata e a difusão das novas tecnologias<br />

alter<strong>na</strong>tivas descobertas. O projeto elabora<strong>do</strong>, <strong>na</strong>quela época, enfatizava a identificação<br />

das tecnologias alter<strong>na</strong>tivas <strong>em</strong> con<strong>texto</strong>s <strong>em</strong>píricos varia<strong>do</strong>s e dispersos por to<strong>do</strong> o<br />

país, partin<strong>do</strong> da constatação de que não havia disponibilidade n<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>atização de<br />

tecnologias alter<strong>na</strong>tivas, defendia-se a necessidade de um amplo trabalho de pesquisa<br />

para identificá-las e, a partir daí, divulgá-las a outros agricultores. As negativas de<br />

fi<strong>na</strong>nciamento para o projeto perduraram até o início de 1983, quan<strong>do</strong> o departamento<br />

de cooperação técnica <strong>do</strong> então governo socialista francês – por intermédio da<br />

Solidarités Agro-Alimentaires (SOLAGRAL) e <strong>do</strong> Service Oecuménic d’Entraide<br />

(CIMADE) – aprovou um pequeno orçamento para um projeto de três anos, que<br />

possibilitava a manutenção de uma equipe reduzida, a montag<strong>em</strong> de uma infra-estrutura<br />

bastante limitada e recursos para as viagens de trabalho de campo.<br />

Para conseguir estes recursos foi importante o apoio de Marcel Marloie, da SOLAGRAL e<br />

de Alain Ruellan, da CIMADE, que funcionou como intermediária no repasse <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s.<br />

Numa salinha de <strong>do</strong>ze metros quadra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> sede da FASE, <strong>na</strong> Rua das Palmeiras,<br />

começamos a trabalhar, Felícia [ 88 ] e eu, <strong>em</strong> março de 1983. Um desafio quixotesco:<br />

procurar as bases tecnológicas de uma nova agricultura. Tu<strong>do</strong> a fazer, tu<strong>do</strong> a aprender, a<br />

construir. Mergulhamos de cabeça (WEID, 1988, p.4).<br />

Na construção de sua leitura sobre a realidade <strong>do</strong> agro brasileiro, os “modelos<br />

tecnológicos convencio<strong>na</strong>is” eram compreendi<strong>do</strong>s, <strong>na</strong> visão inicialmente difundida pelo<br />

PTA, a partir da d<strong>em</strong>arcação que faziam entre <strong>do</strong>is padrões ou sist<strong>em</strong>as de produção<br />

distintos, utiliza<strong>do</strong>s para promover a agricultura. De acor<strong>do</strong> com WEID (1997), no início<br />

<strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> PTA, a agricultura brasileira era a<strong>na</strong>lisada, de mo<strong>do</strong> esqu<strong>em</strong>ático, por<br />

intermédio de <strong>do</strong>is modelos b<strong>em</strong> diferencia<strong>do</strong>s, o tradicio<strong>na</strong>l e o moderno, que serviam<br />

de parâmetro à construção das estratégias de ação e à legitimação social <strong>do</strong> seu discurso.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, consideravam como “tradicio<strong>na</strong>is” os sist<strong>em</strong>as de produção agrícola que<br />

utilizavam a queimada (para limpeza das áreas de cultivo) e o pousio das terras como<br />

principal méto<strong>do</strong> de recuperação da fertilidade <strong>do</strong>s solos. Este modelo de produção<br />

caracterizava-se, de acor<strong>do</strong> com a sua leitura, pela diversidade de cultivos (e variedades<br />

utilizadas), quase s<strong>em</strong>pre consorcia<strong>do</strong>s entre si ou associa<strong>do</strong>s à criação animal, pelo uso<br />

da mão-de-obra pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nt<strong>em</strong>ente familiar e pela produção para auto-suprimento, <strong>na</strong><br />

maioria <strong>do</strong>s casos, guardan<strong>do</strong> uma certa autonomia <strong>em</strong> relação aos merca<strong>do</strong>s de<br />

87 MELO (1993, p.150), cita os bons relacio<strong>na</strong>mentos manti<strong>do</strong>s ,no início <strong>do</strong> PTA, entre Jean Marc e Sílvio com<br />

pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Emerson College, <strong>na</strong> Inglaterra, da Universidade de Kassel, <strong>na</strong> Al<strong>em</strong>anha, e com técnicos <strong>do</strong>s<br />

centros de pesquisa e experimentação com agricultura orgânica <strong>na</strong> França, Suíça e Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />

88 Felícia Andrade de Morais, então responsável pelo Setor de Documentação <strong>do</strong> Projeto TA – FASE.<br />

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