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Com “Environment and styles of development”, de 1976, Ig<strong>na</strong>cy Sachs<br />

fundamentou o conceito de ecodesenvolvimento, uma expressão que havia si<strong>do</strong><br />

utilizada pela primeira vez <strong>em</strong> 1972, por Maurice Strong, secretário geral da conferência<br />

de Estocolmo. Ao argumentar sobre uma proposta de desenvolvimento ecologicamente<br />

orienta<strong>do</strong>, Sachs lançou as bases <strong>do</strong> ecodesenvolvimento, inicialmente uma estratégia de<br />

desenvolvimento para comunidades rurais que valorizava os conhecimentos locais, <strong>em</strong><br />

oposição à agência tecnocrática <strong>do</strong>s órgãos gover<strong>na</strong>mentais. Para Sachs, as dimensões<br />

ecológicas eram um <strong>do</strong>s fatores a ser<strong>em</strong> considera<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> se pensava <strong>em</strong> promover<br />

o desenvolvimento. Além de atender as necessidades básicas das populações e respeitar<br />

as culturas locais, havia necessidade de incentivar a solidariedade com as gerações<br />

futuras, por meio de um uso mais responsável <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais (SACHS, 1986).<br />

Como explica LEIS (1999), <strong>em</strong> um segun<strong>do</strong> momento, a noção de ecodesenvolvimento<br />

ganhou uma maior complexidade e passou a a<strong>na</strong>lisar tanto o campo das relações<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is entre o Norte rico e o Sul subdesenvolvi<strong>do</strong> quanto a criticar a<br />

modernização industrial e suas conseqüências ambientais, principalmente.<br />

A discussão sobre o atendimento às necessidades básicas das populações, como<br />

uma d<strong>em</strong>anda prioritária <strong>do</strong>s projetos de desenvolvimento, também era feita no campo<br />

das teorias <strong>do</strong> desenvolvimento. Entre os seus estudiosos, a partir da metade <strong>do</strong>s 70 foi<br />

crescen<strong>do</strong> o consenso de que as políticas de redistribuição de renda não seriam<br />

instrumentos suficientes para garantir a elimi<strong>na</strong>ção da pobreza e promover o b<strong>em</strong>-estar<br />

de milhões de pobres que viviam, principalmente, nos países subdesenvolvi<strong>do</strong>s. Para<br />

enfrentar o desafio <strong>do</strong> alívio da pobreza e da fome nestes países <strong>em</strong>ergiram várias<br />

recomendações políticas e econômicas que, de acor<strong>do</strong> com HUNT (1989), foram<br />

sintetizadas no paradigma das “necessidades básicas” (“basic needs”). Um relatório <strong>do</strong><br />

ILO (ILO, 1976) apresentou o teor das mudanças propostas por este paradigma,<br />

afirman<strong>do</strong> que todas as <strong>na</strong>ções deveriam dar prioridade às necessidades básicas de to<strong>do</strong>s<br />

os m<strong>em</strong>bros de suas populações. Estas necessidades incluíam alimentos, acesso a bens e<br />

serviços públicos, oportunidade de <strong>em</strong>prego e, não menos importante, o direito a<br />

participar das decisões políticas que afetavam diretamente suas vidas. Para aqueles que<br />

procuravam alterar significativamente os rumos <strong>do</strong> desenvolvimento, o enfoque das<br />

“necessidades básicas” passou a significar uma referência à defesa <strong>do</strong> incr<strong>em</strong>ento da<br />

renda <strong>do</strong>s mais pobres como condição primeira ao crescimento econômico. As<br />

recomendações políticas baseadas neste paradigma incluíam à promoção de reformas<br />

agrárias e o incr<strong>em</strong>ento de serviços públicos, como pesquisa científica, extensão rural e<br />

crédito subsidia<strong>do</strong>, para apoiar o desenvolvimento da peque<strong>na</strong> escala de produção rural,<br />

que privilegiasse o uso de trabalho intensivo. A proposta geral seria promover a<br />

dispersão <strong>do</strong> capital, isto é, o inverso da concentração de capital que ocorria no modelo<br />

convencio<strong>na</strong>l de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento (ILO, 1976, HUNT, 1989).<br />

No campo político, as vozes críticas também partiram de ex-colônias européias e<br />

<strong>do</strong>s países <strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong> que, da<strong>do</strong> momento, passaram a ser ouvidas <strong>em</strong><br />

conferências e <strong>em</strong> organismos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e a reclamar uma maior autonomia <strong>na</strong><br />

determi<strong>na</strong>ção de seus próprios caminhos rumo ao desenvolvimento (WEBSTER, 1990).<br />

Do mesmo mo<strong>do</strong>, o clamor por alter<strong>na</strong>tivas veio da Igreja Católica, cuja encíclica<br />

“Populorum Progressio”, já <strong>em</strong> 1963, posicio<strong>na</strong>va-se diante das desigualdades e<br />

mazelas sociais geradas pelos esforços <strong>em</strong> prol de desenvolvimento econômico. Mais<br />

tarde, durante os anos 70, a Teologia da Libertação – com forte inspiração <strong>na</strong> crítica<br />

romântica ao capitalismo (LÖWY, 1988) – reforçou e ampliou a crítica de setores <strong>do</strong><br />

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