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IV. DESENVOLVIMENTO LOCAL, AGROCOLOGIA E CONSTRUÇÃO DE<br />
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O AGRO<br />
Este capítulo a<strong>na</strong>lisará como se deu o processo de construção da proposta da AS-<br />
PTA durante os anos 90 até o momento da realização <strong>do</strong> Encontro Nacio<strong>na</strong>l de<br />
Agroecologia (ENA) <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s de 2002. Do Encontrão de 1988 ao ENA <strong>em</strong> 2002,<br />
<strong>do</strong>is eventos que sintetizaram o desejo por outros rumos, a trajetória da AS-PTA,<br />
dialogan<strong>do</strong> com as mudanças <strong>na</strong> conjuntura política <strong>do</strong> país, passou por transformações<br />
significativas. A análise que segue buscará compreender o senti<strong>do</strong> geral destas<br />
mudanças e suas características principais, concentran<strong>do</strong> <strong>em</strong> três aspectos fundamentais:<br />
(a) o processo de construção de méto<strong>do</strong>s de intervenção <strong>na</strong> realidade, particularmente os<br />
méto<strong>do</strong>s de diagnóstico participativos; (b) a a<strong>do</strong>ção da agroecologia como referencial<br />
teórico que fundamenta suas ações e garante a coesão <strong>do</strong>s objetivos <strong>em</strong> torno <strong>do</strong> ideal<br />
de transformação social; e (c) a estratégia <strong>do</strong>s programas de desenvolvimento local.<br />
Os programas locais de desenvolvimento permit<strong>em</strong> a<strong>na</strong>lisar como a proposta da<br />
AS-PTA foi sen<strong>do</strong> reconstruída <strong>na</strong> medida <strong>em</strong> que enfrentava, <strong>na</strong> experiência concreta,<br />
o desafio de construir novos princípios e institucio<strong>na</strong>lidades locais para desencadear<br />
ações de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento; as dificuldades para estabelecer manter<br />
relações com o Esta<strong>do</strong> (<strong>em</strong> suas diversas instâncias); e a necessidade de garantir meios<br />
para a reprodução social e econômica <strong>do</strong>s agricultores. A análise mostrará como a<br />
postura anti-Esta<strong>do</strong>, defendida pelo ideário da agricultura alter<strong>na</strong>tiva nos anos 80, foi<br />
ceden<strong>do</strong> espaço ao desejo por influenciar politicamente <strong>na</strong> elaboração e gestão de<br />
políticas públicas que lev<strong>em</strong> <strong>em</strong> consideração os princípios agroecológicos.<br />
4.1 Agricultura e ecologia <strong>na</strong> construção de novos princípios para a ação local<br />
O t<strong>em</strong>po <strong>do</strong> PTA-FASE foi o perío<strong>do</strong> de afirmação <strong>do</strong> projeto alter<strong>na</strong>tivo <strong>em</strong><br />
oposição ao modelo da agricultura moder<strong>na</strong> e ao Esta<strong>do</strong>, que o referendava. Neste<br />
perío<strong>do</strong>, o <strong>em</strong>bate político facilmente se deslocava para uma dimensão ideológica. Esta<br />
dimensão cumpriu a importante tarefa de diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>r um ideal de transformação social<br />
por meio da mudança <strong>do</strong> modelo tecnológico heg<strong>em</strong>ônico de promoção <strong>do</strong><br />
desenvolvimento. Embora centra<strong>do</strong> <strong>na</strong> dualidade <strong>do</strong> “alter<strong>na</strong>tivo” contra o “moderno”,<br />
não se pode negar a capacidade política <strong>do</strong> movimento lidera<strong>do</strong> pelo PTA-FASE de<br />
estabelecer um novo consenso <strong>em</strong> torno da necessidade de repensar o modelo de<br />
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