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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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constituição e manejo de estoques entre os agricultores e valorizar os escassos espaços<br />

de eleva<strong>do</strong> potencial produtivo (os quintais e roça<strong>do</strong>s). Nas condições <strong>na</strong>turais precárias<br />

para a produção agrícola, como é o caso da maioria <strong>do</strong>s agricultores familiares <strong>do</strong><br />

Agreste Paraibano, a manutenção de uma elevada diversidade de cultivos e criações é<br />

um fator que concorre à diminuição <strong>do</strong>s riscos. E esta diversidade é uma característica<br />

cultural <strong>do</strong>s agricultores familiares da região s<strong>em</strong>i-árida nordesti<strong>na</strong>. Eles costumam<br />

plantar de tu<strong>do</strong> um pouco <strong>em</strong> seus roça<strong>do</strong>s. Além disso, s<strong>em</strong>pre têm alguma criação<br />

animal que, <strong>em</strong> perío<strong>do</strong>s críticos de seca, garante um suprimento mínimo às famílias.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, a intervenção da AS-PTA partia da valorização desta diversidade das<br />

práticas agrícolas, consideran<strong>do</strong> que ela t<strong>em</strong> si<strong>do</strong>, historicamente, uma estratégia de<br />

convivência com os riscos e instabilidades climáticas, tão presentes <strong>na</strong>quela região <strong>do</strong><br />

Nordeste (ALMEIDA & CORDEIRO, 2002).<br />

Para valorizar tal biodiversidade, a estratégia a<strong>do</strong>tada pelos assessores procurou<br />

incr<strong>em</strong>entar a capacidade <strong>do</strong>s agricultores de constituir e manter estoques de s<strong>em</strong>entes e<br />

de água, <strong>do</strong>is el<strong>em</strong>entos que, constant<strong>em</strong>ente, tor<strong>na</strong>m-se limites à produção. A<br />

biodiversidade da agricultura é ameaçada tanto pelas condições ambientais da região,<br />

que limitam a sua reprodução, quanto por pressões <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s e impacto das políticas<br />

públicas que ating<strong>em</strong> o setor. Enquanto a lógica produtivista <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s pressio<strong>na</strong><br />

por uma uniformização <strong>do</strong>s cultivos, a dificuldade de <strong>aqui</strong>sição de mais terra pressio<strong>na</strong><br />

para o uso intensivo da terra disponível, contribuin<strong>do</strong> à exaustão <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais<br />

escassos. As políticas públicas legitimam a perda da diversidade cultural da agricultura<br />

e a degradação <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais ao associar<strong>em</strong>, por ex<strong>em</strong>plo, a disponibilidade de<br />

crédito à modernização <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as de cultivo, o que significa, normalmente, a<br />

simplificação das práticas por meio da a<strong>do</strong>ção de monocultivos e o uso de insumos<br />

químicos associa<strong>do</strong>s à mecanização. A proposta da AS-PTA tentou seguir um outro<br />

rumo.<br />

Na primeira fase <strong>do</strong> processo de assessoria, entre 1994 e 1996, as inovações<br />

introduzidas foram testadas <strong>em</strong> quinze propriedades, para que se pudesse avaliar o seu<br />

potencial de difusão. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s indicaram que era preciso apronfudar<br />

conhecimentos tanto sobre os cultivos e técnicas introduzi<strong>do</strong>s quanto sobre a própria<br />

região. Novos diagnósticos conduziram a mudança de estratégia. Assim, entre 1997 e<br />

1998, foram cria<strong>do</strong>s grupos de agricultores-experimenta<strong>do</strong>res. Nesta primeira fase, estes<br />

grupos foram organiza<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com certos interesses t<strong>em</strong>áticos, que podiam ser<br />

cultivos (ba<strong>na</strong><strong>na</strong>, batata etc.) ou técnicas (criação animal, fertilização <strong>do</strong>s solos etc.). A<br />

segmentação <strong>do</strong> processo de introdução de novas técnicas de acor<strong>do</strong> com os t<strong>em</strong>as <strong>do</strong>s<br />

grupos de agricultores-experimenta<strong>do</strong>res foi avaliada como negativa, pois tor<strong>na</strong>va<br />

fragmenta<strong>do</strong> e mais complica<strong>do</strong> o processo de <strong>integra</strong>ção das inovações testadas no<br />

conjunto <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as de produção. Assim, a partir de 1998, os grupos de agricultoresexperimenta<strong>do</strong>res<br />

foram reorde<strong>na</strong><strong>do</strong>s geograficamente, de acor<strong>do</strong> com as características<br />

<strong>do</strong>s agroecossist<strong>em</strong>as da região. Estas redefinições de estratégias d<strong>em</strong>onstram que o<br />

processo de participação possibilita<strong>do</strong> pelos diagnósticos, monitoramento e avaliação<br />

teve papel importante <strong>na</strong> redefinição <strong>do</strong>s rumos da intervenção.<br />

Do mesmo mo<strong>do</strong> como foi feito no centro-sul <strong>do</strong> Paraná, a intervenção no<br />

Agreste Paraibano buscou apoio <strong>em</strong> práticas que já eram conhecidas <strong>do</strong>s agricultores. O<br />

objetivo era estimular a diversidade de cultivos e recuperar o uso de variedades <strong>na</strong>tivas.<br />

Esta estratégia era combi<strong>na</strong>da com a introdução de novas espécies e variedades,<br />

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