Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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elaborações, a fome e a pobreza como probl<strong>em</strong>as a ser<strong>em</strong> enfrenta<strong>do</strong>s. Neste debate e <strong>na</strong><br />
mudança de seus rumos foi decisiva a participação de diversas organizações da<br />
sociedade civil <strong>na</strong> conferência. Foi a primeira vez que estas organizações marcaram<br />
presença <strong>em</strong> um encontro inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de grande porte.<br />
Da conferência de Estocolmo <strong>na</strong>sceu o Programa das Nações Unidas para o<br />
Meio Ambiente (PNUD), cria<strong>do</strong> logo após o evento, e surgiu a “Declaração sobre o<br />
Ambiente Humano”, <strong>do</strong>cumento que buscou institucio<strong>na</strong>lizar as <strong>na</strong>scentes d<strong>em</strong>andas<br />
éticas, de cunho ambientalista, no circuito inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de conferências das Nações<br />
Unidas e nos meios acadêmicos. A conferência foi um marco <strong>na</strong> mudança da percepção<br />
ambientalista sobre o desenvolvimento. As críticas às propostas de crescimento zero<br />
surtiram o efeito de trazer à ce<strong>na</strong> a necessidade de alter<strong>na</strong>tivas de desenvolvimento que<br />
foss<strong>em</strong> ambientalmente sustentáveis e que não aban<strong>do</strong><strong>na</strong>ss<strong>em</strong>, por completo, a idéia de<br />
promoção <strong>do</strong> progresso material aos países pobres.<br />
Com um enfoque mais econômico, mas não deixan<strong>do</strong> o argumento ambientalista<br />
de la<strong>do</strong>, foi publica<strong>do</strong>, <strong>em</strong> 1973, <strong>na</strong> Europa e nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, o livro “O negócio é<br />
ser pequeno” de E. F. Schumacher, que também argumentava sobre a necessidade de<br />
urgentes mudanças sociais <strong>em</strong> favor de novos méto<strong>do</strong>s de produção, de uma revisão nos<br />
padrões de consumo e da geração de tecnologias mais b<strong>em</strong> apropriadas às diferenças<br />
culturais das distintas sociedades e equilibradas com as leis da <strong>na</strong>tureza, como meio<br />
para humanizar os esforços <strong>em</strong> prol <strong>do</strong> desenvolvimento. 57 De acor<strong>do</strong> com Schumacher,<br />
havia necessidade urgente de rever e mudar os valores que guiavam as sociedades rumo<br />
ao desenvolvimento (HECHT, 1989, EHLERS, 1994). A busca de tecnologias de produção<br />
intermediárias ou apropriadas inspirou grupos de pesquisa<strong>do</strong>res <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />
Vários foram os centros de pesquisa cria<strong>do</strong>s para estimular o uso de tecnologias mais<br />
baratas e adaptadas à peque<strong>na</strong> escala de produção (WEBSTER, 1990).<br />
Para DIESEL (1994, p.38), <strong>na</strong>quele momento, era possível distinguir basicamente<br />
duas linhas de interpretação para a crise <strong>do</strong> modelo convencio<strong>na</strong>l de desenvolvimento<br />
econômico: “uma preocupada com o ritmo <strong>do</strong> desenvolvimento e outra preocupada com<br />
o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> desenvolvimento”. A abordag<strong>em</strong> desenvolvimentista convencio<strong>na</strong>l,<br />
baseada no crescimento econômico e <strong>na</strong> modernização, enfrentava cada vez maiores<br />
dificuldades de aceitação, principalmente nos países ricos <strong>do</strong> Norte.<br />
Também nos campos das teorias econômicas e da economia política, no fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s<br />
60 e durante toda a década de 70, houve uma profusão de eventos e publicações que<br />
propunham outros caminhos ao desenvolvimento. A análise sobre os mecanismos que<br />
perpetuavam o subdesenvolvimento <strong>do</strong>s países pobres ganhava importância nos estu<strong>do</strong>s<br />
econômicos, tanto entre os neomarxistas quanto entre os estruturalistas 58 . Ambas<br />
57<br />
Na versão brasileira, o livro ganhou um inspira<strong>do</strong> e elucidativo subtítulo: “um estu<strong>do</strong> de economia que leva <strong>em</strong><br />
conta as pessoas”.<br />
58 Neomarxismo, neste caso, se refere a releituras <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s como Marx, Lenin e Troksky haviam trata<strong>do</strong> a<br />
questão <strong>do</strong> desenvolvimento econômico <strong>em</strong> suas obras e à busca de explicações para as causas <strong>do</strong><br />
subdesenvolvimento <strong>do</strong>s países pobres. Esta revisão teve, nos anos 50, Paul Baran como um <strong>do</strong>s pioneiros (sua<br />
obra mais relevante foi “A economia política <strong>do</strong> desenvolvimento”, publicada pela primeira vez <strong>em</strong> 1957). Nos<br />
anos 60 o debate sobre as causas <strong>do</strong> subdesenvolvimento se ampliou, com destaque para trabalhos de autores<br />
como Theotônio <strong>do</strong>s Santos, Rui Mauro Marini, Vânia Bambirra, André Gunder Frank, Arghiri Emmanuel e<br />
Samir Amim, dentre outros. Os estruturalistas trabalhavam, como vimos, a partir da CEPAL e seus representantes<br />
mais significativos são, dentre outros, Raul Prebisch, Osval<strong>do</strong> Sunkel, Celso Furta<strong>do</strong>, Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> Henrique<br />
Car<strong>do</strong>so e Enzo Faletto.<br />
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